Na manhã seguinte, a polícia chega ao hospital para interrogar Gabriel sobre o acidente. O ambiente no quarto é tenso, mas o rapaz, ainda fraco e dolorido, tenta se manter firme diante dos investigadores.
— Você tem ideia de quem poderia querer te matar? — pergunta o policial, com um olhar sério e atento.
Gabriel respira fundo, refletindo. Ele não queria acusar ninguém sem provas, mas, no fundo, sabia que só havia uma pessoa capaz de tentar algo tão extremo.
— Gustavo... — ele responde baixinho, mas com convicção.
Milla, que estava ao lado de Gabriel, se sobressalta com a resposta. O coração dela dispara. Até então, não tinha considerado a possibilidade de que seu ex-namorado fosse capaz de ir tão longe. No entanto, as lembranças das ameaças que ele fizera no hospital rapidamente emergem na mente dela. Tudo começa a fazer sentido, e um frio percorre sua espinha.
— Meu Deus... — sussurra ela, quase sem fôlego.
Os policiais trocam olhares e fazem anotações rápidas.
— Vamos localizar Gustavo — diz um deles, com voz firme. Em seguida, eles se retiram, deixando no ar a promessa de que tomariam providências imediatas.
Enquanto isso, Gustavo já estava alerta. Seu celular vibra com uma mensagem de Yasmin: "A polícia tá atrás de você. Se cuida."
Com os nervos à flor da pele, Gustavo responde de forma ríspida, com uma ameaça direta: "Se eu cair, você cai junto. Não esquece que você também tem culpa nessa história." Yasmin sente o sangue gelar. Ela havia ajudado Gustavo pensando que tudo sairia do controle apenas temporariamente, mas agora estava claro que o buraco era mais fundo do que ela imaginava.
Enquanto a polícia inicia sua busca, César finalmente toma coragem para ir ao quarto do filho. Ele caminha devagar até a porta, respirando fundo antes de entrar.
— Preciso falar com você a sós — diz César, lançando um olhar significativo para Milla.
Ela hesita por um instante, preocupada com o que pode acontecer, mas decide deixar os dois sozinhos.
Gabriel já esperava uma repreensão severa, como de costume. Seus ombros se encolhem automaticamente, preparando-se para ouvir mais cobranças. Mas, para sua surpresa, ao invés de um sermão, sente os lábios do pai tocarem sua testa em um beijo inesperado e silencioso.
— Me desculpa, filho... — diz César, com a voz embargada.
Gabriel o encara, incrédulo. Aquela era a última coisa que esperava ouvir do pai.
— Eu sei que peguei pesado com você. Só queria o seu bem, mas acabei sufocando... — continua César, lutando contra as lágrimas. — Eu estou orgulhoso do homem que você está se tornando, Gabriel.
O coração do rapaz se enche de uma emoção que ele não sabia que precisava sentir. As palavras de aprovação, que tanto esperou durante toda a sua vida, finalmente saíam da boca do pai. Sem conseguir conter, as lágrimas começam a escorrer por seu rosto.
— Obrigado, pai... — sussurra Gabriel, com a voz entrecortada.
César o envolve num abraço apertado, e Gabriel corresponde sem hesitação. Pela primeira vez, sentia que não precisava provar nada, apenas ser ele mesmo.
Os dois permanecem ali, em silêncio, compartilhando um momento de redenção e alívio.
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Arquitetando Amor
RomansIntrodução: Arquitetando Amor narra a envolvente história de um médico e uma arquiteta que, por acaso do destino, se cruzam de maneira inesperada. Cada um segue sua própria trajetória, com desafios e sonhos, mas seus caminhos, como se estivessem al...