Quando eu acordo, ainda está escuro. Não tenho nem ideia de quanto tempo eu dormi.
Estiro as pernas debaixo do edredom e me sinto dolorida, deliciosamente dolorida. Não vejo Simone em nenhum lugar. Sento na cama e contemplo a cidade à minha frente. Há menos luzes acesas nos arranha-céus e o amanhecer já se insinua. Ouço música. As notas cadenciadas do piano. Um doce e triste lamento. Bach, eu acredito, mas não estou segura. Jogo o edredom de lado e me dirijo sem fazer ruído, pelo corredor que leva ao grande salão.
Simone está sentada ao piano, totalmente absorta na melodia que está tocando. Sua expressão é triste e desamparada, como a música. Toca maravilhosamente bem. Apoio-me na parede da entrada e escuto encantada. É uma música extraordinária. Está com o corpo banhado na cálida luz de um abajur solitário junto ao piano. Como o resto do salão está escuro, parece isolada em seu pequeno foco de luz, intocável... sozinha, em uma bolha.
Avanço para ela em silencio, atraída pela sublime e melancólica música. Estou fascinada. Observo seus compridos e hábeis dedos percorrendo e pressionando suavemente as teclas, e penso que esses mesmos dedos percorreram e acariciaram com destreza meu corpo. Ruborizo-me ao pensá-lo, sufoco um grito e aperto as coxas. Simone levanta seus insondáveis olhos escuros com expressão indecifrável.
— Desculpe — eu sussurro. — Não queria incomodar você.
Ela franze ligeiramente o cenho.
— Certamente, eu deveria estar dizendo isso para você — ela murmura. Deixa de tocar e apoia as mãos nas pernas.
De repente, me dou conta de que estava vestida com um pijama. Ela passa os dedos pelo cabelo e se levanta.
Ah tão sexy... oh, meu Deus. Minha boca está seca quando rodeia tranquilamente o piano e se aproxima de mim. Ela tem os seios fartos e os quadris estreitos. É impressionante...
— Devia estar na cama — ela adverte-me.
— Um tema muito bonito. Bach?
— A transcrição é de Bach, mas originariamente é um concerto para oboé do Alessandro Marcello.
— Precioso, embora muito triste, uma música muito melancólica.
Ela esboça um meio sorriso.
— Para cama — ordena-me. — Pela manhã você estará esgotada.
— Eu acordei e você não estava.
— Tenho dificuldade para dormir. Não estou acostumada a dormir com alguém — ela murmura. Eu não consigo discernir qual é seu estado de ânimo. Parece um pouco desanimada, mas é difícil de saber, por causa da escuridão. Talvez se deva ao tom do tema que estava tocando. Rodeia-me com um braço e me leva carinhosamente para o quarto.
— Quando começou a tocar? Toca muito bem.
— Aos seis anos.
— Oh. — Simone aos seis anos... tento imaginar a imagem de uma pequena menina de cabelo preto e olhos jabuticaba, e meu coração derrete... Uma menina de cabelos alvoroçados, que gosta de música incrivelmente triste.
— Como se sente? — pergunta-me já de volta no quarto. Ela liga uma luminária.
— Estou bem.
Nós duas olhamos para a cama ao mesmo tempo. Os lençóis estão manchados de sangue, como uma prova de minha virgindade perdida. Ruborizo-me, embaraçada e jogo o edredom por cima.
— Bem, a senhora Jones terá algo no que pensar — Simone resmunga na minha frente. Coloca a mão debaixo do meu queixo, levanta-me o rosto e me olha fixamente. Observa-me com olhos intensos. Instintivamente, eu estico a mão, de forma que meus dedos passem pelo seu peito. Quero sentir os seus seios, mas, imediatamente, dá um passo atrás.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fifty Shades of Tebet
FanficQuando Soraya Thronicke entrevista a jovem empresária Simone Tebet, descobre nela uma mulher atraente, brilhante e profundamente dominadora. Ingênua e inocente, Soraya se surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Tebet, está de...