Fifteen

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                                  Isa Martins

Acordo na madrugada como de costume, levanto-me e desço às escadas, indo em direção a cozinha. Pelo visto tem alguém na cozinha, bisbilhotando a geladeira. Aproximo-me um pouco e é a Duda. Mas, porque ela está com esses trajes? Isso é sangue na roupa dela? Resolvo mexer em seu braço, e sou empurrada para bancada, Duda por sua vez, segura um canivete, que está próximo de minha garganta. Engulo o seco.

— D-desculpas — Gaguejo.

— Porra! Isa. Eu já disse para não me assustar desse jeito — Ela se afasta.

— Por que você está vestida assim? E por que diabos você tem um canivete? Isso é sangue? — Tento botar minha mão sobre o rosto dela e a mesma segura meu pulso.

— Não ouse a me tocar — O semblante dela está diferente, como se algo ruim a dominasse, ela me olha com aqueles olhos negros e profundos e novamente engulo o seco.

Puxo meu braço e saio da cozinha, eu tenho tantos questionamentos e essa curiosidade vai me matar, preciso tomar alguma atitude de descobrir algo.

Chego ao quarto e me jogo na cama, fico alguns minutos olhando para o teto, pensando sobre tudo o que havia rolado, e brevemente adormeço.

•••
No café da manhã todos estavam na mesa, exceto a Duda.

— Duda já foi para o colégio? — Quebro o silêncio agonizante.

— Eu fui até o quarto dela mais cedo, e ela está se queixando de dores. — a mãe de Duda fala. Enquanto meu pai permanece em silêncio, tomando uma xícara de café.

— Ah!Sim. Entendi — Será que está relacionado ao estado dela, nessa madrugada? — Bom, vou indo. Beijinhos e se cuidem! — Despeço-me.

•••
A hora não passa, e eu estou louca para ir embora. Tenho que dá um jeito de invadir o quarto dela, certeza que deve ter alguma pista. Fico mexendo na caneta por inquietação.

— Ei! Calma — Carol tenta me reconfortar.
Suspiro fundo, pois hoje estou sem paciência e mandaria qualquer pessoa para raio que o parta.

E após longas horas, chegou o grande momento de ir para casa, como eu estava ansiando por essa hora.

— Vai querer que eu vá com você? — Carol para ao lado,eu havia comentado com ela sobre o ocorrido.

— Eu acho que ela não seria louca de machucar — Digo, com uma certa incerteza.

— Olha, se precisar me ligue e se cuide por favor! — Ela me abraça, e eu retribuo.

A gente se despede e logo entro no carro, encosto a cabeça no vidro e fico refletindo sobre as coisas que a Carol falou, realmente a Duda parece ser alguém que sofre com problemas e pela tamanha audácia em fazer aquilo na cozinha comigo, não se espero mais nada. Mas tenho que tomar coragem e descobrir o porquê disso.

•••
Abro a porta da casa e subo para o quarto, não há sinal do meu pai em casa, como todos os dias. A mãe da Duda está no jardim e certamente Duda está no quarto. Escuto o barulho da porta sendo destrancada e imediatamente corro para porta, olhar pela greta. Pelo visto alguém saiu da toca. Momento perfeito!

Saio de meu quarto e entro para o outro rapidamente. Começo a olhar umas gavetas, o guarda-roupa e nada, não acho nada! Se eu fosse ela, onde eu colocaria algo suspeito? Se é que ela tem algo suspeito, será que quem está ficando louca sou eu? Fico sem rumo no quarto e escuto a porta sendo trancada.

— Isso é tão feio, Isa. — Duda encosta na porta e meu corpo gela.

— Eu só vim te chamar para almoçar. — Ela se aproxima de mim, meu corpo se estremece, a mesma me olha vagamente.

— Você é péssima em contar mentiras. — Ela dá um sorriso de canto, que deixa minhas pernas enfraquecidas.

— Posso ir agora, né? — Tento passar pôr ela e logo me vejo encostada na parede, encurralada pôr Duda.

— Oh, Isa. — Ela passa os dedos em minha bochecha — É tão feio invadir o quarto das pessoas sem permissão. Dá próxima vez... — Ela coloca mão em meu pescoço e aperta — eu serei obrigada a te machucar.

Sinto uma lágrima percorrer o meu rosto.

— D-desculpas. — meu corpo se encontra mole e frio pelo medo.

— Pode ir, e se for de aviso, não entre no meu caminho. — Ela me solta e vou para o quarto fechando a porta, tento respirar todo ar possível que perdi, enquanto ela apertava meu pescoço.

Deixo minhas lágrimas escapar, nunca alguém na vida conseguiu me pôr tão para baixo. Levanto e me olho no espelho, secando as lágrimas. Isso não vai ficar assim, eu vou ir afundo nesse assunto e quando eu descobrir, quem vai estar ferrada, vai ser ela!

Madrugada passada...

Minha Meia Irmã [ Sáfico ] [ Dark Romance ]Onde histórias criam vida. Descubra agora