14.O retorno de Ames

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Narradora,

Rayne Ames retornava à Easton após meses de missão a pedido de Wahlberg, exausto, mas determinado a finalmente ter um pouco de paz. Tudo o que ele queria agora era ver Kareen. A distância, as cartas trocadas com palavras cuidadosas e restritas, tudo isso só aumentava o peso de sua saudade e, mais do que nunca, ele ansiava por vê-la, porém sabia que não a teria tão cedo.

Ao passar pelos portões da academia, Rayne sentiu os olhares de alguns alunos se voltarem para ele, admirados ou até mesmo desconfiados, mas ele não se importou. O tempo em campo o tornara ainda mais impenetrável se é que seria possível se tornar ainda mais intransponível diante aos olhares e opiniões dos outros. Ele subiu as escadarias da escola e seguiu direto para a ala dos Visionários Divinos para relatar sua missão, algo que exigia prioridade, mesmo que tudo dentro dele gritasse para ir direto até Kareen.

Assim que terminou o breve relatório, já sem delongas, se afastou dali, ignorando os demais Visionários que pareciam ansiosos para saber os detalhes era raro todos estarem presentes na escola, mesmo que devessem afinal em sua grande maioria ainda eram meros estudantes e, no fundo nada disso importava.

Ele precisava mesmo era de ar -- o ar familiar que só Kareen conseguia oferecer.

A medida que atravessava os corredores, um pensamento não saía de sua cabeça: Kareen, com toda sua intensidade, sua inteligência afiada, e aquele jeito desafiador que ele adorava e odiava ao mesmo tempo. E agora, mais do que nunca, queria estar ao seu lado, longe de todos os problemas e das obrigações que sua posição sempre lhe impunha.

Ao virar o corredor em direção à biblioteca - o local onde soubera que ela passava mais tempo ultimamente devido às obrigações com a monitoria - Rayne ouviu uma explosão de risadas ao longe, seguida de um murmúrio de vozes animadas. Com uma breve desconfiança, parou por um instante e avistou, a poucos metros, uma movimentação fora do comum de alunos.

Aproximando-se, viu Kareen. Ela estava de pé, com um olhar impaciente e braços cruzados, observando o caos que alguns alunos haviam criado na cozinha. Seus olhos faiscavam de indignação, e ele não pôde deixar de sorrir ao vê-la tão envolvida, mesmo em meio a um cenário de completa bagunça.

-- Posso ajudar? -- ele perguntou, a voz baixa, mas carregada de um tom que só ela reconheceria.

Kareen virou-se, surpresa. O olhar dela encontrou o dele, e por um segundo, todo o peso dos últimos meses se desfez. Ela o encarou, um misto de surpresa e emoção preenchendo aqueles olhos intensos que ele tanto adorava.

-- Rayne... -- ela sussurrou, claramente tentando manter a postura, mas o sorriso que ameaçava escapar denunciava o quanto estava feliz em vê-lo.

Ele não precisou de mais nada. Com passos rápidos, se aproximou, parando a poucos centímetros dela. Sem se importar com o que os outros pudessem pensar, Rayne segurou a mão de Kareen e a apertou suavemente, como se essa fosse a única coisa que o mantivesse ligado à realidade.

-- Senti sua falta, Kareen -- sussurrou, sem desviar o olhar.

Ela abaixou os olhos por um segundo, tentando esconder o brilho em seu rosto, mas não conseguia disfarçar. Ele sabia o que ela sentia, mesmo quando tentava agir de forma contida.

-- Você pareceu uma eternidade fora, Ames... -- respondeu, em um tom que só ele captava.

Ao redor, os alunos começavam a dispersar, percebendo que os dois precisavam daquele momento a sós. Finn estava feliz por vê-lo, mas não falaria por agora, não quando Rayne parecia ter pendências a resolver com a garota e o Ames mais velho não os notou. Tudo o que importava era Kareen e o alívio que ele sentia por finalmente estar de volta, ao lado dela.


🔮🔮🔮

Assim que ficaram a sós na sala de monitoria - o único lugar silencioso que Kareen conseguiu encontrar - Rayne fechou a porta atrás de si, e o peso da saudade finalmente se abateu sobre os dois. Por meses, ele tinha mantido o foco na missão, se afastando de tudo e todos, mas agora, com Kareen ali, tão perto, toda aquela distância parecia absurda.

Kareen não precisou dizer nada. Eles ficaram em silêncio por um momento, apenas se observando. Era como se ele estivesse reaprendendo cada detalhe dela: os cachos que caíam desordenados, os olhos afiados que o desafiavam a cada instante, e o meio sorriso, que agora misturava uma pontinha de emoção que ela tentava disfarçar. Ele sentiu um impulso intenso, o tipo de desejo que guardava só para ela, e sem hesitar, a puxou para mais perto, colando os corpos. Ela envolveu os braços ao redor de seu pescoço, como se também não quisesse soltá-lo nunca mais.

-- Achei que você nunca mais voltaria -- ela murmurou, a voz levemente embargada.

-- Eu sempre volto para você -- ele respondeu, baixinho, a voz carregada de sinceridade e algo mais que ele não costumava deixar transparecer tão facilmente.

Os dedos dele deslizaram pelo rosto dela, como se quisesse gravar cada traço, e então, num movimento lento e decidido, ele a beijou. O toque dos lábios foi ao mesmo tempo gentil e avassalador, como se quisesse fazer aqueles meses de espera valerem a pena. Kareen correspondeu com a mesma intensidade, apertando-se mais contra ele, sem se importar com as formalidades, sem se importar com nada além daquele instante.

Ele sentiu as mãos dela pressionando seus ombros, puxando-o para mais perto, como se cada segundo longe tivesse sido um fardo. Era um beijo intenso, cheio de saudade, de alívio, e de tudo o que eles não puderam dizer durante as cartas e mensagens trocadas.

-- Está tentando tirar o meu fôlego? -- ela provocou, um sorriso satisfeito surgindo quando eles se separaram brevemente para recuperar o ar.

-- Talvez -- ele respondeu, sorrindo de volta, um brilho malicioso no olhar. - Ou talvez eu só precise te lembrar o quanto senti sua falta.

As mãos dele seguraram com firmeza içando o corpo dela pra cima, Rayne a sentou na mesa e ficou entre as pernas, olhares conectados e corações disparados, que só foram desviados quando ele encarou mais uma vez aqueles lábios que a muito tempo o pertenciam o sorriso foi mínimo principalmente quando Kareen Mordeu o lábio inferior e o puxou pela gravata.

Ames somente retribui, sabia que sua garota não gostava de enrolações, as amos desceram para a saia subindo lentamente sentindo a pele dele e o elástico das meias. O contato foi novamente cortado pela falta de ar e ela sorriu antes de beijar o pescoço do namorado se embrenhando no cheiro gostoso do perfume dele.

-- Ames o que você acha de dormimos juntos?

-- Kareen isso aqui ainda é uma escola.

-- Ela riu. Deixa de ser pervertido, eu não estou falando de sexo e sim que passo mais tempo no seu dormitório do que no meu. Seu colega de quarto até pediu transferência e eu fico sozinha quando não apago no dormitório de Margo. - Ele não gostou do que ouviu, sabia da amizade, mas detestava a familiaridade dela dormindo em outra cama que não fosse a sua e óbvio que a Bernauer percebeu o desconforto afinal ele apertou mais ainda as coxas macias antes de trazê-la para mais perto.

-- Você anda precisando de um castigo querida. Dormir do dormitório de outra casa é algo inaceitável.

Kareen não sabia dizer o motivo, mas sentiu o corpo todo arrepia pelo timbre de voz baixo e olhar irritado dele. A respiração pesou conforme ela apoiou os braços nos ombros macios do namorado entrelaçando os dedos pela nuca e distribuindo carícias ali.

Os lábios comprimidos calmamente enquanto ela o encarava de forma desafiadora

-- Quer me punir Ames? Eu sou toda sua, mas vai precisar aceitar o meu pedido - Deixou um beijo na curvatura esquerda do maxilar dele. -- Fora que já pedi a troca e o diretor aceitou tranquilamente já que sou muito responsável. -- Piscou.

De alguma forma Rayne entendeu que ela mentiu, mas isso ficaria para depois.

A namorada de Rayne AmesOnde histórias criam vida. Descubra agora