— Capítulo Três: As Sete Balas
Minha mente estava em turbilhão enquanto deixava para trás o laboratório e adentrava o pátio desolado do prédio. A descoberta das sete balas havia se transformado em minha obsessão imediata, elas pairavam em minha mente como enigmas a serem decifrados em um quebra-cabeça impossível. Cada passo que eu dava era acompanhado por uma pergunta incessante: onde estariam as sete balas? O que elas representavam? Como eu poderia reuni-las e, possivelmente, libertar-me desse abismo perturbador que me prendia? A própria natureza do Inferno parecia conspirar contra mim. O mundo era diferente, distorcido e imprevisível. As sombras riam de mim, sussurravam promessas e segredos que me davam calafrios, e o ar estava carregava uma tensão palpável. Sentia que o desespero e a determinação eram meus únicos companheiros.
Cada passo que eu dava em direção ao que achava ser a liberdade era também um passo em direção ao desconhecido. Sabia que precisava encontrar respostas e também me questionava se Ramon estava ou não ao meu lado. Será que ele estava a par da existência das sete balas? Será que tinha informações que poderiam me ajudar a localizá-las? Sua presença constante ao meu lado era intrigante, não sabia ao certo se era realmente um simples guia que torcia para que eu desvendasse a verdade e me libertasse de uma vez das amarras da perdição, ou se tinha seus próprios interesses ocultos nesse jogo infernal. Era uma incógnita que me assombrava, tornando a jornada ainda mais confusa e aterrorizante.
À medida que eu avançava, o mundo ao meu redor se mostrava em constante mutação, como se o próprio Inferno estivesse determinado a manter suas respostas escondidas. Mas eu estava disposto a enfrentar isso e tudo que mais viesse, se significasse sair daqui de uma vez por todas. A cada passo, me vi confrontado com paisagens distorcidas e seus horrores. As ruas que pareciam sólidas se transformavam em rios de lava, enquanto edifícios se retorciam e se transformavam em criaturas animalescas. O próprio espaço e tempo pareciam entrelaçados em uma dança caótica, tornando difícil distinguir o que era real e o que não passava de ilusão. Meus passos ecoavam nas ruas distorcidas, e meu coração batia em uníssono com a pulsante escuridão que me cercava.
Ramon permanecia em silêncio, como se aguardasse meu próximo movimento, apagando a primeira impressão que tive dele. Sua figura estranha e imperturbável parecia só mais um problema que precisava ser resolvido, e a máscara que ocultava seu rosto mantinha seus pensamentos e emoções cuidadosamente guardados, o que não me deixava mais tranquilo.
— Ramon, você sabe algo sobre as balas? Como posso encontrá-las? — perguntei, com a voz firme. Seus olhos de estrelas brilharam sob a máscara que escondia seu rosto, e por um breve momento, pensei ter capturado um lampejo de emoção em seu olhar. Mas ele permaneceu calado, como sempre. Era como se estivesse aguardando algo, como se estivesse me testando de alguma forma. Com ou sem a sua ajuda, eu iria desvendar todo esse mistério que me cercava.
Enquanto continuávamos nossa caminhada em direção a qualquer lugar, a tensão no ar crescia. Eu estava concentrado demais em meus próprios objetivos e na minha busca incansável, mal percebendo a movimentação estranha ao meu lado. Não houve um som, ou sussurro, Ramon simplesmente sumiu sem dar qualquer indício de sua partida. Como névoa, se evaporou da minha vista em questão de instantes. Surpreso, virei-me rapidamente, buscando seu rastro, mas não havia nada além de sombras dançantes onde ele estava antes.
— Ramon? — chamei, minha voz ecoando pelo vácuo distorcido; não houve resposta. Ele tinha desaparecido completamente, como se nunca nem tivesse estado lá. A sensação de solidão e incerteza me atingiu de imediato. Eu estava sozinho no meio de uma rua desconhecida em um lugar desconhecido, sem meu guia para me dar uma direção. Era como se o próprio ambiente o tivesse engolido, deixando-me com um vazio opressivo e uma angústia frustrante. Mas, apesar de sua ausência, decidi continuar andando. Talvez sua partida fosse parte de um teste, ou talvez ele tivesse ido buscar informações em algum lugar. A ação agora era mais intensa, pois eu precisava confiar apenas em minha própria coragem e convicção para sobreviver a esse pesadelo e ir em direção ao caminho certo.
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Ulysses e o Caos Divino
SpiritualApós uma vida marcada por escolhas erradas e relações caóticas, Ulysses se vê em uma jornada pelo Inferno, onde cada passo revela uma nova camada de seus próprios pecados e arrependimentos. Entre almas condenadas, ele encontra uma figura misteriosa...