3

20 3 0
                                    

O paddock estava mais agitado do que o normal ─ era um desses fins de semana de corrida onde o caos parecia mais interessante do que a organização

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O paddock estava mais agitado do que o normal ─ era um desses fins de semana de corrida onde o caos parecia mais interessante do que a organização. Pilotos, engenheiros, jornalistas e, claro, os tais “VIPs” corriam de um lado para o outro como formigas desordenadas. Em meio a essa confusão, eu estava tentando, sem sucesso, encontrar uma bebida que não fosse isotônico. Adivinha? Zero sucesso.

Então, no instante em que me vi derrotado diante do último bebedouro vazio, algo chamou minha atenção. Ou melhor, alguém.

Sophie Verstappen. Aquela garota parecia tão deslocada ali quanto uma Ferrari em uma pista de kart. Mas, ao mesmo tempo, estava completamente à vontade. Impecável, conversando com alguém da equipe Red Bull, usando um sorriso quase imperceptível, mas afiado. Não havia como negar: Sophie exalava uma energia misteriosa. Do tipo que faz você pensar em enigmas que talvez nem valham a pena serem decifrados. o tipo exato de enigma que eu gosto.

── Precisando de um GPS para andar pelo paddock? ─ soltei, me aproximando com a naturalidade de quem não quer nada.

Ela olhou para mim com um leve arqueamento de sobrancelha, como quem avalia uma frase antes de responder. Interessante. Nem se deu ao trabalho de abrir um sorriso.

── Eu estava quase pedindo ajuda, mas decidi que me saio bem sozinha ─ disse, sem tirar os olhos de mim.

Ah, então era uma conversa dessas. Ótimo. Se tem uma coisa que eu adoro é uma troca de palavras com um pouco de desafio.

── Claro. Sempre uma escolha segura ─ mas, às vezes, um pouco de ajuda não faz mal ─ provoquei, tentando adivinhar até onde ela iria com aquela postura de “não preciso de ninguém”.

Sophie me avaliou por mais um segundo e, finalmente, sorriu ─ ou quase isso. Um leve levantar de canto de boca que parecia mais uma prova de que eu estava começando a interessá-la, ainda que minimamente.

── E você, Oscar? Perdeu a rota para a McLaren ou só veio buscar entretenimento?

Dei de ombros, como se minha presença ali fosse a coisa mais natural do mundo.

── Digamos que o entretenimento apareceu no meu campo de visão

Ela revirou os olhos, mas dava para perceber que estava divertindo-se, mesmo que só um pouco.

── Então, entretenimento, hein? Diria que deveria focar na corrida, mas parece que você já sabe disso.

── Às vezes é bom relaxar ─ retruquei ─ De nada adianta ser metódico o tempo inteiro. Dá pra perceber que você pensa igual, porque... bem, aqui está você

Sophie estreitou os olhos, cruzando os braços. Se eu não conhecesse o tipo, talvez achasse que estava me cortando, mas algo dizia que ela estava começando a gostar da conversa.

── E qual é o meu tipo? ─ perguntou, tentando parecer indiferente, mas com um olhar que pedia respostas.

─ Ah, um tanto imprevisível. Tem uma camada de proteção em volta, claro ─ mas não o suficiente para passar despercebida. Como um quebra-cabeça do qual você se aproxima, mas só encontra as peças mais tarde.

Ela sorriu, agora mais abertamente, e me olhou de um jeito que me fez perceber que, se eu continuasse, talvez ganhasse um elogio ou duas provocações.

── Bom, imagino que estamos de acordo em ao menos uma coisa, então. Desafiador é mais interessante ─ retrucou.

Fiquei satisfeito com a resposta. Afinal, não estava interessado no comum. Não era o que me atraía em nada, nem ninguém. E, por enquanto, Sophie Verstappen estava longe de ser alguém comum.

── Acho que a gente vai se esbarrar de novo ─ comentei, jogando a última provocação do dia antes de seguir em direção ao meu boxe.

De costas, ouvi Sophie soltar uma risada discreta, o tipo de resposta que não se dá pra qualquer um.

Talvez esse fim de semana fosse mais interessante do que eu pensava.

𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃𝐒 𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐁𝐄𝐍𝐄𝐅𝐈𝐓𝐒, Oscar PiastriOnde histórias criam vida. Descubra agora