Capítulo 10

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Os dias antecedentes ao chá foram de puro sofrimento. Draco Estava morrendo de medo do que aconteceria quando visse o Rei de novo. Sua mãe também estava ansiosa, embora eles estivessem torcendo por resultados bem diferentes do encontro.

Parecia o pior tipo de enganação fazer uma fornada de macarons com a intenção de conquistar o coração do Rei quando Draco não tinha intenção nenhuma de conquistá-lo. Ainda assim ficou feliz de ter uma desculpa para passar um dia na cozinha, onde não precisava se preocupar de a mandarem treinar alguma coisa inútil, como bordado.

Ah, se ao menos o Rei fosse volúvel. Se ao menos tivesse ficado tão constrangido pelo desaparecimento dele que não ousasse tentar de novo, ou, pelo menos, se tivesse o bom senso de pedi-lo em casamento em particular desta vez.

Se bem que essa ideia também a fazia tremer.
Apesar do nervosismo crescente, conforme o dia do chá chegava, Draco também foi ficando agitado de impaciência. Tentou negar, até para si mesmo, mas estava ansiosa pela tarde. Não por causa do Rei, nem pelos jogos no jardim, nem mesmo pelos bolinhos e sanduíches.

Ele estava na expectativa de outro encontro com o bobo da corte.

Como não o viu mais nos sonhos, ele desejava encontrá-lo novamente e fantasiava sobre todas as facetas em potencial do próximo encontro dos dois. Queria testemunhar outro sorriso bem-humorado, ser a fonte da gargalhada fácil dele, sentir o toque dos dedos dele na nuca.

Ele parou e afastou o saco de confeiteiro da assadeira, onde quinze discos de massa esperavam para serem assados e virarem biscoitinhos de amêndoas com merengue. Sua pele tinha um novo rubor, que não era do forno, e as mãos tinham começado a tremer, o que era inaceitável para uma tarefa tão delicada.

Ele fechou os olhos e sufocou os pensamentos, como fazia todas as vezes em que se perdiam na direção de carícias ilícitas. Sua mãe implodiria se soubesse que Draco estava tendo pensamentos tão impróprios com o Coringa do Rei.

O Rei, pelo amor de Deus, seria com quem ele devia estar sonhando.

Seus nervos estavam em frangalhos por causa de tudo isso.

Colocando o saco de confeiteiro na mesa, ele jurou que não se permitiria deixar levar durante o chá. Era um cavaleiro, e ele era uma novidade. Se o visse de novo, o que era bem improvável, ele só conversaria de forma civilizada. Não permitiria nenhum daqueles flertes que o envolveram antes. Não poderia haver nada de impróprio.

Embora estivesse curiosa para saber se ficaria tão atraído pelo Coringa de novo em um segundo encontro, uma parte dele torcia para que não. Porque que opção ele tinha se sentisse de novo? Os pais nunca permitiriam cortejo dele. Ela ainda não tinha decidido o que ia fazer em relação ao Rei. Além do mais, ele tinha que se concentrar em como persuadir os pais a deixarem que abrisse a confeitaria, o único sonho que a consumia mais do que todos os outros… até a amoreira, pelo menos.

— Minha nossa, o que é esse aroma delicioso?

Ele deu um pulo para longe da bancada. Bichento , ou melhor, a cabeça de Bichento , ocupava a face do relógio de cuco na parede, os ponteiros direcionados para sua orelha esquerda e seus bigodes, indicando que passava de duas horas da tarde.

— Oi, Bichento . – Ele franziu a testa. – Espero que você não tenha comido o cuco.

Ele desapareceu em uma nuvem de fumaça antes de reaparecer, totalmente formado, no parapeito alto acima da bancada. O tom vermelho dos feijãozinhos tinha sumido do pelo dele.

— Eu não fiz nada disso – disse ele –, embora esteja determinando no momento quantos disso consigo comer sem você reparar quando se virar de costas.

Sem alma | DRARRY Onde histórias criam vida. Descubra agora