「CAPÍTULO UM」

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「Capítulo 1 - Cobra Kai」

Victoria respirou fundo antes de abrir a porta do dojo do Cobra Kai. O som das vozes e dos pés batendo no chão, o cheiro de suor e esforço no ar, tudo aquilo parecia uma preparação para o que estava por vir. Ao dar o primeiro passo, a sensação de entrar em um território desconhecido tomou conta dela. Seu coração acelerou um pouco, mas logo a imagem de sua mãe, Jane, surgiu em sua mente. O nervosismo deu lugar a uma sensação de força. Jane sempre a incentivou a ser fiel a si mesma, a ser corajosa o suficiente para seguir seus próprios caminhos, mesmo quando o mundo ao seu redor parecia desmoronar.

Desde pequena, o nome "Cobra Kai" era uma palavra proibida em casa. Seu pai, Daniel, falava sobre o dojo com desprezo, com repulsa quase palpável. Era como se o simples fato de mencionar o nome fosse suficiente para apagar qualquer vestígio de dignidade. Mas Jane nunca se importou com as restrições de Daniel. Ela sempre confiou em Victoria, acreditando que a filha precisava fazer suas próprias escolhas e aprender da maneira dela. Mesmo que isso significasse se distanciar um pouco do caminho tradicional.

Agora, ali estava Victoria, com o espírito de sua mãe guiando-a. Ela estava pronta para dar o próximo passo em busca da força que tanto desejava. Sua mãe sempre falava sobre encontrar a verdadeira força interior. E, naquele momento, Victoria sentiu que tinha encontrado algo — uma energia renovada, talvez um pouco ingênua, mas cheia de esperança. Ela estava se libertando da sombra do seu pai, estava pronta para ser alguém diferente, alguém mais forte.

Ao entrar no dojo, o ambiente denso e carregado de energia se destacou imediatamente. Era um espaço de luta, mas também de hierarquia e tensão. Cada canto parecia exalar determinação. Os sons de socos e chutes no saco de pancadas eram ritmados e imperturbáveis, e os alunos praticavam com uma intensidade concentrada. Havia uma vibração, uma energia palpável no ar, algo que instigava o desejo de estar ali, de ser parte daquele mundo.

Mas foi então que ela o viu. Terry Silver. Ele estava a uma distância de alguns metros, observando a nova aluna com um olhar afiado, como se estivesse avaliando mais do que suas habilidades físicas. Sua postura era imponente, seu sorriso, confiante, quase enigmático. Ele parecia saber exatamente quem ela era, e, ao se aproximar, a aura de poder que irradiava era inegável.

— Bem-vinda ao Cobra Kai. Sou Terry Silver — disse ele, estendendo a mão de maneira firme, mas sem pressa. — E você é…?

Victoria olhou para ele com uma mistura de respeito e cautela. Ela apertou sua mão com força, sentindo a determinação de sua própria presença. Não poderia mostrar fragilidade. Não agora.

— Victoria — respondeu, sua voz firme, sem hesitação. — Quero aprender a lutar de verdade. Quero ser mais forte do que sou agora.

Terry a avaliou por um momento, os olhos observando-a como se estivesse examinando não apenas seu físico, mas algo mais profundo, algo que ela nem mesmo sabia que estava ali.

— Preciso verificar se você tem potencial — comentou ele, com uma expressão que era parte desafio, parte curiosidade. — Mas me diga, Victoria, por que veio até aqui, sendo que seu pai também tem um dojo?

As palavras de Terry eram mais do que simples perguntas. Elas eram um convite para ela se expor, para revelar suas intenções. Ele estava tentando entender o que a motivava a tomar essa decisão. Ela poderia sentir que havia algo a mais ali — uma estratégia, um jogo psicológico. Mas Victoria não hesitou. Ela estava decidida.

Ela pensou nas palavras de Jane, sua mãe. Antes de sair de casa, Jane havia dito: “Seja honesta consigo mesma, filha. Só assim você vai encontrar o que procura.” E Victoria sabia que tinha que ser genuína agora, se quisesse seguir seu caminho.

Então, ela respirou fundo e respondeu, com os olhos fixos nos dele:

— Quero ser forte. Forte o suficiente para ser notada... e para não precisar de ninguém que não me valorize. Quero ser alguém que, quando entrar em uma sala, todos saibam o meu valor sem que eu precise pedir isso. Meu pai… ele sempre foi tão distante. Ele nunca acreditou em mim de verdade.

Terry sorriu levemente, seus olhos se suavizando um pouco. Havia algo nele que parecia se conectar com o que ela estava dizendo. Ele conhecia aquela necessidade de ser reconhecido, de se afastar de algo que a aprisionava. E, talvez, por isso, sentiu que ela estava no lugar certo.

— Então você está no lugar certo — disse ele, com uma calma que soava como uma promessa. — Aqui, não hesitamos. Cobra Kai vai te ensinar a ser exatamente quem você deseja ser.

Victoria sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A maneira como ele disse aquelas palavras parecia mais do que um simples ensinamento. Havia algo por trás delas, algo que a atraía e ao mesmo tempo a fazia se questionar.

Ela sabia o que ele significava. Mas, ao mesmo tempo, não podia deixar de perceber que, pela primeira vez, alguém a estava vendo de uma forma diferente. Não havia expectativas de ser a filha perfeita, a menina comportada. Não havia julgamentos sobre quem ela era ou o que poderia se tornar. Terry parecia enxergar exatamente o que ela precisava ser.

Ali, no dojo do Cobra Kai, ela sentiu uma sensação de pertencimento. Não sabia o que o futuro traria, mas sabia que aquele era um novo começo. Ela estava se preparando para mudar. E talvez, apenas talvez, fosse a oportunidade de realmente se libertar do peso de sua história, da sombra de seu pai, e encontrar a força que tanto desejava.

Terry a observou por um momento, percebendo a intensidade em seu olhar. Ele sabia que aquela jovem era diferente. Ela estava cheia de algo, de uma energia que ele poderia manipular para seus próprios fins, mas também sabia que ela poderia ser uma aliada valiosa. Quando ela o olhou de volta, com a cabeça erguida e uma determinação recém-descoberta, Terry soube que, de alguma forma, ela seria mais do que uma simples aluna para ele.

Era o início de um caminho traiçoeiro, mas também de uma transformação que ele observava com interesse.

— Vamos começar — disse ele, com um sorriso quase imperceptível, que deixava claro que o jogo acabara de começar.

AMOR PROIBIDO | TERRY SILVER - COBRA KAI |Onde histórias criam vida. Descubra agora