A namorada de Rayne Ames

17.Caos

Rayne,

Tudo isso está saindo do controle. Visionários e mais visionários se acumulando na escola, como se resolver a bagunça causada pela trupe do Innocent Zero fosse algo simples. Não é. Isso aqui já ultrapassou o limite do tolerável há tempos. E, francamente, não seria nada complicado derrubar tudo isso.

Aqueles pirralhos amigos do meu irmão... até que sabem lutar. Admito, mesmo que não goste de dar crédito tão facilmente. Cada vez que um "demônio" é derrubado, outro aparece, como uma praga interminável. Macarron também está farto dessa porcaria toda. Consigo ver isso nos olhos dele. Mas, assim como eu, ele não recua. É irritante, mas... necessário.

O estádio da escola poderia muito bem estar em ruínas a essa altura. Se não fosse pelo velho, claro. Os ataques incessantes continuam, e cada tentativa de avanço parece ser anulada. Como se o próprio destino estivesse rindo da nossa cara.

E pensar que, semanas atrás, a escola estava em festa. Escolhendo alunos para o exame de visionário divino. Agora? Estamos literalmente lutando para sobreviver, enquanto a estrutura que deveria proteger esses alunos se desmorona aos poucos. Ainda assim, está mais do que claro que Mash Burnedead e Margaratte Macaron são os mais aptos para o cargo. Não vejo por que estender esse drama.

A confusão já tinha consumido tempo demais quando o desgraçado responsável por invadir a escola decidiu fugir. Enquanto segurávamos parte do exército nojento do Innocent Zero, Mash foi atrás dele.

Ryoh, por sua vez, seguiu o diretor. E eu? Claro, fui junto. Não havia outra escolha.

Cada passo que dávamos parecia mergulhar ainda mais fundo no caos. Era como se a escola inteira estivesse prestes a ruir, e tudo dependesse de quem fosse o primeiro a se exaurir.

 🔮🔮🔮

Walhberg ainda estava de pé, mesmo sem metade do rosto e um braço, como um símbolo obstinado da resistência. Mash continuava segurando as correntes daquele monstro colossal, um ser que poderia dizimar todos os alunos se ficasse solto. E eu? Estava lidando com dois malditos aliados de duas listras, ambos sobrecarregados de poder mágico, e minha paciência estava no limite.

— Que inferno. 30% Partisan!

Não havia mais tempo para desperdiçar. Se Mash não conseguisse conter aquele troço, meu irmão estaria em perigo no estádio. A ideia sozinha já fazia meu sangue ferver.

Com um golpe, finalizei o ataque, mas meu foco foi desviado quando o céu acima de nós se rasgou. A enorme fenda obscura revelou a silhueta de um dragão de escamas rubras, suas asas enormes projetando sombras sobre o campo de batalha.

— Finalmente reforços! — O idiota de duas listras que eu tinha acabado de derrubar ainda encontrou fôlego para dizer alguma besteira dessas.

Mal tive tempo de responder, pois outro dragão passou, ainda maior que o primeiro. E então, o terceiro apareceu: um colosso de escamas azuis brilhantes, sua imponência tão gritante que fez os dois anteriores parecerem filhotes.

Mas o que realmente chamou minha atenção foi o que ele carregava.

Havia algo — ou melhor, alguém — nas costas do dragão de escamas azuis.

Um sorriso cínico tomou conta do meu rosto.

Minha garota, como sempre, adorava entradas dramáticas.

Finn,

Era quase cômico, de um jeito estranho, ver como todos estavam torcendo pelo Mash. Não que ele não merecesse – muito pelo contrário. Isso só provava que, mesmo sem magia, ele conseguia ganhar o respeito de todos, algo que muitos com habilidades incríveis não conseguiam por causa de sua arrogância.