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                                                                                             Sofia

Meu maior pesadelo aconteceu. Ele me encontrou, e da pior forma possível. Agora eu seria amarrada a ele até o fim da minha vida.
Anos fugindo, para o destino me colocar no caminho dele mais uma vez.

Havíamos descido juntos e o vi conversando com o irmão e outros convidados. Chiara se aproximou de mim novamente. Quando ela subiu pra conversar comigo ela conseguiu me acalmar, e eu sei que quando disse que faria o possível para se manter por perto ela não estava mentindo. Ela também tinha um casamento arranjado com o irmão de Matteo, mas pelo jeito que ela olhava pra Lorenzo eu vi que ali tinha amor, no meu caso...

- Vai ficar tudo bem - ela disse quando segurou em minha mão.

E sem pensar muito, eu a abracei. Eu havia me privado de amigos durante todos esses anos, e saber que eu teria alguém do meu lado faria toda a diferença. Ela retribuiu o abraço e senti pessoas se aproximando. Nos desgrudamos e vi que Matteo e meu pai haviam chegado.

Rapidamente Chiara se despediu e foi ao encontro de Lorenzo, sumindo de vista.

O que me acalmava era saber que eu ainda tinha uma semana livre dele. O casamento só ocorreria daqui a 7 dias e enquanto isso, não precisaríamos estar juntos, foi dessa forma que meu pai me explicou.

- Ela vai embora comigo hoje - Matteo disse enquanto mantinha seus olhos grudados aos meus. Eu os vi queimar por um momento.

- Sabemos que em casamentos arranjados vocês só precisam ir morar juntos quando o casamento for consumado - meu pai disse enquanto olhava pra Matteo, que em nenhum momento desviou o olhar de mim.

- O casamento já foi consumado a anos atrás, quando ela abriu as pernas pra mim, esqueceu? - ele disse com a sua voz divertida, dessa vez se virando pro meu pai. Meu rosto queimou de vergonha, ele queria me humilhar de todas as formas possíveis.

Meu pai apenas abaixou a cabeça sabendo que não teria o que fazer. Me pai estava doente, com câncer já em estado terminal, sabia o esforço que ele estava fazendo, achando que estaria me mantendo segura, visto que eu como mulher, jamais ocuparia um lugar na linha de frente da máfia. Vi que meu pai estava com semblante cansado.

- Tá tudo bem papa - eu disse e segurei em sua mão, e então ele olhou nos meus olhos, ali eu sabia que ele tinha me perdoado, por ter sido tão ingênua a anos atrás - Me desculpe por tudo - eu disse e senti uma lágrima queimar em meu rosto.

- Você sempre vai ser a minha menina, e eu sempre vou estar ao seu lado - Ele disse e me abraçou. Porque aquilo parecia uma despedida?

- Matteo - ele disse enquanto olhava pro demônio ao meu lado - Peço por favor que me deixe ver minha filha amanhã, preciso conversar algumas coisas familiares com ela - ele disse e Matteo semicerrou os olhos - Você pode estar presente, claro, agora você é a família dela - a ânsia de vômito que aquilo me causou.

- Pensarei sobre o assunto - ele disse e segurou com força em minha mão - Agora vamos - ele me arrastou sem deixar tempo para eu me despedir.

Comecei a andar mais rápido enquanto ele me puxava pela mão, se eu não me equilibrasse iria cair a qualquer momento. 

Seu motorista abriu a porta de trás do carro e eu entrei, logo após isso Matteo entrou ao meu lado e se sentou também. Ele estava com um sorriso debochado no rosto. A vontade que eu tive de quebrar todos aqueles dentes perfeitos naquele momento quase me dominou.

Se passaram alguns minutos e por todo o percurso pude sentir seu olhar me queimando. O ignorei a todo momento e olhava somente para a janela, mesmo estando escuro e eu não conseguindo enxergar nada.

Após um tempo que eu acredito ter sido uns 40 minutos chegamos até a sua casa. Casa eu estava sendo até modesta, aquilo era uma mansão. Linda.

Descemos do carro e dessa vez ele não me arrastou, apenas andou na minha frente. Finalmente, porra.

Os portões se abriram e passamos por uma espécie de jardim com uma fonte na frente. A porta da casa se abriu e fiquei boquiaberta. Tudo em seu devido lugar, a casa era incrível e impecável, tinha uma escada que dava direto ao segundo andar que acredito que seja onde fiquem os quartos. Quartos, merda.

A porta se fechou atrás de mim e Matteo parou em minha frente. 

A casa estava um silêncio e aquilo estava estranho. Na casa de meu pai sempre tiveram pessoas que ajudavam nos serviços, assim que chegávamos havia uma moça que segurava nossos casacos, nos oferecia algo, e por aqui não via nada disso.

- Você deveria estar aqui só semana que vem - ele disse e pude notar o tom sombrio em sua voz - Mas depois que descobri quem você era, hmmm - ele disse enquanto sorria - Mudei todos os meus planos, dispensei até mesmo alguns ajudantes meus aqui de casa - eu ainda não tinha entendido onde ele queria chegar. Ele fez sinal com a mão para eu segui-lo e assim eu fiz.

Passamos pela cozinha e por fim chegamos a uma portinha. Ele a abriu e vi uma cama, com um pequeno guarda roupas, uma mesinha com cadeira e um abajur. Além disso tinha uma porta dentro de quarto, que acredito que seria um banheiro.

- Aqui vai ser o seu quarto - ele disse simples e uma interrogação se formou em meu rosto - Você além de me servir - ele disse e lambeu os lábios maliciosamente - Vai servir a minha casa, lavar, cozinhar, limpar - ele disse e eu não pude acreditar naquilo.

Ele achava que estaria me humilhando dessa forma? A moça que cuidava da minha casa sempre foi como uma mãe pra mim, e eu adorava ajudá-la nas coisas. É claro que eu não fazia muito, mas sabia fazer muitas coisas.

Apenas acenei com a cabeça e dei um sorriso debochado. Ele não iria entrar na minha mente da forma que queria. 

- Mais alguma coisa chefe? - eu perguntei enquanto o encarava.

- Te aconselho a não sair desse quarto hoje - ele disse - Não esperava que minha futura esposa viesse pra cá hoje, então fiz outros planos - terminando de dizer isso ele saiu do quarto. Mas que porra.

O caralho que eu vou ficar trancada aqui o tempo todo. 

Mas pensamento bem, eu estava exausta, não iria debater mais, eu realmente precisava ficar sozinha.

Eu estava ainda com aquele vestido longo e lembrei que não tinha nenhuma roupa aqui. Maldito Matteo. Amanhã quando eu fosse a casa do meu pai, pegaria minhas coisas.

Resolvi apenas tirar os sapatos e me deitar na cama.

Assim que meu corpo relaxou eu senti a primeira lágrima escorrer. Porque isso estava acontecendo comigo? Porque ele me odiava tanto, se quem saiu mais machucada do passado fui eu? 

Chorei até pegar no sono, até que levantei assustada. Ouvi o barulho de algo quebrando e me levantei da cama. É claro que a casa não estava sendo invadida, aquilo era uma fortaleza.

Abri a porta devagar e sai, após alguns passos cheguei a cozinha, e depois a sala gigante.

Vi um copo quebrado no chão e quando olhei pro sofá meu coração parou.

Que porra era aquela?


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aiaiai, eaiii, o que acham que é? hahahahaha

até o próximo amores, espero que gostemm 


Nas Mãos do Capo - (Irmãos Ricci)Onde histórias criam vida. Descubra agora