Capitulo 17

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— Quer tomar uma taça? — Perguntou.

Pisquei. Depois do que se passou ontem? Está de brincadeira ou o que? Por um segundo pensei em lhe pedir uma marguerita, mas não me atrevi.

— Eu tomarei uma taça de vinho branco. Você quer uma?

— Sim, obrigada. — Murmurei.

Sentia-me incômoda neste enorme salão. Aproximei-me da parede de cristal e me dei conta de que a parte inferior do painel se abria a sacada em forma de acordeão. Abaixo se via Seattle, iluminada e animada. Volto para a área da cozinha, demorei uns segundos, porque estava muito longe da parede de cristal, onde Simone abria um vinho. Retirou sua jaqueta.

— Acha que está bem um Pouily Fumei?

— Não tenho a menor ideia sobre vinhos, Simone. Estou certa de que será perfeito.

Falei em voz baixa e entrecortada. Meu coração batia muito depressa. Queria sair correndo. Isto era luxo de verdade, de uma riqueza exagerada, tipo Bill Gates.

O que estava fazendo aqui? Sabia muito bem o que estava fazendo aqui, logrou meu subconsciente. Sim, quero ir para cama com Simone Tebet.

— Toma. — Disse ao estender uma taça de vinho.

Até as taças são luxuosas, de cristais grossos e muito modernos. Tomei um gole. O vinho era ligeiro, fresco e delicioso.

— Você está muito quieta, e nem mesmo está corada. A verdade é que acredito que nunca te vi tão pálida, Soraya. — Murmurou. — Está com fome?

Neguei com a cabeça. Não de comida.

— Que casa tão grande.

— Grande?

— Grande.

— É grande. — Admitiu com um olhar divertido.

Tomei outro gole do vinho.

— Sabe tocar? — Perguntei apontando para o piano.

— Sim.

— Bem?

— Sim.

— Claro, como não. Há algo que não faça bem?

— Sim... umas duas ou três coisas.

Tomou um gole de vinho sem tirar os olhos de cima de mim. Sinto que seu olhar me seguia quando me virei e olhei o imenso salão. Mas não deveria chamar-lhe "salão".

Não é um salão, a não ser uma declaração de princípios.

— Quer sentar?

Concordei com a cabeça. Agarrou minha mão e me levou ao grande sofá de cor nata. Enquanto me sentava, surgiu a ideia de que pareço Tess Durbeyfield observando a nova casa do notário Alec d'Urbervile. A ideia me fez sorrir.

— O que te parece tão divertido?

Estava sentada ao meu lado, me olhando. Descansava a cabeça sobre a mão direita e o cotovelo estava apoiado na parte de trás do sofá.

— Por que me deu de presente precisamente Tess, de D'Urberville? — Perguntei-lhe.

Simone me olhou fixamente um momento. Acredito que lhe surpreendeu minha pergunta.

— Bom, disse-me que gostava de Thomas Hardy.

— Só por isso?

Até eu sou consciente de que minha voz soava decepcionada. Apertou os lábios.

Fifty Shades of TebetOnde histórias criam vida. Descubra agora