DURANTE a final da Copa América, Aurora Giay, uma torcedora argentina, em um momento de frustração, ela arremessa uma garrafa de água na cabeça de um jogador colombiano, Richard Ríos, o que ela não esperava é que ele era o melhor amigo do seu irmão...
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São Paulo, Brasil 09:00AM
Richard Rios Acordei com Aurora deitada sobre o meu peito, tentando processar o que tinha acontecido na noite anterior. Ainda estava um pouco confuso, não conseguia entender direito o que me levou até ali. Levantei com cuidado para não acordá-la e, depois de dar uma olhada nela, fui até o quarto.
Quando entrei, Giay já estava acordado, o que não era bom.
— E aí, mano, já tá acordado? — perguntei, tentando parecer casual enquanto caminhava em direção ao banheiro.
Antes que eu pudesse entrar, ouvi a voz dele, meio desconfiada.
— Por acaso você dormiu com a minha irmã?
Fiquei em silêncio, tentando bolar uma resposta. Como é que eu ia explicar para ele que sim, eu dormi com a irmã dele?
— Nem adianta mentir — ele disse, quase me fazendo rir de nervoso.
— Mas foi ela que pediu — falei, me virando para encará-lo.
Giay me olhou fixamente.
— Ritcha, eu te falei que não queria vocês dois juntos — ele falou com um tom sério. — A Aurora é complicada.
Suspirei, tentando manter a calma.
— Relaxa, mano. Eu não tô afim dela. Só fui fazer companhia pra ela. — Tentei amenizar a situação, mas não consegui evitar a tensão.
Giay me olhou com desconfiança.
— Rolou alguma coisa? — ele perguntou, levantando uma sobrancelha.
— Não — falei, engolindo seco.
Giay continuou me encarando por um tempo, mas parecia tentar decidir se acreditava ou não.
— Não faz besteira, Ritcha. Você sabe como ela é. — Ele cruzou os braços, ainda meio desconfiado.
— Tá tranquilo, cara. Eu sei onde é meu limite. — Forcei um sorriso, tentando encerrar o assunto.
Ele balançou a cabeça e se virou, pegando o celular em cima da cama. Aproveitei a deixa e fui direto para o banheiro. Enquanto a água caía no meu rosto, tentei organizar os pensamentos. Por que eu tinha dito que não estava afim dela? Será que eu realmente acreditava nisso? Aurora me confundia, sempre tinha confundido. E agora, com o Giay no meio, a situação parecia ainda mais complicada.
Quando saí do banheiro, Giay já estava mexendo na geladeira na cozinha. Aurora ainda não tinha descido, então sentei no balcão e observei ele preparar café.
— E a Aurora, ainda tá dormindo? — Giay perguntou casualmente, mas eu sabia que ele estava sondando.
— Deve estar. Ontem ela tava com insônia, só isso. — Dei de ombros, tentando desviar o foco.
Ele me lançou um olhar, mas não disse nada. O silêncio foi quebrado pelo som de passos na escada. Aurora apareceu, com os cabelos bagunçados e a expressão de quem ainda estava meio dormindo.
— Bom dia, vocês já estão de pé? — ela perguntou, ignorando completamente o clima tenso.
— Bom dia, dorminhoca — falei, tentando aliviar a tensão. — Te deixei dormir mais um pouco.
Giay cruzou os braços e olhou para ela.
— Dormiu bem, Rora? — ele perguntou, o tom carregado de insinuações.
Ela parou por um segundo, percebendo o que estava acontecendo, mas escolheu não dar corda.
— Dormi, obrigada por perguntar. — Respondeu com um sorriso forçado e foi até a geladeira.
Eu só observava, esperando para ver até onde aquilo ia. Aurora sabia se sair de situações assim, mas Giay não era burro. Ele estava atento, e nós dois precisávamos ser cuidadosos.
— Queria saber por que os dois dormiram juntos.
Aurora parou no meio do caminho até a geladeira e se virou, encarando o irmão.
— Dormimos juntos? Tá doido, Giay? — Ela tentou desconversar, mas eu sabia que não ia colar.
Ele deu um passo à frente, cruzando os braços.
— Não adianta, Aurora. Eu vi a porta do seu quarto aberta de madrugada e vocês dois lá. Pode explicar? — Ele olhou diretamente para mim, esperando uma resposta.
Suspirei, sabendo que não tinha como fugir dessa.
— Ela não tava conseguindo dormir, então pediu pra eu fazer companhia. Foi só isso. — Respondi, mantendo o tom tranquilo.
— Só isso? — Giay perguntou, olhando de um para o outro.
Aurora bufou e colocou as mãos na cintura.
— Credo, Giay. Você age como se eu não soubesse me cuidar. Foi só companhia, nada demais. Relaxa.
Ele continuou olhando desconfiado, mas não parecia querer brigar.
— Vocês dois sabem que isso pode acabar dando merda, né? Principalmente pra você, Ritcha. Se ela ficar chateada com alguma coisa já sabe né
— Ah, me poupe, Giay! — Aurora interrompeu, revirando os olhos. — Eu sei o que tô fazendo. Você não precisa bancar o pai aqui, tá?
Eu observei os dois discutirem, mas preferi ficar calado. Melhor ela resolver isso do que eu me meter. Depois de um tempo, ele soltou um suspiro e balançou a cabeça.
— Tá bom, mas fiquem espertos. Não quero ter que intervir depois. — Ele pegou a xícara de café e saiu da cozinha.
Quando ele finalmente sumiu de vista, Aurora se virou para mim e arqueou as sobrancelhas.
— Ele acha que é quem pra dar sermão? — murmurou, voltando a mexer na geladeira.
— Acho que ele só quer proteger você. — Respondi, dando de ombros.
— Nem precisa, sei muito bem o que faço.
Ela pegou um copo de suco e me olhou, com um pequeno sorriso no canto da boca.
— E você, sabe?
— Sempre. — Sorri de volta, mas por dentro sabia que essa história ainda ia render.
