A manhã chegou rápida, trazendo consigo uma luz pálida que atravessava a janela e se espalhava pelo pequeno quarto em que Lyle se encontrava. O colchão era mais macio do que qualquer um que já tinha conhecido, e o silêncio ali era diferente, mais denso, quase inquietante.
Piscou algumas vezes, como se precisasse se lembrar de onde estava, e não dentro da cela fria que o aprisionara por tanto tempo.
Liberdade... A palavra parecia reverberar no ar, mas ainda lhe parecia estranha, distante.
── Ei, Lyle. ── A voz suave de sua prima veio acompanhada de um leve cutuco em seu ombro.
Ele abriu os olhos lentamente, precisando de um instante para se situar. Ainda era estranho estar em um quarto verdadeiro, com lençóis macios e paredes livres de frieza opressiva.
Encontrou o rosto de Anamaria, um sorriso acolhedor no canto de seus lábios.
── Bom dia. Achei que você gostaria de tomar café antes que esfrie ── disse ela, a gentileza natural em seu tom.
Lyle coçou levemente os olhos, se ajeitando na cama.
── Ah, sim, sim... claro. ── Deu um breve sorriso, a voz ainda sonolenta, como se precisasse de mais alguns segundos para compreender onde realmente estava.
Ele se levantou com certa hesitação, sentindo o toque do chão frio nos pés descalços. A simplicidade do momento parecia quase surreal; o cheiro de café fresco que vinha do corredor, o som suave de Anamaria se afastando.
Sem muita pressa, ele desceu as escadas e seguiu sua prima até a cozinha. Erik já estava lá, sentado à bancada, com uma xícara de café entre as mãos e um olhar tranquilo, quase alheio. Na bancada, uma cesta de pães de sal e pães de queijo perfumava o ambiente, enquanto, ao lado, um prato trazia pequenos bolinhos de cenoura cobertos por uma fina camada de calda de chocolate.
── Bom dia. ── A voz do irmão mais novo ainda era um pouco rouca.
Lyle se aproximou, lançando um sorriso meio divertido, e bagunçou os cabelos ligeiramente ondulados do irmão, que resmungou em protesto, mas sem conseguir conter o sorriso. Era um gesto simples, mas parecia carregar uma familiaridade preciosa – uma daquelas pequenas conexões que nem o tempo dentro da prisão havia conseguido apagar.
Ele se sentou no banquinho ao lado do irmão, pegando uma xícara disponível e servindo-se de um pouco de café. Observou o vapor subir da bebida, aquecendo suas mãos, enquanto deixava o aroma familiar preencher o ar ao seu redor. Por um instante, ele se permitiu relaxar, sentindo o aconchego silencioso que a companhia de Erik e Anamaria e o toque de uma rotina tranquila lhe traziam.
── Ah, aproveitando que vocês dois já acordaram. ── Anamaria começou, pegando um pão de queijo e lançando um olhar observador para os dois. ── Tem bastante gente da família que querem ver vocês. Alguns perguntaram se poderiam vir hoje, mas eu disse que falaria com vocês dois primeiro.
Lyle trocou um breve olhar com Erik, ponderando a ideia. Por mais que sentisse um certo alívio em saber que ainda havia familiares dispostos a acolhê-los, a perspectiva de reencontrar tantas pessoas ao mesmo tempo parecia, no mínimo, esmagadora.
── Por mim, tudo bem. ── Erik respondeu, engolindo o pedacinho de pão que estava comendo e lançando um olhar para Lyle, esperando a resposta do irmão mais velho.
── Por mim também. ── Lyle murmurou, dando um gole breve no café e esboçando um sorriso tranquilo, embora sentisse o nervosismo crescer internamente. A ideia de rever todos aqueles rostos familiares trazia uma alegria discreta, mas também uma apreensão. Eles os visitavam toda semana, é verdade, mas não era a mesma coisa. Agora, esses encontros não seriam limitados a conversas vigiadas e despedidas apressadas.
A manhã passou de maneira serena, marcada por conversas leves e alguns momentos de silêncio que, de certo modo, acalmavam os pensamentos de Lyle e Erik. Quando a tarde finalmente chegou, as vozes do lado de fora começaram a preencher o ambiente com uma familiaridade quase esquecida.
Andy apareceu primeiro, trazendo seu sorriso largo e um abraço forte que parecia apertar as incertezas para longe. Logo em seguida, a tia Joan entrou, seguida pela filha, uma prima com quem Lyle e Erik mal haviam convivido antes da prisão. Não muito depois, alguns outros familiares e amigos da família chegaram.
A sala logo se encheu de risadas, um contraste ao espaço tranquilo daquela manhã. Os parentes evitavam falar muito sobre fragmentos de boas lembranças da infância e adolescência de ambos, sabendo que isso poderia desencadear à eles as lembranças conturbadas de tudo o que havia acontecido com eles.
Lyle observava a cena em silêncio, com um misto de nervosismo e alívio. Talvez ainda fosse difícil se sentir totalmente à vontade, mas a presença de cada um deles fazia parecer que, aos poucos, tudo voltaria ao seu lugar.
── Ei, Lyle. ── chamou uma antiga amiga da família, enquanto ele observava as conversas ao redor.
── Hm, sim? ── Ele caminhou até ela, curioso.
── Eu ouvi você falando sobre... terapia, não muito antes. ── Ela hesitou por um momento, cuidadosa ao escolher as palavras. ── Acho que tenho uma recomendação que poderia ser boa para você.
Lyle arqueou as sobrancelhas, demonstrando interesse.
── É a Dra. Beatrice Kasper. Pode perguntar a qualquer pessoa que já fez uma sessão com ela; todos dizem que ela é incrível no que faz. ── Ela entregou-lhe um cartão de visita, com o número e informações da psicóloga mencionada.
Lyle assentiu levemente, ponderando. O nome da terapeuta não lhe parecia familiar, mas a ideia de buscar ajuda, finalmente, soava quase como uma promessa silenciosa de mudança. Ao olhar para a amiga, deu um sorriso discreto, carregado de uma gratidão contida.
"Bom... talvez essa recomendação possa o primeiro passo para dar sentido ao caos que eu carrego." ─ Pensou.
✦ eis aqui o segundo capítulo de 'pookie', leitores de 'theater' pfvr nao fiquem bravos comigo 😭
✦ hoje não tenho mto pra falar, só gostaria de saber o que estão achando da história até aqui. Sei que ainda tem mto pouca coisinha, mas mesmo assim, quero saber o que estão achando 🫶🏻
✦ bom, é isso. Até o próximo capítulo 💗
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𝗽𝗼𝗼𝗸𝗶𝗲 ✦ 𝗅𝗒𝗅𝖾 𝗆𝖾𝗇𝖾𝗇𝖽𝖾𝗓
Hayran Kurgu[em andamento · comfortfic] "─ Pookie? Quem seria Pookie, Lyle? ─ Um dos meus ursinhos de pelúcia. Você se parece com ele... ou ela, me desculpe, não pensei nisso." Onde Lyle Menendez, após cumprir sua sentença na prisão, precisa tratar de sua saúd...