Estranho

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AMELIE avançava com passos leves, a mão firme no arco, pronta para reagir a qualquer ameaça. Cada folha sob seus pés parecia amplificar o som de seus movimentos, cada batida do seu coração ecoavam mais alto do que o vento entre as árvores. À medida que se aproximava, a mancha de sangue no chão tornava-se mais nítida, e o cheiro metálico do sangue fresco começava a invadir o ar.

Então, à frente, entre a sombra de uma árvore retorcida, ela avistou uma figura.
Era uma pessoa, muito ferida, caída no chão, suas roupas rasgadas e encharcadas de sangue. O rosto sujo e marcado, o corpo se contorcia levemente em um esforço instintivo para resistir à dor.

O cérebro de AMELIE gritava para que ela fugisse, que voltasse para a segurança de sua casa e acordasse VAELOR. Mas seu coração, aquele impulso que tantas vezes a colocara em situações arriscadas, agora a empurrava para agir.
Algo na figura ferida parecia desesperadamente humano e, ao mesmo tempo, assustadoramente frágil.
Ela respirou fundo, tentando acalmar a sua mente e os seus nervos. Aproximou-se com cautela, os olhos atentos a qualquer sinal de perigo.

- Ei - ela sussurrou, a sua voz soando mais suave do que pretendia. O estranho mal conseguia levantar a cabeça, mas um som fraco e abafado escapou dos seus lábios, um pedido de ajuda preso entre a dor.

O dilema a rasgava por dentro :
Abandonar a figura ferida ou arriscar ajudar alguém que poderia ser uma ameaça? Enquanto seus pensamentos corriam, AMELIE sabia que, no fundo, ela não seria capaz de virar as costas. Por mais que o perigo fosse real, a compaixão que VAELOR sempre admirava nela se recusava a ceder.
Ela respirou fundo mais uma vez e, deixando a mente em segundo plano, deu um passo à frente, decidida a descobrir quem era ä pessoa e o que a trouxera para aquele lugar sagrado e protegido
AMELIE se aproximou da figura ferida, guardando seu arco em um gesto que revelava sua confiança cautelosa .
Ajoelhou-se no chão, observando de perto os ferimentos. O estranho tentava falar, mas seus lábios tremiam sem conseguir emitir som. O sangue escorria pelo braço, manchando a terra de vermelho.

- O que faz aqui - AMELIE perguntou, com os olhos fixos no ferimento.
O homem, ou o que que fosse, apenas arquejou, incapaz de responder. Sem hesitar, AMELIE rasgou um pedaço de seu vestido, com mãos trêmulas de nervosismo. Pegou um galho caído próximo e, usando o pano, improvisou uma tala imbolizando o braço quebrado.
Sua mente estava em alerta lembrando-se dos ensinamentos de VAELOR sobre os primeiros socorros e como agir em situações de emergência.

- Não se mexa - ela murmurou, tentando mater a calma.

Criou um torniquete com restante do tecido, na tentativa de controlar a hemorragia. A pessoa diante dela estava à beira do desmaio, rosto pálido, AMELIE sabia que precisava agir com rapidez.

- Você consegue se levantar ? - Sua voz tinha uma urgência que ela não conseguia disfarçar. - Eu não consigo cuidar de você aqui. Preciso estancar seu sangramento, seus machucados são graves.

O medo apertava o coração de amelie, mas ela se recusava a ceder. Havia uma parte de si que gritava para voltar, para não levar o desconhecido para perto de seu lar. Mas outra parte, aquela que sempre acreditou na bondade e na empatia, a impulsionava para continuar.

- Vou te levantar - disse, mais para si mesma do que para ele, enquanto passava o braço ao redor da figura

- Apoie-se em mim.

O estranho, com os olhos semicerrados pela dor, tentou cooperar. AMELIE o envolveu com um cuidado protetor, sentindo o corpo pesado se apoiar no seu.
Com grande esforço, começou a caminhar em direção à clareira de sua casa, seu coração batendo descompassado entre o medo e a determinação.
Enquanto se aproximava da clareira, a presença familiar de VAELOR tornou-se visível entre as árvores. Ele estava à sua procura, os olhos azuis alertas e o rosto marcado por uma expressão de preocupação intensa. Ao vê-lo, AMELIE sentiu um misto de alívio e nervosismo.
VAELOR percebeu sua figura surgindo entre as árvores, a ansiedade refletida em seus olhos. O fato de ela estar acompanhada de alguém ferido parecia despertar algo nele, um instinto protetor que o fez dar um passo à frente.

Amelie, com a voz fraca pelo esforço chamou por seu nome - VAELOR....

Elvenheart ("Coração Élfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora