Capítulo 3

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O Coelho Branco, mestre de cerimônias, estava parado no alto da escada, com o peito estufado, sorrindo com zombaria quando o pai de Draco entregou a ele o cartão de anúncio.

— Boa noite, boa noite, Vossa Senhoria! Que gravata linda está usando hoje, combina perfeitamente com seu cabelo. Como neve em uma colina nua, é assim que eu descreveria.

— Acha mesmo, sr. Coelho? – perguntou o pai de Draco, satisfeito com o elogio. Ele passou um momento batendo na cabeça, como se para confirmar a lisonja.

O olhar do Coelho se desviou para a Marquesa.
— Minha querida Lady Malfoy, tenho de certeza que meus olhos nunca viram uma beleza tão rara, uma elegância tão impressionante…

A Marquesa deu um corte nele:
— Ande logo com isso, arauto.

— Er, claro, sou seu humilde servo, minha senhora. – Agitado, o Coelho empertigou as orelhas e levou um trompete à boca.

Quando o som ecoou pelo baile, ele proclamou: – Apresentando Lucius Malfoy , o mais honrado Marquês do Recanto da Pedra da Tartaruga, acompanhado de sua esposa, Lady Narcisa Malfoy, Marquesa do Recanto da Pedra da Tartaruga, e o filho, Lord Draco Malfoy!

Quando o Marquês e a Marquesa desceram a escada para o salão de baile, os olhos rosados do Coelho Branco se desviaram para Draco e se arregalaram quando perceberam o exagerado traje verde. Seu nariz tremeu com repugnância, mas ele escondeu rapidamente sob outro sorriso bajulador.

— Nossa, Lord Malfoy, você parece tão… er, tão notável.

Draco tentou dar um leve sorriso e seguiu atrás dos pais pela escada, mas, assim que olhou para o salão, ele ofegou e parou.

Um mar de preto e branco se espalhava à frente dela.Casacas marfim ajustadas e luvas cor de ébano até os cotovelos.

Fascinators claros de estrela-do-mar e gravatas-borboleta de penas de corujas.
Calças de tabuleiro de xadrez. Máscaras de zebra. Saias de veludo preto com bainhas de pedras e pingentes. Até alguns cortesãos de Ouros tinham colado naipes de espadas pretas na barriga para esconder as marcas vermelhas identificadoras.Notável mesmo.

Havia um ocasional ponto verde na multidão (uma rosa enfiada em uma lapela ou um laço de fita nas costas de um vestido), mas só Draco usava verde da cabeça aos pés. Como se seu traje não bastasse, ele sentiu uma vermelhidão repentina subindo pelo pescoço e se espalhando pelas bochechas. Sentiu olhos grudados nele, ouviu as pessoas inspirando, sentiu a expressão de repulsa. Como sua mãe podia não saber que era um dos bailes preto e branco do rei?

A percepção chegou em rápida sucessão.
A mãe sabia. Ao olhar para o vestido branco de babados da mãe e para o smoking branco combinando do pai, Draco percebeu que a mãe soube o tempo todo.

Outro som de trompete chegou aos ouvidos dele. Ao seu lado, o Coelho Branco limpou a garganta.
— Lamento imensamente apressá-lo, Lord Malfoy, mas tem mais convidados esperando para serem apresentados…

Ele olhou para a fila que tinha se formado atrás, mais nobres espiando atrás dos outros e olhando para ele.

Com o medo se espalhando no fundo do estômago, Draco começou a descer na direção do aglomerado de pinguins e guaxinins.

O salão de bailes do Castelo de Copas tinha sido entalhado muito antes em um pedaço gigantesco de quartzo rosa, do chão até as balaustradas e até os pilares enormes que sustentavam o teto abobadado. O teto era pintado com murais exibindo várias paisagens do reino: as Colinas de Algum Lugar e a Floresta de Nenhum Lugar, os Cruzamentos e o castelo e terras rurais que seguiam em todas as direções. Até o Recanto da Pedra da Tartaruga estava retratado acima das portas que levavam ao jardim das rosas.

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