Capitulo 11

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Eu abaixo minha caneta. Acabei.  Meu exame final acabou. Eu sinto o sorriso do gato de Cheschire se espalhar pelo meu rosto. Provavelmente esta é a primeira vez, esta semana, que eu sorrio.  É sexta-feira, e nós iremos celebrar hoje à noite, realmente celebrar. Acho que irei ficar realmente bêbada. Eu nunca fiquei bêbada antes. Eu olho o pavilhão esportivo procurando por Leila e ela ainda está escrevendo furiosamente, cinco minutos antes de acabar. É isso, o fim da minha vida acadêmica. Nunca mais eu irei sentar em fileiras de ansiedade, isolada, como uma estudante. Por dentro estou fazendo piruetas, sabendo perfeitamente que é o único lugar onde posso fazê-las graciosamente. Leila para de escrever e larga a caneta. Ela procura por mim e eu vejo o seu sorriso do gato de Alice, também. 

Nós voltamos para casa em seu Mercedes, nos recusando a discutir a prova final. Leila está mais preocupada com o que irá usar esta noite. E eu estou ocupada procurando pelas chaves na minha bolsa. 

 — Soraya, tem um pacote para você!  

 Leila está parada nos degraus em frente à porta, com um pacote na mão. Estranho. Eu não fiz nenhum pedido ultimamente na Amazon. 

Leila me entrega o pacote e pega as chaves para abrir a porta da frente. Está endereçado a Senhorita Soraya Thronicke. Não há endereço ou nome de quem enviou. Talvez seja da minha mãe ou de Ray. 

— Provavelmente deve ser dos meus pais. 

— Abra! — Leila diz, excitada, enquanto se dirige até a cozinha para pegar nosso “Champagne de comemoração de exames finais”. 

Eu abro o pacote e dentro eu acho uma caixa dourada com três livros semi parecidos, recobertos com um pano antigo, cheirando a hortelã e um cartão branco. Escrito nele, com uma letra cursiva e negra, está: 

“Por que você não me avisou que havia perigo? Porque você não me avisou? As damas sabem contra o que devem se proteger, porque há romances que contam sobre esses truques.” 

Eu reconheço a citação de Tess of the D´Urbervilles. Eu estou pasma com a ironia de que eu passei três horas escrevendo sobre a novela de Thomas Hardy no meu exame final. Talvez não haja ironia, talvez seja deliberado. Eu inspeciono os livros mais de perto, os três volumes. Eu abro a primeira contracapa. Escrito em uma letra antiga está:  

‘London: Jack R. Osgood, McIlvaine and Co., 1891.’ 

Puta merda! São as primeiras edições! Eles devem ter custado uma fortuna e eu sei, quase que mediatamente, quem os mandou. Leila esta recostada nos meus ombros olhando os livros. Ela pega o cartão. 

— Primeira edição. — Eu sussurro. 

— Não! — os olhos de Leila estão abertos com descrença. — Tebet? 

Eu confirmo. 

— Não consigo pensar em mais ninguém.  

— O que significa o que está escrito no cartão? 

— Eu não faço nenhuma ideia. Eu acho que é um aviso. Honestamente ela vive me alertando.  Eu não faço ideia do por que. Não é como se eu estivesse tentando derrubar a porta dela. — Eu franzo a testa.  

— Eu sei que você não quer falar sobre ela, Soraya, mas ela está seriamente interessada em você. Com ou sem avisos.

Eu não deixei de pensar em Simone Tebet na última semana. Está bem ... Então seus olhos escuros continuam assombrando meus sonhos e eu sei que vai levar uma eternidade para expurgar a sensação de estar em seus braços e esquecer seu cheiro. Por que ela me mandou isso?

Ela me disse que eu não era para ela. 

— Eu achei um Tess primeira edição para vender em Nova York por $14.000,00. Mas o seu está em melhores condições. Deve ter sido mais caro. — Leila estava consultando seu bom amigo Google.

— Esta citação, Tess fala para sua mãe depois que Alex D´Urberville a seduz.

— Eu sei.

Leila fica inspirada. — O que ela está tentando te dizer?

— Eu não sei e eu não me importo. Eu não posso aceitar isso dela. Eu vou mandá-los de volta com alguma citação desconcertante de alguma parte obscura do livro.

— A parte em que Angel Clare diz foda-se? — Leila pergunta com a cara mais sonsa do mundo.

— Sim, esta parte. — Eu rio. Eu amo Leila, ela é leal e sempre me apoia. Eu embrulho os livros e os deixo na mesa de jantar. Leila me dá uma taça de champagne.

— Ao final dos exames e a uma nova vida em Seattle. — Ela sorri.

— Ao fim dos exames, nossa nova vida em Seattle e aos excelentes resultados que teremos! — Nós brindamos e bebemos. 

O bar estava barulhento e agitado, cheio de futuros formandos prontos para ficarem imprestáveis. Carlos se juntou a nós. Ele só se formará daqui a um ano, mas ele está no clima de comemorar e nos ajuda a entrar no espírito de nossa nova liberdade pagando margaritas para todos nós. Enquanto eu bebo a minha quinta, percebo que talvez não seja uma boa ideia misturá-la com champagne. 

 — E agora Soraya? — Carlos grita para que eu posso ouvi-lo com todo o barulho. 

— Eu e Leila estamos nos mudando para Seattle. Os pais dela compraram um apartamento em um condomínio fechado para ela. 

— Dios Mio! Como a outra parte vive! Mas você vai vir para minha exposição? 

— Claro que sim, Carlos, eu não perderia por nada do mundo! — Eu sorrio e ele coloca seu braço em meus ombros e me puxa para perto. 

— Vai significar muito para mim Soraya se você estiver lá. — Ele sussurra em minha orelha. — Mais uma margarita? 

— Carlos César Batista, você está tentando me deixar bêbada? Porque eu acho que está funcionando. — Eu rio — Eu acho melhor beber uma cerveja. Eu vou pegar uma jarra para nós. 

— Mais bebida Soraya! — Leila grita. 

Leila tem a constituição de um touro. Ela está com seu braço jogado em Levi, um dos quatro estudantes ingleses que estudaram conosco e seu fotógrafo costumeiro do jornal dos estudantes.  Ele desistiu de tirar fotos da bebedeira ao seu redor. Ele tem olhos apenas para Leila. Ela está com uma camiseta de seda, tipo baby-doll, jeans justos e saltos altos, cabelos para cima, com alguns fios descendo por seu rosto, como gavinhas, deslumbrante como sempre. Eu, por outro lado, sou mais uma garota de usar all-star, jeans e camiseta, mas eu estou usando a minha melhor calça jeans. Eu saio do abraço de Carlos e vou para a mesa. Opa. Sinto minha cabeça rodar. Eu tenho de segurar nas costas da cadeira. Coquetéis a base de tequila não são uma boa ideia. 

Eu vou para o bar e decido que é melhor ir ao banheiro já que ainda estou de pé. “Bem pensado, Soraya”. Eu cambaleio para fora da multidão. Claro, há uma fila, mas ao menos está quieto e fresco no corredor. Eu pego meu celular para aliviar a espera tediosa da fila. Humm para quem eu liguei por último? Será que foi para Carlos? Antes disso há um número que eu não reconheço. Ah sim. Tebet, eu acho que este é o número dela. Eu rio. Eu não faço ideia de que horas são, talvez eu a acorde. Talvez ela possa me dizer por que me mandou os livros e aquela mensagem misteriosa. Se ela deseja que eu me mantenha afastada, ela deveria me deixar em paz. Eu contenho um soluço bêbado e aperto o botão para chamar o número dela de novo.  

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Por que choras mulherdoSnape9 ?
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Fifty Shades of TebetOnde histórias criam vida. Descubra agora