Entre Linhas e Destinos: BSD x ORV

Capítulo 26 - O Labirinto da Alma

Aki, Dalcora e Kim Dok Ja continuaram suas investigações, explorando os recantos mais ocultos do mundo em busca de uma solução. Eles viajaram para locais distantes, onde magos antigos e eremitas guardavam saberes esquecidos. Mas à medida que se aproximavam da resposta, algo os impedia de avançar. O vínculo entre Aki e Kim Dok Ja parecia ficar mais tênue a cada dia.

Uma noite, enquanto todos estavam em um refúgio temporário, Kim Dok Ja teve um pesadelo. Ele acordou abruptamente, com a respiração pesada e o olhar perdido.

"Aki..." ele sussurrou, sua voz trêmula. "Você é... você é a única coisa que me lembro. Mas por que eu me sinto... tão distante de você?"

Aki se aproximou dele, seu coração apertando. "Você se lembra de mim, pelo menos? Não vou deixar você esquecer."

Kim Dok Ja balançou a cabeça, um olhar vago em seus olhos. "Eu... eu não sei. Algumas coisas vêm à minha mente, mas são como sombras, algo que já não posso mais tocar. Aki, eu não sou quem eu era. Eu não sou mais o mesmo homem."

"Não, você é o mesmo. Eu sei que você é," Aki insistiu, as palavras saindo com um fervor renovado. Ela não poderia aceitar que ele estivesse se apagando diante dela. "Não importa o que aconteça, eu vou te trazer de volta. Juntos, nós vamos conseguir. Só precisamos de mais tempo."

Mas, em seu íntimo, Aki sabia que o tempo estava contra eles. Algo dentro de Kim Dok Ja estava quebrado, e nem mesmo o mais poderoso dos feitiços poderia consertá-lo. A alma dele havia sido fragmentada, e ela não sabia como restaurá-la.

Em sua busca desesperada, Aki e Dalcora ouviram falar de um ser que se dizia capaz de manipular as almas de maneira mais eficaz do que qualquer mago ou feiticeiro. Um guardião de almas, alguém que vivia nas margens da realidade, longe do alcance dos mortais. Eles não tinham certeza se ele existia, mas o nome de "Korin" começou a se tornar mais frequente nos sussurros dos antigos textos.

"Korin é uma lenda," Dalcora explicou, a dúvida evidente em sua voz. "Dizem que ele é o único capaz de reconstruir uma alma fragmentada. Mas ele vive além dos limites que entendemos como realidade. Acessá-lo é quase impossível."

"É nossa única chance," Aki respondeu, seus olhos determinados. "Se ele pode restaurar a alma de Kim Dok Ja, então não há mais tempo a perder. Vamos atrás dele."

Eles viajaram mais uma vez, desta vez para o coração de uma floresta escura e densa, onde o véu entre os mundos era mais tênue. Após dias de viagem, finalmente encontraram o local onde o guardião supostamente residia: um templo antigo, coberto por vinhas e envolto em uma névoa densa.

Ao entrarem no templo, um frio estranho os envolveu. O ar estava pesado, como se o próprio tempo ali fosse distorcido. No centro da sala, uma figura alta e imponente estava parada, olhando fixamente para eles.

"Eu esperava por vocês," disse a voz de Korin, suave, mas com uma força esmagadora. Ele não parecia humano, mas também não era completamente uma entidade. Seus olhos eram profundos e vazios, como se carregassem séculos de sabedoria e sofrimento.

Aki deu um passo à frente. "Por favor, você tem que ajudar. Minha alma gêmea, Kim Dok Ja, não é mais o mesmo. Ele foi trazido de volta, mas... algo está quebrado dentro dele. Ele não se lembra de quem ele é, e eu preciso dele de volta."

Korin observou Aki com interesse, seus olhos brilhando com uma luz indescritível. "O que você deseja, jovem? Você está disposta a pagar o preço por restaurar a alma de alguém que pode não mais ser quem era?"

Aki não hesitou. "Eu faria qualquer coisa."

Dalcora se aproximou, preocupado. "Aki, você não sabe o que isso pode significar. Restaurar uma alma pode ter consequências que nem mesmo o guardião conhece."

Mas Aki olhou firme para o guardião. "Não me importa. Eu não posso viver sabendo que ele está perdido. Ele me pertence, e eu não vou deixá-lo ir."

Korin sorriu enigmaticamente, a expressão dele mais enigmática do que nunca. "Então, você está pronta para a verdadeira jornada, não apenas para resgatar sua alma gêmea, mas para aceitar o que ele pode se tornar?"

Aki, sem hesitar, assentiu. "Sim. Eu estou pronta."

O guardião ergueu a mão e, com um gesto, a sala foi preenchida por uma luz intensa. Algo estava prestes a mudar, algo que nem mesmo Aki poderia prever.