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XVII. EQUILÍBRIO FRÁGIL
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤJAMES SOBE AS ESCADAS DE DOIS EM dois degraus, se perguntando o que diabos vai dizer para Regulus.
"Snape acha que estamos juntos agora, então não há necessidade de continuar com isso."
"Sirius quer que eu pare de falar com você, então vou parar."
"Não é como se houvesse realmente algo entre nós, então sem ressentimentos?"
"Foi bom assistir você dormir na ala hospitalar, mas agora vou fingir que você não existe de novo."
Em cada uma dessas possibilidades, ele consegue praticamente ouvir as respostas do outro garoto. Regulus havia pedido para que James o atualizasse sobre o que Snape disse, então usar isso como desculpa não explicaria por que não poderiam se falar mais. E se dissesse a verdade, que era totalmente por causa de Sirius, duvidava que Regulus reagiria bem ao irmão. Ele não gostaria de pensar que o melhor amigo era capaz de controlar as coisas em sua vida tão facilmente, ao ponto de lhe tirar a capacidade de decidir por si mesmo. Não que Regulus realmente quisesse continuar falando com James mais do que o necessário, mas ele não aceitaria ser impedido por princípio.
Seu coração está acelerado, batendo forte dentro do peito, e ele só pode atribuir isso à velocidade com que está atravessando o castelo, procurando qualquer sinal do sonserino. Poderia ter pego o Mapa, talvez essa fosse a única vez em que Sirius concorda em deixá-lo usar o Mapa para localizar Regulus, mas ele não pensou nisso em meio a sua pressa. Tudo o que passava por sua mente era a dúvida nos olhos de Black, o sentimento por trás das palavras e há quanto tempo ele as segurava. Ainda assim, seu coração bate tão forte agora que ele quase o ouve. E para piorar, ele não consegue encontrar Regulus. Há tantas pessoas ao redor, e ele não está em nenhum dos lugares que James pensa em procurar. Por conta disso, ele realmente considera voltar ao dormitório para pegar o Mapa quando finalmente o avista.
Regulus está andando de um lado para o outro no pátio, um lugar que James nem tinha pensado que ele poderia estar. O sol da tarde ilumina seus cabelos escuros, preenchendo-os com um calor que James notou pela primeira vez enquanto estava esticado sob as altas janelas manchadas de Madame Pomfrey, com tons de laranja e vermelho, mas que mal tinha visto desde então. Por muitos anos, James simplesmente pensou que o garoto era pálido por natureza, mas agora ele começa a pensar que isso tem mais a ver com o verde que o envolve e o confinamento regular nas masmorras.
Ele fica feliz que Regulus não o vê imediatamente, parando assim por um momento para observá-lo, para se perguntar o que as linhas de preocupação gravadas em sua testa significam. O instinto de James lhe diz que ele deveria perguntar, mas ele se lembra do que disse a Sirius e continua com a tarefa em mãos. Ele diminui o ritmo agora, sem pressa de interromper os pensamentos de Regulus ou de provocar a possibilidade de uma discussão. Ele prefere apenas apreciar os últimos momentos em que permanece despercebido, tentando acalmar o pulsar forte em seu peito e observando enquanto o sol ilumina os olhos e os cílios do mais novo, pintando seus olhos cinzentos de uma prata brilhante.
Então, ele é notado.
Seus olhares se encontram, e Regulus para imediatamente. As marcas de preocupação no rosto dele suavizam quando se vira para o moreno. James fica indeciso entre esperar onde está ou ir diretamente até Regulus. No entanto, o pátio não é o lugar ideal para conversarem. Embora ele não veja ninguém por perto, ainda consegue ouvir vozes distantes nos corredores próximos, o que aumenta a chance de serem ouvidos.
Então, ele faz um aceno de cabeça para indicar que vão se retirar e começa a andar. Ele não espera para ver se Regulus o segue, mas logo escuta os passos apressados dele o alcançando e o vê se aproximar, observando-o com curiosidade. Eles chegam perto da sala do Professor Flitwick, e James lança um último olhar pelo corredor para garantir que ninguém está os seguindo, antes de entrar e segurar a porta aberta para que Black passe.
O sol já não está mais sobre ele, e agora Regulus se parece mais com o que James sempre se lembrava. Isso torna mais fácil, ele pensa, dizer o que precisa dizer ao irmão mais novo de Sirius, ao Sonserino, a alguém que ele sempre associou ao tormento pelo qual Sirius passou. E ele sabe que não é justo colocar tudo isso em cima de Regulus, que ele é tão forçado por sua genealogia quanto Sirius, mas isso o ajuda naquele momento. James se prepara, tensiona os ombros e observa enquanto Regulus meio que o espelha, de repente agitado, e abre a boca para falar, ainda sem saber qual versão de si mesmo ele vai apresentar.
Nenhuma palavra sai, ele está atordoado.
Regulus dá um passo à frente, com os punhos cerrados ao lado do corpo, e fecha o espaço entre eles. Potter observa, hipnotizado, enquanto ele levanta o queixo e pressiona os lábios contra os seus. Seus olhos estão bem fechados e, em sua confusão, James permite que os seus também se fechem. Um som escapa dele, principalmente confusão, mas também algo mais, e antes que possa pensar melhor sobre isso, ele leva uma mão ao rosto de Regulus, percebendo que está retribuindo o beijo.
Ele não sabe quem se afasta primeiro, se foi ele, em choque, ou Regulus, com algo que ele não consegue interpretar direito. Algo no rosto dele parece surpreso também, mas há um toque de algo que Jamais ousaria chamar de satisfação. Ele tenta encontrar algo para dizer, incapaz de parar de olhar para os lábios do garoto, e ciente de que sua expressão deve ser reveladora.
— Reg, eu… Hum… O que foi isso?
— Foi… Um obrigado. — os ombros de Regulus se endireitam, e ele retorna àquela formalidade que James quase havia esquecido. — Snape diz que não sou confiável, por ter contado a você sobre a poção. Então parece que estou fora dessa, e… Bem, você disse que Lupin te afastou, então… Estamos quites agora. — ele está ficando vermelho enquanto explica, e James não consegue evitar um sorriso. Regulus está claramente desconfortável com a atenção e o olhar de James, e suas mãos coçam para alcançá-lo, para traçar o comprimento de seus braços e puxá-lo mais perto novamente, exceto que de repente, Regulus pergunta: — De qualquer forma, imagino que você queria dizer algo?
Em meio à confusão e à vergonha, ainda há um brilho de algo mais, algo excitante e tímido nos olhos de Regulus, e o estômago de James afunda ao ser trazido de volta à realidade.
— Oh. Sim, eu… hum… Acabei de dizer ao Sirius que viria terminar com você.
— Oh.
— É só que-... — ele se apressa para explicar, mas para abruptamente, percebendo que não pode contar a Regulus tudo o que Sirius acabara de lhe dizer, que Regulus não entenderia mesmo se o fizesse.
— Entendo.
— Reg… — James está tentando desesperadamente lembrar todas as coisas que pensou em dizer a Regulus, buscando aquela que tornaria tudo isso mais palatável, que o faria parecer menos idiota. Porque mesmo que Regulus tenha apenas o beijado porque ele mencionou a situação com Remus antes, e que assim estavam quites, isso não muda o fato de que James claramente estivera falando dele para Sirius, e isso é tão ofensivo quanto qualquer outra coisa que o grifinório pudesse dizer. Se Regulus tem algum desejo de falar mais sobre o assunto, ele não demonstra. Em vez disso, ele mexe nas mangas e evita o olhar de James por um momento mais longo antes de dizer.
— Como eu disse, estamos quites agora. Te vejo por aí, Potter.
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OF PINSTRIPES AND POTIONS ㅡ starchaser
Fanfictionㅤ❝Quando James acorda, sua cabeça está latejando. Ele não se lembra de ter bebido nada, mas supõe que deve tê-lo feito, porque parece que levou um balaço bem no meio dos olhos. Ele nunca foi de ficar de ressaca, mas sabe que é assim que deveria ser...