— Capítulo Treze: Fim de Tudo
— Lennox! — minha voz saiu em um grito quando me virei e vi meu irmão parado a vários metros de distância de mim. Ele parecia atordoado, cambaleando como se tivesse acabado de beber um barril de álcool puro. — Lennox, você está louco? — minha voz estava repleta de raiva contida, mas não desviei do meu principal objetivo que era guardar todas aquelas tralhas dentro do carro e partir de uma vez. — Você simplesmente some sem aviso! Acha que pode fazer isso? Ainda mais quando estou numa situação como essa? — Eu não estava disposto a deixar minha raiva transparecer mais do que já havia acontecido. Aquela noite já estava estressante o suficiente, a última coisa que precisava era de um desaparecimento inexplicável de meu próprio irmão. Lennox parecia incapaz de articular uma resposta coerente, isso só aumentou minha impaciência. — Entre no carro agora, Lennox! — ordenei com firmeza, voltando para ele. — Não temos tempo para joguinhos. Vamos embora daqui antes que algo pior aconteça. — Lennox permaneceu parado, como se estivesse alheio às minhas palavras e à tensão que permeava o ambiente. Fechei o porta-malas com força, sem tirar os olhos do meu irmão, pensando no desperdício daquele tempo que eu não tinha. — Droga, Lennox, você está me ouvindo? — perguntei mais uma vez, mas ele não respondeu. Seus olhos continuavam vazios e distantes, como se estivesse em algum tipo de transe. Eu não tinha tempo para entender completamente o que ele estava passando naquele momento. A prioridade era sair dali e encontrar um lugar seguro para que eu pudesse resolver as coisas pendentes. — Ótimo! Então fique para trás, mas não dificulte mais ainda a minha situação. — Caminhei com passos duros até a porta do motorista. — Você sempre foi esse cretino egoísta, tinha que ter percebido que abriria a boca quando percebesse que sua própria conta foi posta em risco. Você só pensa em si mesmo! Não devia ter feito isso! Uma vez na vida... só uma vez na vida não poderia ter compreendido que aquilo era a coisa mais importante pra mim?! — Eu me sentia traído e furioso com a atitude de Lennox, e minhas palavras refletiam meu ressentimento. Caminhei em círculos, tentando resolver meus problemas internos e externos com meu irmão, que sequer dizia uma palavra. — Você destruiu a minha vida, Lennox, foi isso que fez. Espero que a culpa lhe corroa até os ossos, espero que pense no que fez. Meu... Meu laboratório, minha pesquisa de anos. De anos, Lennox! Vê como é isso?! — Sem respostas, o silêncio e o frio da noite era minha única companhia. — Você é o vilão. OK? Espero que saiba disso. Você é a droga do vilão.
Enquanto eu continuava a expressar minha raiva e desgosto, um som perturbador cortou o ar frio da noite. O som inconfundível de uma arma sendo engatilhada. Meus sentidos entraram em alerta máximo, e meu coração disparou enquanto eu tentava localizar a fonte daquele ruído sinistro. E então, meus olhos se fixaram em suas mãos, que segurava com toda força uma .357 magnum, apontada diretamente para mim. A arma brilhava à luz fraca do poste, e a gravidade da situação se abateu sobre mim como um peso insuportável.
— O que você está fazendo? — Minha voz saiu em um sussurro, repleta de choque e medo. Lennox permaneceu em silêncio, seu rosto contorcido por uma mistura de emoções que eu não conseguia decifrar. Sua mão tremia ligeiramente, mas ele mantinha a arma firme e apontada na minha direção. Meu corpo estava tenso, pronto para reagir a qualquer movimento brusco. Eu não sabia o que tinha acontecido com meu irmão naquela noite, mas uma coisa era certa: estávamos em uma situação perigosa, e eu precisava encontrar uma maneira de sair dela com vida. — Abaixe isso. Não é a maneira certa de resolver as coisas. Você é médico, sei que não teria coragem de fazer isso.
— Não, você está errado — Lennox finalmente rompeu o silêncio, sua voz carregada de culpa e resignação. — Fui eu, Ulysses. Como você dizia... eu contei a eles. Esperei meses, implorando para que não tomassem medidas drásticas. Tudo porque ainda me importo com você.
O choque de sua confissão me atingiu como um soco no estômago. Mesmo com minhas afirmações, ainda não conseguia acreditar no que estava ouvindo. As lágrimas que derramava e sua expressão de desespero eram difíceis de ignorar, mas a traição que ele havia cometido era igualmente avassaladora. Minha mente estava em turbilhão, tentando encontrar uma maneira de lidar com essa situação.
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Ulysses e o Caos Divino
SpiritualApós uma vida marcada por escolhas erradas e relações caóticas, Ulysses se vê em uma jornada pelo Inferno, onde cada passo revela uma nova camada de seus próprios pecados e arrependimentos. Entre almas condenadas, ele encontra uma figura misteriosa...