Já imaginou fazer parte do eletrizante universo da Fórmula 1, vivendo momentos intensos ao lado dos maiores pilotos do mundo? Neste livro, você terá a chance de mergulhar em histórias únicas e inesquecíveis, onde cada página o leva para os bastidore...
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"Às vezes, você tem que esquecer o que quer para lembrar o que merece."
***
Eu ainda sentia o eco do término no peito. Cada rua de Mônaco parecia sussurrar o nome dele. Cada curva me lembrava de momentos em que ríamos juntos, quando tudo parecia tão simples. Charles sempre disse que amava Mônaco porque o fazia se sentir em casa. E eu? Eu me sentia sufocada agora, como se o principado tivesse encolhido desde que ele decidiu que "precisava focar na carreira".
Era uma manhã de céu claro, e eu tentava, mais uma vez, seguir em frente. O café em minha mão esquentava meus dedos, enquanto eu caminhava pela Promenade des Anglais. Fingia estar bem, mas, no fundo, o vazio permanecia. Era um esforço diário convencer a mim mesma de que aquilo era o melhor. Ele tinha suas razões, e eu respeitava isso... até ver a foto.
A imagem apareceu enquanto eu deslizava pelo Instagram. Charles. Ela. Mãos dadas, sorrisos como se o mundo não tivesse peso algum.
O calor subiu ao meu rosto, o coração batendo tão rápido que achei que explodiria. Era como se todas as palavras que ele usara para justificar o término evaporassem. A "falta de tempo", a "dedicação total à Fórmula 1". Tudo mentira.
Minha amiga. Ele escolheu ela.
A mensagem dela chegou naquela noite, como se soubesse o que eu havia visto: "Sn, eu não queria que você soubesse assim. Não foi planejado."
Li aquilo umas dez vezes antes de responder: "Não se preocupe, já entendi tudo."
Era mentira. Eu não entendia nada. A traição cortava mais fundo do que eu esperava, mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim começava a se rebelar. Eu podia sentir a humilhação e a tristeza, mas não queria mais ser refém delas.
Dias depois, chegou o convite para o evento beneficente. Uma parte de mim queria recusar. Enfrentar Charles e ela seria como reviver o término, mas algo maior me impulsionou: orgulho. Eu precisava mostrar a ele, a ela e a mim mesma que eu estava acima disso.
Escolhi o vestido com cuidado, algo que transmitisse confiança. O espelho refletia uma versão de mim que eu mal reconhecia. Olhos decididos, sorriso quase insolente. Era a Sn que eu precisava ser agora.
O salão estava repleto de luzes douradas e risadas ecoavam pelo ar. Entrei, sentindo os olhares. Alguns de simpatia, outros de curiosidade. Mas eu não me importava. Tudo o que eu queria era me sentir inteira novamente.
Então, eu o vi. Ele estava perto do bar, o cabelo castanho arrumado com perfeição, o terno impecável. Ao lado dele, ela, rindo de algo que ele disse. Meu coração vacilou por um segundo, mas não deixei transparecer.
Continuei andando, meus saltos ressoando no piso. Senti os olhos dele me seguirem.
— Sn... podemos conversar? — a voz dele me alcançou antes que eu pudesse passar por completo.
Eu parei, mas não me virei imediatamente.
— Conversar sobre o quê, Charles? Você já disse tudo o que precisava.
Ele deu um passo à frente, sua presença tão familiar e ao mesmo tempo tão distante.
— Eu... Eu não planejei que fosse assim.
Finalmente, virei-me para encará-lo.
— Mas foi, não é? — Minha voz era firme, mas havia uma ponta de dor que eu não consegui esconder. — Charles, você fez a sua escolha. Agora, eu estou fazendo a minha.
O silêncio pairou entre nós. Ele parecia querer dizer algo, mas hesitava. Talvez porque, pela primeira vez, ele soubesse que não havia nada que pudesse dizer para consertar.
Eu dei um passo para trás, pronta para encerrar aquilo de vez.
— Cuide-se, Charles. Espero que valha a pena.
Dei as costas a ele, sentindo uma estranha mistura de alívio e dor. Era difícil, mas também libertador.
A festa continuou, e, por mais que meu coração ainda carregasse o peso de tudo, eu sabia que, naquele momento, eu estava dando o primeiro passo para me reencontrar.
Porque, no final das contas, ninguém tinha o poder de apagar minha luz. Nem mesmo Charles Leclerc.