LITTLE SECRET, ryeji

022. Medo

Ryujin caminhou até sua mala e pegou o primeiro conjunto de roupa que viu pela frente, vestindo-o de qualquer jeito. Quando foi pegar sua escova de cabelo, Yeji a interceptou, pegando-a antes.

— Yeji…

— Eu vou pentear seu cabelo. — Disse Yeji, sentando-se na cama.

— Mas eu…

— Não, você não pode. — Ela interrompeu, balançando a cabeça. — Eu quero cuidar de você.

— Eu posso fazer isso. — Ryujin tentou pegar a escova de volta, mas Yeji afastou sua mão.

— Por favor, meu bem.

Com um suspiro, Ryujin acomodou-se na cama, sentando-se de costas para Yeji. Ela sabia que era inútil discutir com Yeji quando ela estava determinada com alguma coisa.

Yeji separou o cabelo de Ryujin em mechas e começou a escová-lo com cuidado. O silêncio que pairava no ar parecia pesar sobre seus ombros, incomodando-a de uma forma que ela não conseguia explicar.

— Eu não estou brava com você. — Murmurou Ryujin, quebrando o silêncio.

Yeji parou por um instante, quase deixando a escova cair de sua mão, surpresa pela sinceridade nas palavras de Ryujin.

— Não está brava comigo? — Ela perguntou, um pouco incrédula. — Sabe, eu realmente era meio estúpida quando criança, então não estou…

— Você não era estúpida. — Ryujin a interrompeu, virando-se para encará-la. — Você só tinha medo de não ser aceita.

Yeji tentou protestar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. No fundo, ela sabia que Ryujin estava certa. Havia passado a infância inteira e boa parte da adolescência sendo rude com as pessoas apenas para se proteger.

— Eu acabei exagerando na brincadeira, sinto muito. Você não precisa se sentir na obrigação de se redimir ou algo assim. — Continuou Ryujin, com um tom suave. — Eu sei o quanto você me ama, mas também sei que aquele pedido de casamento não era verdadeiro.

— Mas…

— Você sabe que não era, Yeji. — Interrompeu Ryujin, olhando nos olhos dela. — Você só disse aquilo porque eu te desafiei.

Yeji resmungou, desviando o olhar. Ryujin tomou a escova das mãos dela e a deixou de lado, no canto da cama, forçando Yeji a encará-la novamente.

— Eu amo você, e isso é real. — Sussurrou Ryujin, acariciando o rosto de Yeji com delicadeza. — O seu jeito de demonstrar amor pode ser diferente do meu, mas isso não o torna inválido.

— Eu também te amo. — Yeji apressou-se em dizer, a voz carregada de sinceridade. — Sei que, antes, meu jeito de demonstrar amor era um pouco brusco, mas prometo que estou me esforçando para mudar.

— Eu sei disso. — Respondeu Ryujin, um sorriso suave nos lábios.

— Eu não quero que você pense que não me importo com você. Eu me importo, de verdade… Só que às vezes tenho dificuldade em expressar isso da melhor forma. — Yeji suspirou, a frustração evidente em seu tom.

— Eu admiro seu esforço. — Elogiou Ryujin, olhando nos olhos de Yeji com ternura. — Seus olhos falam por você.

— Meus olhos?

— Sim, sua pupila dilata ao me ver. O seu olhar revela o que você sente, mesmo antes de você pronunciar uma única palavra.

— Eu sempre fui muito rude com você, especialmente quando éramos crianças.  — Disse Yeji, com a voz embargada. — Você poderia me perdoar?