O céu escurecia, tingido de tons de roxo e laranja enquanto as luzes da cidade começavam a se acender. Gabriel e Patrick permaneceram para trás, enquanto os outros se dispersavam em direção às suas casas. No silêncio que os envolvia, havia uma compreensão implícita, como se ambos soubessem exatamente o que o outro estava pensando, sem precisar perguntar.
Gabriel olhou para o chão, chutando uma pedrinha com o pé. Havia um peso em sua voz quando finalmente falou, um cansaço que ia muito além do físico. “Não tô com pressa de ir pra casa,” disse, tentando manter o tom leve, mas incapaz de disfarçar o que sentia.
Patrick observou Gabriel, e algo apertou em seu peito. Ele mesmo não queria voltar para a própria casa, onde o caos era constante e onde sempre havia a ameaça de uma nova briga, um novo motivo para se machucar. Ele conhecia a sensação de precisar fugir de um lugar que deveria ser um lar. “Você acha que eu tô? Prefiro qualquer lugar do que aquele inferno.”
Os dois se olharam, e naquele instante, Patrick percebeu que Gabriel o entendia. Não apenas o ouvia, mas verdadeiramente compreendia. Era um sentimento novo e desconcertante, essa conexão que começava a florescer, algo que Patrick nunca sentira por ninguém. Com os outros, tudo era vazio, passageiro, sem profundidade. Ele sempre via as pessoas como brinquedos ou distrações, mas com Gabriel… algo era diferente.
“Quer… ficar mais um pouco comigo?” Gabriel sugeriu, quebrando o silêncio com um tom suave, quase inseguro, como se estivesse oferecendo algo frágil e precioso. Patrick assentiu sem pensar duas vezes. Ele queria ficar. Queria mais do que qualquer outra coisa.
Eles caminharam até um parque próximo, silenciosos, mas o silêncio era confortável, cheio de uma cumplicidade que os dois nem sabiam que existia. Sentaram-se em um banco, próximos, mas não se tocando, como se houvesse uma barreira invisível que eles temiam cruzar. Patrick, sem perceber, encarava Gabriel com um olhar intenso, observando cada detalhe do rosto dele, desde a curva suave dos lábios até a profundidade das sobrancelhas franzidas de preocupação.
Por fim, Patrick se inclinou devagar, apoiando a cabeça no ombro de Gabriel. Ele nunca tinha sentido esse tipo de vulnerabilidade, essa abertura em si que parecia ao mesmo tempo dolorosa e libertadora. “Você sabe que eu sou um desastre quando o assunto é… sentimentos, né?” Ele murmurou, a voz soando frágil. Havia algo em seu peito que queimava, uma intensidade que ele nunca imaginou que sentiria por alguém, ainda mais de maneira tão real e profunda.
Gabriel riu baixinho, e a vibração de seu riso ecoou pelo corpo de Patrick, confortando-o de uma maneira que ele não conseguia explicar. “E eu sou um desastre com relacionamentos,” respondeu, com um toque de humor. Gabriel apoiou a cabeça sobre a de Patrick, fechando os olhos por um momento, sentindo o peso daquele instante.
E Patrick, pela primeira vez, deixou-se realmente sentir. Ele percebeu que Gabriel não era um brinquedo, não era uma distração para passar o tempo. Ele era… real, intenso, um mistério que Patrick ansiava descobrir. Essa descoberta era quase assustadora, como se algo dentro dele estivesse sendo arrancado e reconstruído, cada emoção crua e honesta. Ele nunca quis tanto alguém em sua vida — não de forma superficial, mas de maneira genuína, ao ponto de desejá-lo para muito além de um momento passageiro.
“Será que… somos uma boa dupla?” Patrick perguntou, num tom de brincadeira, mas com uma seriedade que não conseguiu esconder. O coração dele batia rápido, e ele quase sentia medo de olhar diretamente para Gabriel, como se o peso desse sentimento fosse demais.
Gabriel sorriu e apertou levemente a mão de Patrick, dando-lhe uma sensação de segurança que ele nunca soubera que precisava. “Acho que somos a melhor dupla,” respondeu, a voz baixa e suave, carregada de uma afeição que eles ainda não ousavam chamar de amor, mas que ambos sabiam que estava ali, nascendo, crescendo devagar.
Eles ficaram assim, abraçados, enquanto o céu escurecia ao redor. E, em meio à escuridão, Patrick soube que, ao lado de Gabriel, ele não estava mais sozinho. Pela primeira vez, alguém não era apenas um espectador ou uma sombra — era alguém que importava de verdade, que ele queria proteger, cuidar, e talvez, quem sabe, amar.
O silêncio entre eles era profundo, quase sagrado, enquanto o mundo ao redor parecia sumir, deixando apenas o som suave da respiração de Gabriel e Patrick. Os olhos de Patrick vagaram, fixando-se nos lábios de Gabriel sem que ele se desse conta. Estavam ali, tão perto. Bastava se inclinar um pouco mais, atravessar aquela distância mínima entre eles, para finalmente descobrir o que seria… o que poderia ser.
Gabriel parecia perceber. Ele também não afastou o olhar, os olhos azuis atentos aos de Patrick, quase como se estivessem conversando sem palavras. Um misto de desejo e hesitação dançava em sua expressão. E, pouco a pouco, ambos começaram a inclinar-se um para o outro, como se fossem puxados por uma força inevitável, algo que os prendia, os aproximava.
Os rostos estavam tão próximos que Patrick podia sentir a respiração de Gabriel contra sua pele, quente e suave, cada exalação provocando um arrepio que subia pela sua coluna. Era uma sensação intensa, quase impossível de ignorar, e o coração de Patrick batia rápido, descompassado. Ele queria aquilo, queria mais do que qualquer coisa… mas ao mesmo tempo, um medo inexplicável lhe apertava o peito.
Eles ficaram assim, suspensos naquele instante, os lábios quase se tocando, as respirações entrecortadas. Gabriel entreabriu os lábios, um suspiro escapando sem que ele percebesse, como uma resposta ao desejo palpável que se formava entre eles, pesado e silencioso. Era uma tensão viva, algo que parecia queimá-los de dentro para fora, e o ar ao redor se tornava denso, carregado.
Mas então, no último segundo, algo despertou nos dois — uma súbita consciência, uma lembrança de que estavam ali, na realidade, e que aquele momento, embora tentador, ainda era algo desconhecido e assustador demais. Patrick foi o primeiro a se afastar, devagar, seu rosto ruborizando enquanto desviava o olhar, como se estivesse envergonhado pela própria vulnerabilidade. Gabriel também se afastou rapidamente, as bochechas levemente coradas, quase como se ele tivesse sido pego em um ato que ele próprio não tinha plena certeza de querer.
Os dois ficaram ali, em um silêncio constrangedor e hesitante, sem saber como quebrar o clima que havia se formado. Gabriel limpou a garganta, um riso nervoso escapando. “Então… acho que está ficando tarde,” murmurou, ainda evitando o olhar de Patrick.
Patrick apenas assentiu, ainda processando o que quase acontecera, seu coração ainda batendo rápido. Não era só o desejo, percebia ele — havia algo mais profundo e aterrador ali, algo que mexia com ele de uma maneira que nunca imaginou que seria possível.
E então, ainda sem palavras, eles se separaram, cada um carregando consigo o peso daquele quase-beijo. Um desejo suspenso, uma expectativa não realizada, mas que deixava ambos em um estado de ansiedade e anseio, esperando, inconscientemente, pelo próximo instante em que aquela tensão pudesse finalmente se resolver.
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"Seus lábios estavam tão próximos que o desejo quase transbordava, mas o medo de atravessar aquela linha os segurou, deixando apenas a promessa de algo que ainda estava por vir."_____________
1. Que lindinhos💖
2. Gostaram?
3. Adoraria a opinião de vcs para cada personagens^^
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☆•○《✨𝐵𝓇𝑜𝓀𝑒𝓃 𝑀𝒾𝓇𝓇𝑜𝓇𝓈✨》○•☆
FanfictionEm Derry, onde a escuridão e o medo se entrelaçam, Patrick Hockstetter, um jovem atormentado por sua mente fragmentada, acredita ser o único real em um mundo cheio de ilusões. Sua vida muda quando três novos alunos chegam à escola, cada um trazendo...