(To face unafraid the plans that we've made)
MON
Os dias que seguiram a coletiva de imprensa foram exaustivos, mais do que eu podia imaginar. A sensação de alívio por termos finalmente contado a verdade logo deu lugar a uma ansiedade constante, um estado de alerta que fazia cada mensagem, cada ligação e cada notificação parecer um pequeno estilhaço na nossa paz.
Sam tentava lidar com o impacto da melhor forma que conseguia, mas eu sabia que ela também estava cansada. Na noite depois da coletiva, mal conseguimos dormir. Ficamos rolando na cama, trocando olhares silenciosos no escuro e segurando a mão uma da outra como se fosse nossa única âncora em meio ao turbilhão de notícias e especulações que surgiam.
E então, Nop lançou aquele vídeo. O tom calmo e controlado dele me deixou com um gosto amargo na boca. Ele falava com um ar de vulnerabilidade, sugerindo que havia algo que eu não estava contando, algo que ele sabia e que estava, no fundo, disposto a "perdoar". As redes sociais enlouqueceram, e não demorou muito para que as pessoas começassem a questionar nossa versão dos fatos. "Será que Mon traiu Nop?", diziam alguns. "Será que Sam é mesmo inocente em tudo isso?", diziam outros. As especulações e comentários começaram a ganhar uma proporção que eu não sabia como controlar.
Sam, sempre tentando me proteger, dizia que deveríamos ignorar tudo, que "não valia a pena gastar energia com esse tipo de coisa". Mas eu via a dor nos olhos dela. A calma de Nop não era só um ataque à minha reputação; era uma provocação, um jogo psicológico que nos fazia questionar cada movimento, como se tudo o que tivéssemos feito fosse passível de ser destruído com um simples vídeo. Aquilo estava afetando a todos ao nosso redor.
Depois de dois dias de tensão crescente, percebemos que continuar na cidade seria um desastre. A imprensa estava em nossa cola, e mesmo no clube, a pressão aumentava. Tudo o que fazíamos era interpretado de uma maneira ou de outra. Eu sabia que precisávamos de uma pausa, de um espaço onde pudéssemos nos reconectar e lembrar de quem éramos fora desse caos.
Foi Sam quem sugeriu, numa madrugada, quando estávamos em silêncio, apenas ouvindo as notificações do telefone vibrando como um lembrete constante da situação que tínhamos criado.
"E se a gente fugisse por um tempo?", ela disse, com a voz baixa, como se estivesse compartilhando um segredo. Me virei para ela, observando seu rosto na penumbra. Havia um brilho de esperança em seus olhos, como se, por um segundo, ela conseguisse enxergar uma saída, um lugar onde o peso de tudo isso não nos alcançasse.
"Fugir?", perguntei, embora soubesse que ela estava certa, que aquilo fazia sentido.
"Sim," ela disse, dando de ombros. "Passar o Natal em algum lugar distante. Só nós duas, sem redes sociais, sem entrevistas, sem... passado." A última palavra saiu com um toque de dor, e eu soube que ela também estava machucada com tudo que aconteceu. Toda essa exposição a deixou vulnerável, e eu sabia que a culpa, mesmo que não fosse minha, pesava sobre nós duas.
A ideia me soou absurda e maravilhosa ao mesmo tempo. Fugir não resolveria nossos problemas, mas seria uma pausa, uma chance de respirar e as festas de final de ano parecia o momento certo para isso. Sorri, sentindo que, por mais improvável que fosse, aquilo poderia funcionar. Não precisávamos de muito: um lugar distante, onde ninguém nos conhecesse, onde pudéssemos passar o Natal em paz e nos preparar para o que viesse depois.
Nos dias seguintes, fizemos os preparativos discretamente. Enquanto ela tentava manter o ânimo, se ocupando com pequenos detalhes sobre o lugar onde íamos ficar, eu lidava com a parte prática, cancelando compromissos e avisando ao clube que ficaríamos fora por um tempo. Por sorte, o técnico parecia compreender a situação e já pretendia liberar o time para os feriados. Ele nos olhou com uma mistura de compaixão e preocupação quando fomos ao clube para avisá-lo pessoalmente. "Vocês merecem um tempo longe disso tudo," ele disse, embora houvesse uma sombra de dúvida em seu rosto. "Mas tomem cuidado. A pressão vai estar ainda maior quando voltarem."
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I HATE LOVE YOU
FanfictionMon e Sam, rivais no futebol inglês, enfrentam competição e segredos em Manchester. Sentimentos proibidos desafiam a dinâmica esportiva, revelando que a linha entre rivalidade e romance é tão fina quanto as traves de um gol.