Capítulo 2

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Pansy verificou se a Marquesa não estava à espreita no corredor antes de levar Draco para o quarto e fechar a porta.

A outra criada, Abigail, já estava lá, vestida de forma idêntica a Pansy , com um vestido preto modesto e um avental branco, tentando espantar com uma vassoura uma libélula-galopante pela janela aberta. Todas as vezes que errava, a criatura jogava a crina para os lados e zunia na direção do teto.

- Essas pestes ainda vão me matar! - resmungou Abigail com Pansy , limpando suor da testa. Então, percebendo que Draco também estava lá, fez uma reverência desajeitada.

Draco enrijeceu.
- Abigail...!!!

O aviso chegou tarde demais. Um par de pequenas libélulas bateu na parte de trás da toca de Abigail quando voou para o teto.
- Ah, criaturinhas irritantes! - gritou Abigail, balançando a vassoura.

Fazendo uma careta, Pansy arrastou Draco para o banheiro e fechou a porta. Já havia água em uma jarra no lavatório.

- Não temos tempo para um banho, mas não vamos dizer isso para sua mãe - disse ela, abrindo os botões do terno de Draco, enquanto enfiava um pano na jarra. Ele esfregou furiosamente a farinha do rosto. Como conseguiu se sujar de farinha atrás das orelhas?

- Achei que você ia para a cidade hoje - disse Draco, deixando Pansy tirar seu terno e sua blusa de seda.

- Eu fui, mas estava fabulosamente chato. Todo mundo só queria falar do baile, como se o Rei não fizesse festas toda hora. - Pegando o pano, Pansy esfregou os braços de Draco até deixar a pele pálida rosada, depois borrifou água de rosas para encobrir o aroma de massa e forno. - Muita gente estava falando do novo bobo da corte que vai estrear hoje. Jack estava se gabando de que vai roubar o chapéu dele e amassar os guizos como um tipo de trote.

- Parece uma coisa muito infantil.

- Concordo. Jack faz o gênero valentão. - Pansy ajudou Draco a vestir uma nova combinação antes de o empurrar para um banco e passar a escova pelo cabelo claro. - Mas ouvi uma novidade interessante. O sapateiro está se aposentando e vai deixar a loja vazia no fim do mês. - Com uma virada de mão, um pote cheio de gel, um lindo penteado elegante surgiu na cabeça de Draco.

- O sapateiro? Na Rua Principal?

- Ele mesmo. - Pansy virou Draco, a voz baixando a um sussurro: - Quando eu soube, pensei na mesma hora que era uma localização ótima. Para nós.

Draco arregalou os olhos.
- Doces corações, você está certa. Ao lado daquela loja de brinquedos...

- E ladeira abaixo daquela capela branca peculiar. Pense em quantos bolos de casamento você faria.

- Ah! Poderíamos fazer uma série de tortinhas de frutas de vários sabores na nossa inauguração, em homenagem ao sapateiro. Vamos começar com as clássicas, de mirtilo, de pêssego, mas depois, imagine as possibilidades. Uma tortinha de alfazema com nectarina em um dia e, no seguinte, uma de banana com caramelo, coberta de farofa de biscoito e...

- Pare! - Pansy riu. - Eu ainda não jantei.

- Devíamos ir dar uma olhada, você não acha? Antes que a notícia se espalhe?

- Também pensei isso. Talvez amanhã. Mas sua mãe...

- Vou dizer a ela que vamos comprar chapéus. Ela não vai se importar. - Draco se balançou nas pontas dos pés. - Quando ela descobrir sobre a confeitaria, vamos poder mostrar que oportunidade de negócios tremenda vai ser, e nem ela vai poder negar.

O sorriso de Pansy ficou tenso.- Acho que não é a oportunidade de negócios o que ela vai reprovar.

Draco afastou a preocupação, embora soubesse que Pansy estava certa. A mãe jamais permitiria que o único filho, herdeira do Recanto da Pedra da Tartaruga, entrasse no mundo dos negócios das mulheres, principalmente tendo como sócia a simples empregada Pansy . Além do mais, confeitaria é trabalho para criados, sua mãe diria. E detestaria a ideia de que Draco planejava usar o dinheiro do próprio casamento para abrir o negócio.

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