Capitulo 14

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Simone eleva os olhos para mim.

— Ela sabe que está aqui e que está viva. Mandei uma mensagem pelo Rodrigo. — Ela diz com certa ironia.

OH, não. Recordo de sua ardente dança ontem, tirando proveito de todos os seus movimentos, exclusivamente, para seduzir o irmão de Simone Tebet, nada menos. O que vai pensar sobre eu estar aqui? Nunca passei uma noite fora de casa. Está ainda com o Rodrigo. Ela só fez algo assim duas vezes, e nas duas vezes, foi meio doido para eu aguentar o espantoso pijama cor de rosa durante uma semana quando terminaram. Ela vai pensar que eu também transei com Simone.

Simone me olha impaciente. Veste uma camisa branca de linho, com os três primeiros botões e os punhos desabotoados.

— Sente-se.  — Ordena, assinalando para a mesa.

Cruzo a sala e me sento na frente dela, como me indicou. A mesa está cheia de comida.

— Não sabia do que você gosta, assim pedi um pouco de tudo.

Dedica-me um meio sorriso, como desculpa.

— É uma esbanjadora — murmuro atrapalhada pela quantidade de pratos, embora tenha fome.

— Eu sou — diz em tom culpado.

Opto por panquecas, xarope de arce, ovos mexidos e bacon. Simone tenta ocultar um sorriso, enquanto volta o olhar a sua panqueca. A comida está deliciosa.

— Café? — ela pergunta-me.

— Sim, por favor.

Estende um pequeno bule cheio de Flat White. Ela lembrou do café que eu gosto.

—Está com o cabelo muito molhado.

— Não encontrei o secador — sussurro incômoda. Não o procurei.

Simone aperta os lábios, mas não diz nada.

— Obrigada pela roupa.

— É um prazer, Soraya. Esta cor te cai muito bem.

Ruborizo-me e olho fixamente para meus dedos.

— Sabe? Deveria aprender a receber galanteios — ela me diz em tom fustigante.

— Deveria te dar um pouco de dinheiro pela roupa.

Ela me olha como se estivesse ofendendo-a. Sigo falando.

— Já me deu os livros, que não posso aceitar, é obvio. Mas a roupa... Por favor, me deixe pagar por isso — digo tentando convencê-la com um sorriso.

— Soraya, eu posso fazer isso, acredite.

— Não se trata disso. Por que teria que comprar esta roupa?

— Porque posso.

Seus olhos despedem um sorriso malicioso.

— O fato de que possa não implica que deva — respondo tranquilamente.

Ela me olha elevando uma sobrancelha, com olhos brilhantes, e de repente me dá a sensação de que estamos falando de outra coisa, mas não sei do que. E isso me recorda...

— Por que me mandou os livros, Simone? — pergunto-lhe em tom suave.

Deixa os talheres e me olha fixamente, com uma insondável emoção ardendo em seus olhos. Maldita seja... Ela me seca a boca.

   — Bom, quando o ciclista quase te atropelou... e eu te segurava em meus braços e me olhava dizendo: "me beije, me beije, Simone"...  — Ela encolhe os ombros. — Bom, acreditei que te devia uma desculpa e uma advertência. — Passou uma mão pelo cabelo. — Soraya, eu não sou uma mulher de flores e corações. Não me interessam as histórias de amor. Meus gostos são muito peculiares. Deveria te manter afastada de mim. — Fecha os olhos, como se negasse a aceitá-lo. — Mas há algo em ti que me impede de me afastar.

Fifty Shades of TebetOnde histórias criam vida. Descubra agora