LITTLE SECRET, ryeji

024. Aposta

Em um baque silencioso, Ryujin despertou, seu coração pulsando descontroladamente, o corpo coberto por um suor frio e a respiração entrecortada. Com um olhar apressado, ela avaliou o ambiente ao seu redor, reconhecendo que ainda estava na casa nova, deitada na cama ao lado de Yeji.

Sentindo-se segura, ela aconchegou-se mais nos braços de Yeji, que despertou com o movimento súbito.

— Ryu? — Murmurou Yeji, sua voz sonolenta, mas repleta de ternura. — O que aconteceu, amor?

Ryujin hesitou por um momento, as lembranças do pesadelo ainda estavam frescas em sua mente.

— Eu... Eu tive um pesadelo. — Ela confessou, a voz trêmula, quase em um lamento. — ‘Tô com medo. — Ela encolheu-se nos braços de Yeji.

Yeji, percebendo a angústia da mais nova, sentou-se na cama e puxou Ryujin para seu colo, envolvendo-a em um abraço cuidadoso. Ryujin repousou a cabeça no ombro de Yeji, enquanto tentava afastar aquela aura pesada que percorria seu corpo.

— Quer falar sobre isso? — Perguntou Yeji, acariciando suavemente as costas de Ryujin. — Não vou forçá-lá, obviamente. — Ela continuou, em um tom calmo.

Ryujin aconchegou-se mais no abraço de Yeji, um gesto que deixava claro que ela ainda não estava pronta para desabafar. Yeji suspirou, percebendo a tensão que pairava no ar, mas respeitou o espaço que Ryujin precisava naquele momento.

— Aquela insegurança voltou novamente…

A voz de Ryujin soou abafada e repleta de temor, como se estivesse com medo de ser julgada pela mais velha. E, de repente, como uma lâmpada tivesse se acendido em sua mente, Yeji compreendeu o motivo do pesadelo de Ryujin.

— Foi esse o motivo do seu pesadelo? — Indagou Yeji, com a voz suave, enquanto continuava a acariciar as costas de Ryujin. 

— Sim, eu... Eu sonhei que ninguém ficava feliz com a notícia. Que todo mundo me julgava e que não éramos boas o suficiente para sermos mães. — Confessou Ryujin, lutando contra as lágrimas.

Yeji sentiu seu coração apertar ao ouvir aquelas palavras.

— Meu bem, olhe para mim. — Ela pediu, com um tom carinhoso.

Ryujin afastou um pouco o rosto, olhando nos olhos de Yeji, em busca de um pouco de conforto. 

— Escute, meu amor… — Continuou Yeji, com um sorriso suave que buscava acalmá-la. — Você é uma pessoa incrível, e eu realmente acredito que nossas famílias nos apoiarão. Como mencionei antes, no início, elas podem ficar surpresas, mas tenho certeza de que nossas mães não nos deixarão sozinhas.

— E se deixarem? E se…

Ryujin foi interrompida pelos lábios de Yeji, que se pressionaram suavemente contra os seus, interrompendo o fluxo de palavras e emoções negativas que a consumiam. Yeji, com um gesto delicado, mordeu o lábio inferior de Ryujin, fazendo-a soltar um arfar involuntário. Nesse instante, a língua de Yeji encontrou a de Ryujin, intensificando o beijo e transformando a tensão em um calor avassalador.

— Acredite em mim, tudo vai ficar bem. — Disse Yeji, afastando-se um pouco e encostando suavemente sua testa na de Ryujin. — Eu prometo.

Uma série de beijos delicados foi espalhada pelo rosto de Ryujin, fazendo com que uma risadinha escapasse de seus lábios. O som da risada de Ryujin fez o coração de Yeji se aquecer, e logo ela também se deixou levar pela alegria, rindo junto. Após alguns minutos de diversão, ambas estavam sem fôlego, e a brincadeira finalmente chegou ao fim.

O silêncio que se seguiu era acolhedor, livre de constrangimentos. Ryujin repousou novamente a cabeça no ombro de Yeji, absorvendo o calor reconfortante que emanava do corpo dela. O cafuné suave que Yeji começou a fazer em seus cabelos envolveu-a em uma sensação de tranquilidade, mas, ao mesmo tempo, um medo sutil a impediu de se entregar completamente ao sono.