Recomeço - Richard Rios

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— R I C H A R D   R I O S —

Era uma daquelas tardes no CT, o clima estava quente, e o treino tinha acabado de terminar. Eu estava mais relaxado, sabendo que o dia finalmente estava chegando ao fim. Fui me aproximando do vestiário, conversando com alguns dos caras, quando ouvi um barulho vindo do lado de fora. Olhei rapidamente e vi a Clara, minha mulher, em pé do lado de fora do campo, com um olhar que não era nada bom.

— Caralho, o que foi agora, Montoya? — pensei, mas não falei nada. Vi ela olhando fixamente para uma fã que se proximava de mim com um sorriso largo no rosto. Uma dessas fãs que não tem noção do limite, sabe? A menina estava lá, todo sorriso, e nem tentava esconder que estava ali só para me dar atenção.

Ela chegou e, com uma cara de quem já sabia que tinha toda a minha atenção, falou:

— Oi, Richard! Como foi o treino? — com aquele olhar, sabe? Aquele olhar que não tem malícia, mas cê percebe que ela estava mais interessada em algo além do simples “oi”.

Eu sorri de volta, como sempre faço com os fãs, mas percebi que a Clara estava ali, observando tudo, e seus olhos estavam fixos nela, com um brilho diferente. Como se algo dentro dela tivesse começado a ferver. Eu sabia que estava prestes a ser pego no meio disso, mas ainda tentei continuar a conversa.

— Treino bom, só mais um dia de trabalho, você sabe como é. — Falei, tentando ser educado, mas minha atenção já começava a se voltar para a Clara, que não estava mais tão disfarçando o olhar.

A menina, felizmente, foi embora depois de algumas palavras, mas a tensão no ar estava bem clara. Quando me virei, lá estava ela, a Clara, com um olhar de quem já estava prestes a estourar.

— Você tá de sacanagem, Richard? — ela disse, com a voz tremendo de raiva, mas tentando se controlar. Ela odiava quando eu dava atenção demais para essas fãs. E eu sabia disso. Mas, porra, ela também sabia que eu nunca ia desrespeitar ela.

— Relaxa, amor, foi só uma fã. — Falei, tentando me aproximar e dar a mão a ela, mas ela me afastou com um gesto rápido.

— Não, não é só uma fã! Eu te vejo toda hora com essas meninas e... e o que eu sou pra você, porra? — Ela estava realmente chateada, e eu podia perceber a dor nas palavras dela. E me fodi, porque eu sabia que estava exagerando dessa vez.

Tentei me aproximar, mas sabia que a Clara tinha um orgulho danado e que a primeira coisa que ia fazer era se afastar e ficar com o pé atrás.

— Cê sabe que eu te amo, princesa mas você tem que entender que, eu sou jogador, tem sempre essas coisas... Não tem motivo pra ficar com ciúme, mi amor. — Tentei explicar, tentando suavizar o clima, mas, como sempre, a Clara não estava fácil.

— Eu não sou ciumenta, Richard. Mas parece que toda vez é assim. Tá sempre dando atenção pra essas menininhas e eu fico aqui, olhando! — Ela estava quase gritando, e eu sabia que a coisa estava ficando séria.

— Calma, branquinha relaxa, não é nada disso, eu te amo. Não tem mais ninguém, só você. — Eu falei, me aproximando e tentando tocar no rosto dela, mas ela me empurrou.

Ela me olhou, respirou fundo e, com aquele olhar de quem estava prestes a me dar uma lição, disse:

— Eu não sou uma dessas fãs, Richard. Então, não espera que eu fique quieta quando vejo você sendo todo simpático e bonzinho com qualquer uma.