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A grama alta acaricia suas mãos suavemente. As gaivotas dançam no céu. Um arrepio percorre seu corpo, a brisa do mar é fria, especialmente no pico do penhasco. De sua posição, você tem visibilidade sobre a costa. As ondas quebram nas rochas à sua esquerda e, à sua direita, uma vasta praia de areia se estende.
Você está aqui há horas, é seu lugar favorito. Você ama a terra em que vive, mesmo que recentemente tenham ocorrido certos desenvolvimentos curiosos em sua rotina. Há algum tempo, deste mesmo penhasco, você foi o primeiro a avistá-lo.
O louco que falava outra língua e trabalhava madeira. Ele estava em mau estado, desnutrido, quando chegou à costa em um pequeno barco. Você o levou para sua mãe, Pekitaulet. Apesar da cautela, seu povo o acolheu. No entanto, todos vocês estavam um pouco nervosos, ele não poderia estar sozinho, poderia? Então você esperou o resto de seu povo chegar. Esperou e esperou, até que um dia, outro barco atracou.
Nos primeiros dias, sua tribo foi cuidadosa. Eles deixaram os recém-chegados sozinhos, só para ver o que fariam. Eles eram menos que você, afinal. Vocês poderiam se defender se algo acontecesse.
Sua mãe, sabendo o quão curioso você era, proibiu você de chegar perto deles. Ela não queria que você tomasse a mesma decisão precipitada que tomou com Floki, o louco. Certamente foi preciso todo o seu esforço para não se aproximar deles, mas você conseguiu. No entanto, você não conseguia deixar de olhá-los de longe.
Assim como Floki, eles eram fascinantes. Eles usavam roupas tão diferentes e agiam ainda mais. Você queria aprender mais sobre eles. Ainda assim, esse interesse em sua cultura não era nada comparado ao que fazia você se sentir especificamente um deles. Você o viu em sua primeira exploração ilícita, ele se portava como o líder. Alto, com ombros largos, cabelos claros e olhos de uma cor que você só viu em Floki. No entanto, eles eram de um tom diferente, muito mais brilhantes. Olhos azuis. Sua mãe já havia lhe dito antes que olhos azuis significavam perigo. Mas que lindo perigo ele era. Você estava tão completamente encantada por ele que ele quase te pegou uma vez. Você jura que ele te viu; seus olhos se conectando com os dele. Mas então ele foi embora. Talvez ele não tenha te visto, afinal.
Poucos dias depois, eles encontraram seu acampamento. Eles estavam seguindo os rastros que seu povo colocou para eles, e eles compraram. Você ainda se lembra do olhar cauteloso em seus olhos quando viram seu povo. Você ainda se lembra do olhar de Ubbe (você aprendeu o nome dele então) quando ele viu você. Ele estava apaixonado. Você sabia então que ele realmente tinha visto você antes. Você queria questionar por que ele não disse nada, mas você mal conseguia entendê-lo. Isso seria algo para você perguntar quando pudesse se comunicar mais.
