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Dia seguinte

                                                                                            Sofia

Hoje fazem 24h que enterrei meu pai, e eu não sei explicar o quão difícil está sendo passar por toda essa merda. Eu me sentia tão forte, e agora me sinto uma menininha indefesa.

Amanhã Matteo assumirá a Camorra e ficará como Don. Pelo simples fato de mulheres não poderem ocupar cargos de liderança em máfias. Machistas.

Dormi no nosso quarto essa noite, assim que chegamos do funeral, mas logo que chegamos Matteo saiu e não retornou até o momento, pelo menos eu acho que não. Meu coração apertou só de imaginar que ela tenha ido se encontrar com outra mulher, eu sei que ele não ficaria aqui e me ajudaria a passar pelo luto, mas porra.

Levantei da cama e fui fazer minha higiene matinal, coloquei uma blusinha rosa com um short jeans, o quarto estava bem gelado mas eu sabia que fazia sol lá fora pois vi pela janela.

Desci as escadas e a casa estava totalmente silenciosa. Fui até a cozinha e encontrei Matteo. Ele estava com uma blusa branca social, com os botões abertos, seu cabelo estava bagunçado e ele estava bebendo um copo de whisky. Não devia passar das 8h e ele já estava bebendo?

Ele sentiu minha presença e seu olhar parou em mim, me analisando de cima a baixo.

- Venha aqui - ele disse e eu hesitei por um momento, mas senti seu olhar queimar sobre mim.

Resolvi não criar caso e fui até ele. Pedindo a Deus baixinho que ele não dissesse palavras que me machucassem, eu não suportaria agora. 

Assim que cheguei perto dele, em um rápido movimento ele me colocou sentada no balcão de frente pra ele, de forma que ele ficasse entre as minhas pernas. Que porra ele queria agora?

- Ontem quando te deixei em casa, eu fui para uma das boates que sou dono - ele disse enquanto olhava em meus olhos.

Aquilo me doeu mais do que eu demonstrei. Porém não estava surpresa, ele deixou claro que me machucaria.

- Tudo bem - eu disse com a voz falha - Não precisa continuar, estamos casados mas você não deve satisfação, somente eu, certo? - perguntei enquanto tentava descer do balcão, mas ele segurou em minha cintura.

- Eu fui pra lá - ele disse com os olhos presos aos meus - Porque eu queria esquecer - disse enquanto segurava em meu queixo - Queria esquecer a forma que eu te vi no funeral do seu pai. Porra Sofia, você é forte - ele disse e pude ver seus olhos brilhando. Lindo. - Mas te ver daquela forma, chorando, eu não consigo porra - Ele disse e eu ainda o encarava sem entender onde ele queria chegar - Você não deveria chorar nunca, de tristeza não. Você não merece toda essa merda que aconteceu na sua vida. Você não mereceu essa merda que eu te fiz passar. Mas ainda assim eu sou egoísta o suficiente, pra falar que eu faria tudo de novo pra ter você aqui, onde você está - ele disse olhando em meus olhos.

- Independente do passado, eu estaria aqui hoje - eu disse com sinceridade - Esse acordo ocorreria, e nossos caminhos se cruzariam - eu disse por fim. Era a verdade.

- Você estava destinada a ser minha, e eu quero que seja minha porque você deseja isso, você não é um acordo - Ele disse por fim. Que porra ele queria? - Quero que seja minha como foi a 7 anos atrás, porque você escolheu isso.

- Matte.. - eu comecei a falar mas ele me interrompeu.

- Não aconteceu nada essa noite, eu fui a boate e queria tentar me distrair, eu jamais tocaria em outra mulher tendo você aqui, o que aconteceu em sua primeira noite foi a porra de um teatro, nenhuma chegaria perto do que você me faz sentir, eu queria só te machucar, porque porra, você levou meu coração embora quando me deixou a 7 anos atrás - Ele disse e eu lutei contra a vontade de chorar. Eu sabia que ele estava falando a verdade.

Mas o que ele queria dizer com isso? 

Nas Mãos do Capo - (Irmãos Ricci)Onde histórias criam vida. Descubra agora