Capitulo 21

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Quando eu acordo, ainda está escuro. Não tenho nem ideia de quanto tempo eu dormi.  

Estiro as pernas debaixo do edredom e me sinto dolorida, deliciosamente dolorida. Não vejo Simone em nenhum lugar. Sento na cama e contemplo a cidade à minha frente. Há menos luzes acesas nos arranha-céus e o amanhecer já se insinua. Ouço música. As notas cadenciadas do piano. Um doce e triste lamento. Bach, eu acredito, mas não estou segura.  Jogo o edredom de lado e me dirijo sem fazer ruído, pelo corredor que leva ao grande salão.  

Simone está sentada ao piano, totalmente absorta na melodia que está tocando. Sua expressão é triste e desamparada, como a música. Toca maravilhosamente bem. Apoio-me na parede da entrada e escuto encantada. É uma música extraordinária. Está com o corpo banhado na cálida luz de um abajur solitário junto ao piano. Como o resto do salão está escuro, parece isolada em seu pequeno foco de luz, intocável... sozinha, em uma bolha.  

 Avanço para ela em silencio, atraída pela sublime e melancólica música. Estou fascinada. Observo seus compridos e hábeis dedos percorrendo e pressionando suavemente as teclas, e penso que esses mesmos dedos percorreram e acariciaram com destreza meu corpo. Ruborizo-me ao pensá-lo, sufoco um grito e aperto as coxas. Simone levanta seus insondáveis olhos escuros com expressão indecifrável. 

  — Desculpe — eu sussurro. — Não queria incomodar você. 

  Ela franze ligeiramente o cenho. 

 — Certamente, eu deveria estar dizendo isso para você — ela murmura. Deixa de tocar e apoia as mãos nas pernas. 

  De repente, me dou conta de que estava vestida com um pijama. Ela passa os dedos pelo cabelo e se levanta.  

Ah tão sexy... oh, meu Deus. Minha boca está seca quando rodeia tranquilamente o piano e se aproxima de mim. Ela tem os seios fartos e os quadris estreitos. É impressionante... 

  — Devia estar na cama — ela adverte-me. 

— Um tema muito bonito. Bach? 

 — A transcrição é de Bach, mas originariamente é um concerto para oboé do Alessandro Marcello. 

  — Precioso, embora muito triste, uma música muito melancólica. 

  Ela esboça um meio sorriso. 

  — Para cama — ordena-me. — Pela manhã você estará esgotada. 

  — Eu acordei e você não estava. 

 — Tenho dificuldade para dormir. Não estou acostumada a dormir com alguém — ela murmura. Eu não consigo discernir qual é seu estado de ânimo. Parece um pouco desanimada, mas é difícil de saber, por causa da escuridão. Talvez se deva ao tom do tema que estava tocando. Rodeia-me com um braço e me leva carinhosamente para o quarto. 

  — Quando começou a tocar? Toca muito bem. 

  — Aos seis anos. 

— Oh. — Simone aos seis anos... tento imaginar a imagem de uma pequena menina de cabelo preto e olhos jabuticaba, e meu coração derrete... Uma menina de cabelos alvoroçados, que gosta de música incrivelmente triste. 

  — Como se sente? — pergunta-me já de volta no quarto. Ela liga uma luminária. 

  — Estou bem. 

 Nós duas olhamos para a cama ao mesmo tempo. Os lençóis estão manchados de sangue, como uma prova de minha virgindade perdida. Ruborizo-me, embaraçada e jogo o edredom por cima. 

— Bem, a senhora Jones terá algo no que pensar — Simone resmunga na minha frente. Coloca a mão debaixo do meu queixo, levanta-me o rosto e me olha fixamente. Observa-me com olhos intensos. Instintivamente, eu estico a mão, de forma que meus dedos passem pelo seu peito. Quero sentir os seus seios, mas, imediatamente, dá um passo atrás. 

Fifty Shades of TebetOnde histórias criam vida. Descubra agora