Capítulo 1

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A poltrona ao lado de Harry estava parecendo muito com um lar, Hermione pensou. Ela gradualmente, ao longo das últimas seis semanas, se acostumou com sua maneira precisa de sentar, a maneira como ela tendia a segurar um livro aberto em um braço, e como resultado parecia muito estranha quando ela não estava sentada nela. E também não era confortável para mais ninguém. Na verdade, tinha desenvolvido uma opinião tão elevada de si mesma que Hermione ouviu mais de uma pessoa confessar que achava que ela tinha lhe dado um chute no traseiro quando tentaram requisitá-la para uma visita curta.

Ela observou a subida e descida uniforme do peito de Harry e voltou sua atenção para o livro aberto em seu colo. Pesquisa, é claro. O livro estava apoiado no braço da cadeira porque era pesado o suficiente para causar desconforto. Hermione olhou para o relógio e se perguntou por quanto tempo ela poderia realisticamente continuar absorvendo qualquer tipo de informação. Ela levantou sua varinha e bateu em seu relógio. Ele abriu uma agenda para os próximos dois dias. Ela tinha uma reunião com... ah, e o Departamento de...

Onde diabos estava aquela Curandeira?

No momento em que viu a mulher entrar na sala, Hermione se levantou, colocou um marcador de livro entre as pesadas páginas de pergaminho e colocou o livro na mesa lateral.

— Ministra Granger — disse a Curandeira.

— Curandeira Thistlewish. Você tem notícias?

A Curandeira cruzou o quarto até a cabeceira de Harry e lançou alguns feitiços rápidos de diagnóstico que Hermione estava começando a reconhecer instantaneamente (a estase de Harry estava se mantendo, por enquanto; seus sinais vitais estavam normais. Ele estava apenas... dormindo).

— Falei com o Professor Piedamonte no Ospedale degli Incurabili (Hospital para Incuráveis) em Nápoles. Ele tem um candidato. O candidato, na verdade, eu deveria-

Hermione se irritou com o nome do hospital, e não se lembrou de que ele havia sido nomeado no século XVI, muito antes da medicina mágica moderna. Ou, nesse caso, o equivalente trouxa.

— Ele é considerado um especialista em distúrbios do sono. Eu li o trabalho dele. Ele estudou em Roma e começou como um curandeiro no maior hospital da cidade – o que quer dizer, é claro, nada parecido com o tamanho do St. Mungos, mas significativo mesmo assim. Ele seguiu uma vocação, dizem, para a psiquiatria, onde desenvolveu muitos novos protocolos de tratamento, combinando sua maestria na preparação de poções com o que me disseram ser uma abordagem notavelmente empática para terapias de conversação.

— Parece promissor — Hermione disse. — O que me leva a pensar por que essa é a primeira vez que ouço falar dele.

— Ainda não terminei. Sua pesquisa e interesse clínico em distúrbios do sono começaram muito depois. Ele só trabalha na área há cinco anos.

Hermione virou-se para a cama, novamente. Harry não ofereceu uma opinião. Ele apenas respirava e dormia, e Hermione só podia esperar o que ela estava esperando nas últimas seis semanas: que ele estivesse dormindo suave e gentilmente, confortavelmente, e que os pesadelos que o atormentaram pela maior parte de sua vida estivessem banidos. Mas ela não podia saber.

— Então - psiquiatra brilhante, fabricante de poções brilhante, altamente empático e profundamente envolvido com pesquisas sobre distúrbios do sono, e a desvantagem é que ele só trabalha nessa área específica e minuciosa de especialidade há cinco anos?

— E o fato de ele estar na Itália, Ministra.

— Acho que você não está me contando nada. — Hermione estreitou os olhos.

A curandeira Thistlewish se aproximou da beirada da cama e deslizou os dedos ao redor do pulso de Harry. Não tão preciso quanto seus feitiços de diagnóstico para tomar pulso, mas Hermione entendia muito bem a necessidade de sentir, fisicamente, o que os feitiços só podiam inferir.

Harry Potter and the elusive day off | DrarryWhere stories live. Discover now