Pequena Flor

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Enquanto Vaelor lutava com todas as suas forças, Amelie se escondia dentro da árvore oca, tentando controlar sua respiração pesada e o pânico que tomava conta de seu coração. Os ventos sopravam inquietos, agitando as folhas ao redor e carregando sussurros da floresta que pareciam falar de ameaças invisíveis. Amelie apertava a adaga contra o peito, sentindo o frio do metal forjado por Vaelor. Era sua única defesa. Ela sabia que, de onde estava, não poderia ajudar Vaelor, e essa sensação de impotência era devastadora. Mas Amelie também sabia que precisava se manter forte, pelo bem de sua filha e pelo sacrifício que Vaelor estava fazendo para protegê-las. Enquanto se mantinha alerta, ouviu passos suaves se aproximando, o som se misturando aos sussurros da floresta.

Amelie mordeu o lábio, tentando acalmar sua mente e focar. As palavras de Vaelor ecoavam em sua memória, as lições que ele a ensinara sobre como sentir a presença de uma ameaça sem depender apenas dos olhos. Respirando fundo, ela fechou os olhos por um instante, deixando seus outros sentidos se aguçarem. Podia sentir uma presença próxima, algo que se movia entre as árvores, furtivo e ágil.

A adaga em sua mão parecia pesar mais do que nunca. Os passos ficavam mais próximos, e Amelie soube que não poderia ficar indefesa por mais tempo. Tremendo, ela levantou a adaga, tentando se preparar para o que quer que estivesse vindo. Cada segundo parecia uma eternidade, a escuridão ao seu redor era opressiva e cheia de mistérios.

Então, entre as sombras, ela viu um movimento. Amelie prendeu a respiração e preparou-se para atacar, mas hesitou ao perceber uma silhueta que parecia se mover de forma hesitante, como se procurasse algo. Era uma figura encapuzada, mas menor e mais magra do que o ser que Vaelor enfrentara.

A figura parou perto da árvore onde Amelie estava escondida, e ela ouviu um murmúrio baixo, quase inaudível:

-Onde você está, pequena flor?

Amelie apertou a adaga com mais força, pronta para se defender. O medo e a adrenalina faziam sua mente trabalhar freneticamente, tentando encontrar uma saída, uma forma de escapar.

Do outro lado, Vaelor enfrentava sua própria batalha. A criatura à sua frente, parecia alimentar-se da escuridão ao redor, recuperando forças a cada instante. Vaelor sabia que, sozinho, não poderia manter aquilo por muito mais tempo. Precisava encontrar um modo de proteger Amelie e a filha, e não deixar que o mal que caçava seu passado alcançasse o futuro que ele havia escolhido para sua família.

Naquele momento, o elfo fez um juramento silencioso de que daria tudo de si para garantir a segurança delas. A luz de seu cajado aumentou em intensidade, e ele começou a conjurar um feitiço mais poderoso, um sacrifício de energia e vitalidade que poderia custar caro a ele, mas garantiria a proteção de Amelie e sua filha.

Enquanto Vaelor e Amelie enfrentavam suas próprias batalhas, ambos sabiam que seus destinos estavam entrelaçados por um fio tênue, e que apenas juntos poderiam vencer a escuridão que tentava separá-los.

Amelie, encurralada pelo terror e cercada pelas sombras, rastejava pela árvore oca, guiada apenas pela fraca luz da lua que penetrava o tronco envelhecido. Seu corpo estava exausto, e o peso da barriga dificultava cada movimento, mas ela se obrigava a continuar, a lutar por sua vida e pela vida de sua filha.

A voz rouca e fria do perseguidor cortava o silêncio como uma lâmina, repetindo o apelido assustadoramente doce:

-Pequena flor, onde você está? -Cada palavra era um veneno que se infiltrava em sua mente, tentando quebrar sua força e sua esperança.

Amelie sentia o suor frio escorrendo pelo rosto, misturando-se às lágrimas de pavor. Ela sabia que, se ficasse paralisada pelo medo, não teria chance contra aquela presença. Precisava continuar em movimento, mesmo que seu corpo estivesse à beira do colapso.

Quando a luz da lua ficou mais clara, ela encontrou uma pequena abertura no tronco. Amelie respirou fundo e reuniu suas últimas forças para passar pela saída, arranhando os braços e as pernas, ignorando a dor enquanto se forçava a atravessar. Ao emergir do outro lado, sentiu o vento frio da noite contra seu rosto e uma breve sensação de alívio. Mas o perigo ainda estava próximo.

Ela não podia se dar ao luxo de parar e respirar. As vozes pareciam se aproximar, e ela sabia que sua única chance era continuar se movendo, encontrar uma rota de fuga. Com a adaga em mãos e o coração descontrolado, Amelie começou a correr o mais rápido que seu corpo permitia, mantendo-se abaixada e usando as sombras como proteção.

A cada passo, o medo ameaçava dominá-la, mas Amelie pensava em Vaelor, em sua promessa de protegê-la, e na filha que estava prestes a nascer. Ela não poderia desistir. A força de sua determinação era o que a mantinha em pé, enquanto corria pela floresta, lutando contra o terror que tentava sufocar sua coragem.

As vozes se tornaram mais próximas, como um sussurro sinistro que se espalhava pelo vento.

-Pequena flor, não adianta fugir… eu vou encontrá-la.- Amelie sentiu um calafrio atravessar seu corpo, mas ela se recusou a olhar para trás. Cada passo era um esforço monumental, mas seu instinto de sobrevivência e seu amor por Vaelor e pela filha davam-lhe forças que ela nem sabia possuir.

Quando o som dos passos parecia se aproximar, Amelie avistou uma clareira à frente. Uma antiga ruína, coberta por musgo e vinhas, erguia-se como um santuário de pedra entre as árvores. Sem outra opção, ela decidiu que ali seria sua melhor chance de esconder-se e recuperar o fôlego.

Ao entrar na ruína, Amelie encostou-se numa parede e pressionou a mão sobre o peito, tentando silenciar o som de sua respiração. Ela sabia que o perigo ainda a rondava, mas ali, entre as pedras antigas, ela esperava ter algum tempo para pensar, se fortalecer, e talvez encontrar um modo de sobreviver àquela noite terrível.

Com a adaga em mãos e os olhos atentos, Amelie aguardava, sabendo que cada segundo poderia ser sua última chance de escapar ou de enfrentar o monstro que a perseguia.

Amelie sentiu o pânico crescendo dentro de si, mas manteve a adaga firme, determinada a não deixar que a criatura se aproximasse. As palavras da figura sombria ecoaram em sua mente, uma ameaça que a fazia hesitar.

-Se o nosso mestre morrer, outros virão. Aquela afirmação a assombrava, e sua mente girava com a possibilidade de perder Vaelor.

-Eu não tenho medo de vocês,- ela gritou, sua voz ressoando na escuridão.

-Você pode tentar, mas eu nunca deixarei que coloquem as mãos na minha filha! -A bravura em suas palavras era mais uma fachada do que uma realidade, mas ela sabia que precisava manter a compostura, não só por si mesma, mas por sua filha e pelo amor de sua vida.

O ser sombriamente encantador inclinou a cabeça, como se considerasse suas palavras, mas a expressão dele era de pura malícia.

-Você não entende, não é? A morte do seu amado é inevitável. Ele é fraco, e você, uma simples humana, não pode protegê-lo.

Amelie sentiu o coração disparar. Era verdade que a situação parecia sombria, mas o amor que sentia por Vaelor lhe dava forças.

-Ele não é fraco! Ela gritou. -Ele é mais forte do que você jamais será!

Com um movimento rápido, o ser avançou em sua direção, e o instinto de sobrevivência de Amelie a levou a recuar. Ela procurou uma saída, mas não havia para onde ir. As sombras pareciam se fechar ao seu redor.

-Venha até mim, pequena flor, -a criatura sussurrou, sua voz como um veneno.

Em um momento de desespero, Amelie decidiu que não poderia esperar passivamente pela sua morte. Com uma determinação renovada, ela deu um passo à frente, sua adaga erguida.

-Se você quer me levar, terá que lutar por isso!-gritou ela, antes de se lançar em um ataque desesperado.

O ser desviou com um movimento ágil, rindo de sua tentativa.

-Tão patética,-ele zombou, enquanto se aproximava dela. Mas Amelie não recuou. Ela lutaria até seu último suspiro, e sua filha dependeria disso.

-Não vou deixar você machucá-la! -Ela gritou, focando toda a sua energia em um único ataque, mesmo sabendo que as chances estavam contra ela.

Com a adaga pronta, Amelie se preparou para o que viria a seguir, determinada a proteger o que mais amava, mesmo que isso significasse enfrentar suas piores pesadelos.


Elvenheart ("Coração Élfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora