38 - Max Verstappen

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"Você é a primeira e a última coisa que vem à minha mente

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"Você é a primeira e a última coisa que vem à minha mente."

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A corrida estava chegando ao clímax, e o pit lane parecia respirar ao ritmo acelerado dos motores. Eu estava concentrada, ajustando e recalculando parâmetros em tempo real, cada variável uma tentativa de compensar o que quer que estivesse fora do lugar. Max era um piloto fenomenal, mas, no rádio, ele soava como uma tempestade prestes a estourar. E, naquele momento, ele era uma combinação de puro talento e pura frustração.

— Droga, Sn! O que vocês fizeram com esse carro? Tá impossível de guiar! — A voz de Max reverberou pelo rádio, carregada de raiva e decepção, quase como uma acusação pessoal. — Vocês realmente querem ganhar esse campeonato ou só estão brincando com o meu tempo?

A equipe inteira congelou por um segundo, cada membro trocando olhares tensos. Eu sentia a responsabilidade pesada nos ombros, mas a adrenalina e o orgulho me impediram de ceder. Mantive a voz firme e controlada, mas senti a tensão vibrar na minha garganta.

— Max, o carro está respondendo dentro do esperado. Talvez, se você parar de lutar com o volante e se ajustar, consiga tirar o melhor dele.

A resposta veio rápida e cortante, com aquela risada seca que ele soltava quando estava no limite, quase como uma lâmina afiada.

— Se ajustar? Sério? Eu tô pilotando feito louco aqui enquanto você tá aí sentada, mandando dicas ridículas. Se o carro estivesse em boas condições, eu não precisaria ouvir suas "sugestões". Eu só preciso que você faça seu trabalho, Sn.

O sangue ferveu nas minhas veias, mas o controle era crucial ali. Sabia que ele estava pressionado, mas não ia deixar isso passar tão fácil.

— E eu só preciso que você pilote, Verstappen, ao invés de bancar a diva reclamona. Esse carro não vai pilotar sozinho. Ou você domina ele, ou deixa pra próxima corrida.

Por um momento, houve um silêncio no rádio. A troca de palavras tinha sido curta, mas suficiente para que todos na equipe parassem o que estavam fazendo e se concentrassem apenas em seus próprios instrumentos, fingindo ignorar a tensão entre nós. Era como se o mundo ao redor se dissolvesse, deixando apenas o som dos motores, o piscar das luzes de dados, e o peso das palavras não ditas.

Finalmente, a corrida terminou, e embora Max tivesse se classificado razoavelmente bem, sabíamos que o carro podia ter rendido muito mais. A frustração e o cansaço misturavam-se em mim enquanto eu arrumava meus equipamentos, pronta para sair do pit. Mas, antes que eu pudesse dar mais um passo, ouvi passos apressados atrás de mim.

Me virei e lá estava ele, ainda com o macacão meio aberto, revelando o suor e a tensão em seu rosto. Seus olhos brilhavam intensamente, uma mistura de frustração, cansaço e algo mais – uma faísca indomável que eu reconhecia bem. Ele parou na minha frente, respirando forte, como se precisasse despejar em mim o que ainda estava preso em sua garganta.

— Você acha que eu sou uma diva reclamona, Sn? — Sua voz saiu baixa, quase um sussurro, mas cada palavra carregava um peso imenso, como se ele estivesse testando meus limites. — Você acha que eu não valorizo o que você faz?

Eu cruzei os braços, mantendo o olhar firme, apesar de sentir meu coração bater descompassado.

— Eu acho que você esquece, Max, que somos uma equipe. E, sim, às vezes você age como se eu estivesse aqui só para te encher o saco, enquanto eu estou tentando te ajudar a vencer.

Ele avançou um passo, e o calor que emanava dele era quase palpável. O olhar intenso dele me prendia, e sua voz se tornou ainda mais grave.

— Você me tira do sério, sabia? Mas não é só na pista. Eu tento focar, tento deixar as coisas no profissional... mas você fala daquele jeito pelo rádio, e eu perco o foco.

As palavras dele me atingiram com uma força que eu não esperava. Por trás da raiva, havia uma sinceridade crua, quase dolorosa. Respirei fundo, tentando manter a compostura, mesmo com a proximidade dele mexendo comigo de um jeito que eu lutava para ignorar.

— E o que você quer fazer sobre isso, Max? — As palavras saíram num tom desafiador, quase desafiando-o a cruzar a linha entre o que era profissional e o que era pessoal.

Ele ergueu a mão, segurando meu rosto com firmeza, mas também com uma suavidade que me pegou de surpresa. Seus olhos, antes dominados pela raiva, agora estavam mais profundos, revelando algo que ele mantinha escondido.

— O que eu quero fazer sobre isso? — Ele murmurou, com um tom de voz que me arrepiou. — Eu quero que você pare de me enlouquecer toda vez que me manda uma dessas suas respostas afiadas.

Por um instante, fiquei sem palavras, perdida na intensidade do momento. Podia sentir a respiração dele contra a minha pele, o calor da mão em meu rosto, e quase me permiti ceder, quase deixei que aquele momento nos consumisse ali mesmo, entre a adrenalina da corrida e o ruído ao redor.

Mas ele se afastou, soltando uma risada baixa, quase amarga, como se estivesse lutando contra o próprio desejo. Ele me lançou um último olhar, cheio de intensidade e tensão não resolvida, antes de se virar para ir embora.

Enquanto ele se afastava, soube que essa história entre nós estava longe de ser concluída. A corrida podia ter acabado, mas a disputa – entre nós e dentro de nós – apenas começava.

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