Capítulo 28 - O Luto de Uma Alma Perdida

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Aki ficou ajoelhada ao lado do corpo sem vida de Dalcora. A dor que sentia era como uma ferida aberta que jamais poderia cicatrizar. Cada segundo parecia uma eternidade, enquanto ela encarava o rosto sereno de seu irmão. Ele havia dado sua vida por ela, e agora ela se perguntava se valia a pena continuar.

Kim Dok Ja ficou em silêncio, respeitando o momento. Ele sabia o que era perder alguém importante e sentia a mesma dor que Aki. Apesar de sua alma ainda não estar totalmente restaurada, ele podia perceber a intensidade do sofrimento dela. No fundo, sentia-se impotente.

Chuuya e Dazai chegaram logo depois, os rostos marcados pela exaustão e pelo choque. Ao verem Dalcora, a tensão nos olhos deles se transformou em algo mais sombrio. Eles conheciam a dor da perda e entendiam o peso daquele momento.

"Aki," Chuuya começou, com a voz hesitante, mas firme, "ele morreu por você. Não deixe isso ser em vão."

Ela ergueu os olhos, vermelhos de tanto chorar. "Você acha que é tão simples assim? Ele era meu irmão! Como eu vou continuar sem ele?"

Dazai suspirou, cruzando os braços. "Ninguém disse que é simples. Mas você tem uma escolha: honrar o sacrifício dele ou afundar no desespero. Qual é a sua resposta, Aki?"

Ela abaixou a cabeça, lutando para organizar seus pensamentos. O vazio dentro dela parecia insuportável, mas, no fundo, ela sabia que Dalcora não queria que ela desistisse. Ele havia se sacrificado para que ela tivesse uma chance de viver — para que ela pudesse continuar.

Kim Dok Ja colocou a mão no ombro dela. Sua presença era silenciosa, mas significativa. "Ele deu tudo por você porque acreditava em quem você é. Não deixe essa fé desaparecer."

As palavras dele ecoaram em sua mente. Dalcora sempre acreditou nela, mesmo quando ela não acreditava em si mesma. Ele a amava incondicionalmente, e agora, tudo o que ela podia fazer era honrar esse amor.

Respirando fundo, Aki se levantou lentamente, ainda sentindo o peso da dor. "Eu vou continuar," disse, com a voz trêmula, mas decidida. "Não vou deixar o sacrifício dele ser em vão. Vou encontrar um jeito de acabar com tudo isso e... talvez até trazer ele de volta."

As palavras dela deixaram todos em alerta. "Trazer ele de volta?" Chuuya questionou, franzindo o cenho. "Aki, você sabe o quão perigoso isso é?"

"Eu sei," ela respondeu, seu olhar determinado. "Mas eu não me importo. Eu vou encontrar um jeito. Assim como fiz por Kim Dok Ja."

Aki, Kim Dok Ja e os outros enterraram Dalcora em um pequeno campo nos arredores da cidade. O túmulo era simples, mas carregado de significado. Aki segurava uma das medalhas que Dalcora sempre usava, apertando-a contra o peito enquanto dizia um adeus silencioso.

Depois da cerimônia, a equipe voltou para o esconderijo. Aki passou a maior parte do tempo sozinha, estudando os textos que Dalcora havia deixado para trás. Ele sempre fora o estudioso, o estrategista, e agora ela precisava assumir esse papel. Cada página era um lembrete doloroso de sua perda, mas também um guia para o futuro.

Enquanto isso, Kim Dok Ja a observava à distância, preocupado. Ele sabia que ela estava se forçando além do limite. Mesmo com sua alma ainda incompleta, ele sentia a energia dela desmoronando lentamente.

"Você não pode continuar assim," ele disse, entrando no quarto onde ela estava.

"Eu não tenho escolha," ela respondeu sem olhar para ele. "Se eu parar, nunca vou conseguir."

Kim se aproximou, colocando a mão sobre os papéis que ela lia. "Dalcora não ia querer isso. Ele não ia querer que você se destruísse."

Aki finalmente ergueu o olhar, as lágrimas escorrendo silenciosamente por seu rosto. "Eu sinto falta dele, Kim. Sinto como se uma parte de mim tivesse morrido junto com ele."

Kim suspirou e a abraçou delicadamente, permitindo que ela se apoiasse nele. "Eu sei como é isso. Mas você não está sozinha. Não enquanto eu estiver aqui."

Aki fechou os olhos, permitindo-se chorar em silêncio por alguns momentos. Mas, no fundo, ela sabia que precisava continuar. Não por ela mesma, mas por Dalcora e por tudo o que ele acreditava.

Dias depois, Aki encontrou uma pista em um dos textos antigos: uma menção a uma relíquia capaz de manipular a própria essência da alma. O "Orbe da Ressurreição" era dito ser uma lenda, mas sua descrição parecia combinar com o que ela buscava.

Ela apresentou a ideia ao grupo, recebendo olhares de preocupação.

"Você realmente quer mexer com algo tão perigoso?" Chuuya perguntou, cruzando os braços. "Esse tipo de poder sempre tem um preço."

"Eu sei que tem," Aki respondeu. "Mas eu não me importo. Se há uma chance de trazer Dalcora de volta, eu vou arriscar."

Dazai inclinou a cabeça, observando-a com um sorriso enigmático. "Bem, isso certamente será interessante. Mas espero que você esteja pronta para lidar com as consequências."

Kim Dok Ja olhou para ela, seus olhos cheios de preocupação. "Se você for, eu vou com você."

"Eu também," disse Chuuya, relutante. "Se você insistir nessa loucura, alguém precisa garantir que você não se mate no processo."

Dazai deu de ombros. "Parece que temos uma nova missão, então. Vamos encontrar esse Orbe."

A equipe partiu em busca do Orbe da Ressurreição, um artefato lendário que, segundo os registros, estava escondido em um templo esquecido nas profundezas de uma floresta densa. Aki liderava a expedição, determinada a seguir qualquer pista que pudesse trazer seu irmão de volta. Mesmo que o peso da culpa e da saudade a consumisse, ela sabia que não poderia desistir.

Kim Dok Ja, Chuuya e Dazai a acompanhavam de perto. A tensão entre eles era palpável, especialmente porque sabiam que estavam lidando com forças que não entendiam completamente. Cada passo que davam os aproximava mais de um destino incerto.

"Então, Aki," começou Chuuya, tentando aliviar o clima enquanto cortavam caminho por entre os arbustos. "O que exatamente você espera encontrar lá? Você realmente acredita que esse Orbe vai resolver tudo?"

Aki parou por um momento, encarando-o. "Eu não sei, Chuuya. Mas se há uma chance, mesmo que mínima, eu tenho que tentar."

"E se o preço for alto demais?" Dazai perguntou, seu tom sério, algo raro. "Esses tipos de artefatos sempre têm consequências. Você está pronta para lidar com isso?"

Aki hesitou. No fundo, ela sabia que nada seria simples, mas não podia desistir. "Eu já perdi demais. Não posso perder mais ninguém. Se isso me custar algo, eu vou aceitar."

Kim Dok Ja olhou para ela, seu coração apertado. Ele sabia que Aki carregava uma dor insuportável, mas temia que esse desejo de trazer Dalcora de volta pudesse destruí-la no processo.

Entre Linhas e Destinos: BSD x ORVOnde histórias criam vida. Descubra agora