45 - George Russell

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"A raiva é o último refúgio de quem ainda sente algo

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"A raiva é o último refúgio de quem ainda sente algo."

***

Eu nunca fui boa em esconder meus sentimentos. Na verdade, sempre fui péssima nisso, especialmente quando o assunto envolvia George Russell. Ele e eu sempre estivemos em um jogo de tensão, de palavras trocadas, de olhares não ditos, de uma química que, apesar de óbvia, sempre parecia ser ignorada por nós dois. Eu o odiava — e ele provavelmente me odiava também. Ou, talvez, não.

Nos conhecemos há um tempo, em algum evento social, e desde então nossa relação se baseava em uma constante troca de provocações. A verdade é que a gente nunca se entendeu, mas em algum lugar, no fundo, havia uma chama que nunca conseguimos apagar, por mais que tentássemos. Eu estava convencida de que ele não sentia nada por mim, e, honestamente, ele parecia ser o tipo de cara que não se importaria o suficiente para deixar as coisas complicadas. Mas, às vezes, eu o via de uma maneira que me fazia questionar tudo.

Naquela noite, no entanto, qualquer pensamento sobre "não nos entendermos" parecia ir por água abaixo.

A festa estava cheia, barulhenta e com a energia a mil. A música alta ecoava, o cheiro de álcool no ar, pessoas se divertindo de maneiras variadas. Eu estava com alguns amigos, tentando me manter distante de qualquer conversa sobre ele, mas como sempre acontecia, George apareceu. Mas não estava sozinho.

Ele estava com ela.

Uma garota. Linda, extrovertida e sorridente, claramente alguém com quem ele se dava bem. E eu, apesar de não querer demonstrar, senti meu peito apertar com a visão deles juntos. Era uma sensação amarga, e, por mais que eu tentasse ignorar, sabia que tinha algo de errado nisso. Algo que me deixava irritada e, pior ainda, vulnerável.

George me viu, é claro, mas ignorou. Não é como se eu estivesse esperando algo diferente, mas a raiva subiu tão rápido que eu não consegui me controlar. A garota estava toda grudada nele, e ele parecia... bem, parecia gostar disso. Meu estômago revirou, e não pensei duas vezes. Peguei uma dose e, com raiva no olhar, virei tudo de uma vez. Uma, duas, três doses.

Eu não estava mais pensando. Estava simplesmente reagindo, tentando entorpecer tudo o que sentia. A raiva, a frustração, a dor. Quando percebi, estava dançando no meio da pista de dança, totalmente descontrolada, com o corpo balançando ao som da música. Eu não me importava mais. George estava lá, e eu não ia deixar ele e sua nova conquista roubarem meu controle.

A música estava intensa e eu estava tão fora de mim que subia em cima de uma mesa, dançando como se não houvesse amanhã. Não sabia se era pela bebida ou pela raiva, mas a única coisa que eu queria era chamar atenção. E, claro, isso funcionou. Rapidamente, olhares começaram a se voltar para mim, alguns caras se aproximando, tentando puxar conversa, mas eu estava além disso. Não me importava com eles, não me importava com nada.

Até que ele apareceu.

George. Seus olhos estavam frios e irritados, e ele não parecia nem um pouco feliz com o que via. Ele se aproximou, um olhar de frustração estampado no rosto.

— O que você está fazendo? — ele perguntou, a voz baixa, mas com aquele tom de quem estava completamente irritado.

Eu ri, sem graça, mas com raiva, porque a última coisa que eu queria era ter ele se metendo nisso.

— Se você está com medo de perder a garota, pode relaxar. Eu não sou sua preocupação — falei de maneira ríspida, tentando ignorá-lo, mas sabia que estava errada. Eu sabia que a forma como ele me olhava não era apenas de raiva. Era algo mais profundo. Algo que eu, mais uma vez, tentava ignorar.

George não respondeu. Em vez disso, ele se aproximou e, em um movimento rápido, me puxou pela cintura, tirando-me da mesa e me afastando de todos os olhares. Eu resmunguei, tentando me soltar, mas ele me segurou com firmeza.

— Você está fora de controle, Sn. — Ele falava em um tom baixo, com raiva contida, mas não me soltava. Eu queria me afastar, queria sair dali, mas ele não estava me deixando.

— Me solta, George! Eu não sou sua responsabilidade! — Eu gritei, agora completamente descontrolada. Ele, no entanto, não se importou com meu grito. Seguiu firme, me levando para fora da pista de dança, até um canto mais afastado. Eu estava furiosa, e não tinha ideia do que fazer com tudo aquilo.

Ele me soltou finalmente, me encarando com um olhar intenso, mas ainda com aquele quê de irritação.

— O que você estava tentando fazer lá em cima? — Ele perguntou, a voz agora mais séria, sem aquele tom provocante. — Você está se afundando, Sn.

Eu olhei para ele, com o coração acelerado. Aquilo me machucava mais do que eu queria admitir.

— Eu estava me divertindo — eu disse, tentando esconder a vulnerabilidade nas minhas palavras. — Eu não sou sua responsabilidade, George. Não se mete.

Ele deu um passo à frente, seus olhos ainda cheios de raiva, mas agora com algo mais... algo que eu não soube identificar.

— E você acha que eu não me importo? — Ele perguntou, agora com a voz mais baixa, mais calma. Mas havia algo ali, uma força silenciosa. — Você acha que eu sou só mais um cara que não se importa com você?

Eu o olhei, confusa. George nunca havia dito algo assim antes. Nunca havia mostrado que, de alguma forma, ele estava tão... incomodado com o que eu fazia.

— Você nunca me disse nada sobre isso. Sempre... sempre está com outras garotas, e eu sou só mais uma — eu disse, a voz falhando, a raiva agora se misturando com uma pontada de dor. — Eu não sou mais uma, George. Eu não sou mais um brinquedo seu para se divertir.

Ele ficou em silêncio por um momento, me observando com aqueles olhos azuis que sempre me deixavam sem palavras. Quando ele finalmente se aproximou mais, meu corpo reagiu sem que eu quisesse.

— Você está errada, Sn. Eu nunca quis te tratar assim. Eu só não sabia como lidar com isso — ele disse, sua voz suave, como se estivesse lutando para encontrar as palavras certas.

Antes que eu pudesse responder, ele fez o que eu jamais esperava. Com uma força inesperada, ele me puxou para mais perto e me beijou.

Eu congelei por um segundo, sem saber o que fazer, mas então, finalmente, o beijei de volta. Eu não conseguia mais segurar aquilo. A tensão entre nós, a raiva, o desejo reprimido... tudo explodiu naquele beijo.

Quando nos afastamos, ainda ofegantes, eu sabia que as coisas entre nós nunca mais seriam as mesmas.

— Não sou mais uma, George — sussurrei, ainda com o coração acelerado.

Ele me olhou, com um sorriso lento e satisfeito.

— Nunca fui tão claro sobre isso, mas agora eu sou — ele respondeu, com a certeza de quem finalmente havia admitido o que sempre esteve ali, entre nós.

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