Capítulo 5

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O novo bobo da corte era o único assunto de tod mundo. Até as danças foram esquecidas quando os convidados perceberam que os papeizinhos cobrindo o chão continham mais do que corações; alguns tinham o símbolo de Ouros em preto, o de Espadas em vermelho, o de Paus em branco. Alguns, o perfil de um corvo. Outros: uma coroa, um cetro, um chapéu de três pontas de coringa. Alguns convidados fizeram um jogo de colecionar o máximo de desenhos diferentes possível, procurando símbolos que podiam ter perdido.

O Rei, sorridente, estava mais alegre do que Draco  já tinha visto. Mesmo do outro lado do salão ele conseguia ouvir a voz aguda pedindo para os convidados confirmarem que, realmente, foi o entretenimento mais impressionante que eles já viram.

O estômago de Draco roncou, vibrando pelas barbatanas de tubarão do espartilho. Ele ficou tão encantado com a apresentação do Coringa que esqueceu as limitações do vestido e a fome cada vez maior. Tentou não chamar atenção enquanto se contorcia no vestido, se ajustando no corpete apertado, e se esgueirou para a mesa de banquete. Viu Pansy arrumando um prato de trufas, se destacando das outras criadas pela altura e o cabelo preto que aparecia nas beiradas do chapéu.

Animando-se quando viu Draco , Pansy baixou a cabeça e puxou um canto da toalha de mesa, como se a ajeitando.

— O que você achou da apresentação? – sussurrou ela.

Os dedos de Draco tremeram com desejo sobre os pratos de comida.
— Eu achava que bobos da corte só contavam piadas obscenas e faziam gracinhas sobre o Rei.

— Fico me perguntando o que mais ele pode ter na man… er, no chapéu. – Pansy tirou uma bandeja da mesa e fez uma reverência.– Trufa, senhor?

— Você sabe que não posso.

— Só finja estar pensando para eu poder ficar aqui mais um pouco. Os criados reais ficam tentando nos coagir a trazer mais comida, e se eu tiver que voltar naquela cozinha, vou derreter. Além do mais, já tem muita comida aqui, levando em consideração os convidados hoje e a velocidade com que está sendo consumida, eles não precisam de mais, independentemente do que digam. Que desperdício seria.

Draco esticou os dedos.
— Aquilo são caramelos?

— Acho que sim.

— O que você acha de caramelos com chocolate e um toque de sal marinho em cima?

Pansy esticou a língua com nojo.
— Por que não jogar pimenta também?

— Foi só uma ideia. – Draco mordeu o lábio inferior, olhando para os chocolates. Sim, sal marinho, não importava o que Pansy pensava. A despensa no Recanto da Pedra da Tartaruga estava sempre com um bom estoque, por ser tão perto do mar, e uma vez, por estar com humor para experiências, Draco  salpicou um pouco no chocolate quente e achou surpreendentemente agradável. Era a coisa certa para as trufas. Um pouco de sal para salientar o doce, um pouco de crocante para refletir na maciez do caramelo… ora, ele podia fazer uma torta de chocolate com caramelo e sal. Poderia ser um dos doces característicos da confeitaria!

Seu estômago roncou.

— Draco ?

— Hum?

— Você parece que vai começar a babar, e eu odiaria que manchasse esse traje.

Ele grunhiu.
— Não consigo controlar. Estou com tanta fome. – Ele passou os braços em volta do estômago quando outro ronco soou pelo veludo.

Pansy franziu as sobrancelhas de leve com solidariedade,mas seu rosto se iluminou.
— Esse vestido deve ter sido uma boa escolha mesmo assim. Você fez o casal principal na dança com o Rei!

Sem alma | DRARRY Onde histórias criam vida. Descubra agora