Capítulo 29 - O Guardião do Templo

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Após dias de viagem, o grupo finalmente chegou ao local indicado nos textos de Dalcora. O templo era antigo, suas ruínas escondidas por musgos e vinhas. Havia uma atmosfera pesada no ar, como se algo os estivesse observando. Aki respirou fundo antes de entrar, sentindo o peso da responsabilidade em seus ombros.

Assim que pisaram no interior do templo, uma voz ecoou, grave e intimidadora. "Quem ousa perturbar o descanso deste lugar sagrado?"

Uma figura surgiu das sombras. Um homem alto, de aparência etérea, com olhos brilhantes como estrelas e uma presença que fazia o ar ao redor parecer mais denso. Ele segurava uma lança adornada com símbolos misteriosos.

"Somos viajantes em busca do Orbe da Ressurreição," Aki respondeu, tentando manter a calma. "Precisamos dele."

O guardião riu, uma risada que parecia um trovão. "Muitos vieram antes de vocês com o mesmo pedido, e todos falharam. O que faz vocês acreditarem que são dignos?"

"Eu não sei se somos dignos," Aki admitiu, erguendo o queixo. "Mas meu irmão deu sua vida por mim. Ele acreditava que eu podia fazer a diferença. E eu não vou deixá-lo ir sem lutar."

O guardião a observou por um momento, como se estivesse avaliando a sinceridade em suas palavras. "O Orbe não é um objeto comum. Ele carrega o poder de alterar o equilíbrio entre vida e morte. Para obtê-lo, você deve provar sua determinação. E esteja ciente: o preço será alto."

Antes que Aki pudesse responder, o guardião ergueu a lança. O chão abaixo deles começou a se mover, e o templo foi transformado em um campo de batalha. Criaturas formadas por sombras emergiram, cercando o grupo.

"Se você deseja o Orbe, lute e prove que seu coração é forte o suficiente para carregá-lo," o guardião declarou, desaparecendo nas sombras.

A batalha começou com intensidade. As criaturas eram rápidas e ferozes, e o grupo teve que trabalhar em equipe para sobreviver. Kim Dok Ja usava sua experiência para coordenar os movimentos, enquanto Chuuya e Dazai combatiam com suas habilidades formidáveis. Aki, apesar do cansaço emocional, lutava com uma ferocidade que surpreendia a todos.

As criaturas pareciam infinitas, e o grupo estava começando a se desgastar. Foi então que Aki percebeu algo: as criaturas reagiam à emoção. Quanto mais ela lutava com raiva e dor, mais fortes elas ficavam. Ela precisaria encontrar outra forma de vencer.

"Aki!" Kim Dok Ja gritou, desviando de um ataque. "Elas estão ligadas às suas emoções! Você precisa se acalmar!"

Ela fechou os olhos por um momento, respirando fundo. Em sua mente, visualizou o rosto de Dalcora. Ele sempre fora a voz da razão, a calma no meio do caos. Se ele estivesse ali, o que diria?

"Confie em si mesma, Aki," ela sussurrou, como se pudesse ouvir a voz dele em sua mente. "Você pode fazer isso."

Aos poucos, Aki começou a lutar de forma diferente, não com raiva, mas com foco. Sua determinação era inabalável, e as criaturas começaram a enfraquecer. Os outros perceberam a mudança e seguiram seu exemplo, lutando com estratégia em vez de emoção descontrolada.

Após um esforço conjunto, as criaturas foram derrotadas, dissipando-se no ar como fumaça. O guardião reapareceu, desta vez sem sua lança. Ele os observou com algo que parecia ser respeito.

"Vocês provaram ser dignos," ele disse, erguendo a mão. Um pedestal surgiu do chão, e sobre ele estava o Orbe da Ressurreição. Sua luz dourada era quase hipnotizante, irradiando uma energia poderosa.

Aki se aproximou, hesitante. "É isso? Eu posso usá-lo para trazer meu irmão de volta?"

O guardião assentiu. "Sim. Mas lembre-se: toda vida restaurada cobra uma dívida. Está preparada para enfrentar as consequências?"

Aki não hesitou. "Eu aceito."

Aki segurava o Orbe da Ressurreição com as mãos trêmulas. Sua luz dourada iluminava o rosto dela, refletindo tanto esperança quanto medo. Kim Dok Ja e os outros permaneceram em silêncio, seus olhares fixos no artefato que prometia realizar o impossível.

"Como isso funciona?" Aki perguntou ao guardião.

"Coloque o Orbe sobre o túmulo daquele que deseja trazer de volta," explicou o guardião. "Concentre-se em sua memória, em quem ele era, e canalize seu desejo de trazê-lo de volta. Mas lembre-se: a energia do Orbe exige um equilíbrio. Ele tomará algo de valor equivalente."

Kim Dok Ja franziu o cenho. "E se o preço for maior do que imaginamos? Você não pode simplesmente dar algo assim sem saber o que está arriscando."

O guardião o encarou com um olhar frio. "A escolha é dela, não sua."

Aki engoliu em seco, olhando para Kim com uma expressão firme. "Eu já tomei minha decisão. Se houver consequências, eu aceitarei."

Dazai suspirou e deu um passo à frente. "Bem, se você for mesmo fazer isso, acho melhor fazermos isso rápido. Não sabemos quanto tempo temos antes que algo — ou alguém — venha atrás de nós."

Chuuya bufou. "Você realmente sabe como ser otimista, não é, Dazai?"

Com o Orbe em mãos, Aki se dirigiu ao túmulo de Dalcora. A lápide simples agora parecia imponente sob a luz dourada. Ela se ajoelhou, colocando o Orbe sobre o túmulo, e fechou os olhos, concentrando-se nas memórias de seu irmão: seu sorriso, suas brincadeiras irritantes, o conforto que ele sempre oferecia nos momentos difíceis.

A energia ao redor começou a mudar. O Orbe brilhou intensamente, emitindo uma pulsação que reverberava pelo ar como o som de um coração batendo. O chão tremeu, e uma aura de calor envolveu todos os presentes.

"Está funcionando," Chuuya murmurou, seus olhos arregalados de surpresa.

Mas, assim que o brilho atingiu seu pico, um grito de dor ecoou. Aki caiu para trás, segurando o peito enquanto uma dor lancinante a atravessava. Kim Dok Ja correu para segurá-la.

"Aki! O que está acontecendo?" ele gritou, desesperado.

O guardião observava em silêncio, seus olhos fixos na cena. "O Orbe está cobrando seu preço."

A luz começou a se concentrar em um único ponto, tomando a forma de uma figura. Primeiro, era apenas uma silhueta, mas logo os traços ficaram claros. Dalcora estava de pé, vivo, respirando. Ele parecia confuso, seus olhos piscando contra a luz que desaparecia gradualmente.

"Aki?" ele chamou, sua voz cheia de incerteza.

Kim Dok Ja ajudou Aki a se levantar, enquanto ela lutava para recuperar o fôlego. Quando viu seu irmão, lágrimas escorreram por seu rosto. "Dalcora... você voltou."

Ele a olhou, sua expressão mudando para algo entre alívio e preocupação. "Você... o que você fez? Isso não era para acontecer."

Antes que ela pudesse responder, um som estrondoso ecoou. O Orbe, agora vazio de energia, começou a se desfazer em poeira dourada. Mas, junto com isso, o templo começou a tremer violentamente, como se o próprio espaço estivesse desmoronando.

"O que está acontecendo?" Chuuya gritou, tentando manter o equilíbrio.

O guardião apareceu novamente, sua expressão sombria. "Vocês romperam o equilíbrio. A vida devolvida sempre exige uma consequência. Este templo não existe mais para protegê-los."

Dazai riu, ainda que de forma tensa. "Bem, parece que conseguimos mais do que esperávamos. Vamos sair daqui antes que tudo caia sobre nossas cabeças."

Entre Linhas e Destinos: BSD x ORVOnde histórias criam vida. Descubra agora