Capitulo 4

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Meu coração está disparado. O elevador chega ao andar térreo, e eu desço assim que as portas se abrem, tropeçando mais uma vez, mas felizmente não caindo de bruços no chão de arenito imaculado. Eu corro para as largas portas de vidro, e por fim estou livre no tonificante, limpo, ar úmido de Seattle. Levantando meu rosto, eu dou boas-vindas à fresca chuva refrescante. Eu fecho meus olhos e tomo uma profunda e purificante respiração, tentando recuperar o que resta de meu equilíbrio.  

Nenhuma mulher jamais me afetou desse modo como Simone Tebet o fez, e eu não posso entender o porquê.  

É sua aparência? Sua civilidade? Sua Riqueza? Seu Poder? Eu não entendo minha reação irracional.  

Eu dou um suspiro enorme de alívio. O que em nome dos céus foi tudo aquilo? Eu me inclino contra uma das colunas de aço do edifício, e valentemente tento me acalmar e juntar meus pensamentos. Eu agito minha cabeça. Puta merda, o que foi aquilo? Meu coração estabiliza, voltando ao seu ritmo regular, e eu posso respirar normalmente de novo. Eu me dirijo ao meu carro.  

Quando eu deixo os limites da cidade para trás, eu começo a me sentir tola e envergonhada, quando eu reproduzo a entrevista em minha mente. Certamente, eu estou reagindo a algo que está em minha imaginação. Certo, então ela é muito atraente, confiante, autoritária, à vontade consigo mesma, mas por outro lado, ela é arrogante, e por todos os seus modos impecáveis, ela é ditadora e fria. Bem, pelo menos à primeira vista.  

Um arrepio involuntário percorre minha espinha. Ela pode ser arrogante, entretanto ela tem o direito de ser, ela conseguiu tanto em uma idade tão jovem. Ela não suporta os imbecis, mas por que ela deveria? Novamente, eu estou irritada por Leila não me dar uma breve biografia dela.  

Enquanto cruzo ao longo da I-5, minha mente continua a vagar. Eu estou perplexa por existir gente tão empenhada em triunfar. Algumas de suas respostas eram tão enigmáticas, como se ela tivesse uma agenda oculta. As perguntas de Leila... ufa! A adoção e a pergunta se ela é gay! Eu estremeço. Eu não posso acreditar que eu disse aquilo. Que o chão, me engula agora!  Toda vez que eu pensar sobre esta pergunta no futuro, eu vou ficar corada de vergonha. Maldita Leila Barros!  

Eu verifico o velocímetro. Eu estou dirigindo mais cautelosamente do que eu estaria em qualquer outra ocasião. E eu sei que é a lembrança de dois olhos escuros penetrantes olhando para mim, e uma voz dura dizendo-me para dirigir cuidadosamente. Agitando minha cabeça, eu percebo que Tebet está mais para uma mulher com o dobro de sua idade.  

Esqueça isto, Soraya, eu ralho comigo mesmo. Eu chego à conclusão que isto foi uma experiência muito interessante, mas eu não deveria insistir nisto. Deixe isto para trás.  Eu nunca vou vê-la novamente. Eu fico imediatamente alegre pelo pensamento. Eu ligo o play do MP3 e giro o volume bem alto, me encosto, e ouço o estrondoso rock alternativo quando eu pressiono o acelerador.  

Quando eu atinjo a I-5, eu percebo que eu posso dirigir tão rápido quanto eu quero.  

Nós vivemos em uma pequena comunidade de apartamentos dúplex em Vancouver, Washington, perto do campus de Vancouver da WSU. Eu tenho sorte dos pais de Leila terem comprado um lugar para ela, e eu pago com amendoins pelo aluguel. Isto já faz uns quatro anos. Quando eu desligo o carro, eu sei que a Leila vai querer que eu conte tim-tim por tim-tim da entrevista, ela é tenaz. Bem, pelo menos ela tem o mini gravador. Espero que eu não tenha que elaborar muito além do que foi dito durante a entrevista.  

— Soraya! Você voltou. — Leila está sentada em nossa sala de estar, cercada por livros. Ela está claramente estudando para as provas finais, entretanto ela ainda está de pijamas de flanela rosa, decorado com coelhinhos fofinhos, aqueles que ela reserva quando acaba com um namoro, quando está doente, e quando está deprimida em geral. Ela pula em cima de mim e me abraça apertado.  

Fifty Shades of TebetOnde histórias criam vida. Descubra agora