CAPÍTULO 16

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Três meses haviam se passado desde que Gabriel e Milla começaram a namorar, e a reforma da ala pediátrica estava quase concluída. Os dois passeavam pelos corredores recém-pintados, admirando o resultado com orgulho.
A sensação de missão cumprida era inegável, e Gabriel, com um sorriso terno, segurou o rosto de Milla entre as mãos, depositando um beijo suave em seus lábios.

— Parabéns, meu amor. Você fez um trabalho incrível — elogiou ele, acariciando os cabelos dela.

— Obrigada, Gabriel. — Milla sorriu radiante e envolveu-o em um abraço apertado. — Mas... você não está esquecendo nada? — perguntou, um brilho travesso nos olhos.

Gabriel franziu o cenho por um instante, mas logo se lembrou.

— Aniversário de três meses, né? — Ele riu de leve, percebendo a indireta.

Milla se aproximou ainda mais, encostando os lábios em seu ouvido.

— Acho que talvez tenha chegado o nosso dia... — sussurrou ela.

Ele a olhou nos olhos, a expressão cheia de carinho e cuidado.

— Tem certeza? Não precisamos apressar nada... Podemos esperar um pouco mais, se você quiser.

Milla ficou surpresa por um instante, mas compreendeu a preocupação genuína no olhar dele.

— Eu quero, Gabriel. Estou pronta para dar esse passo com você.

Ele sorriu, emocionado com a confiança dela. Aquela noite seria inesquecível para ambos.

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Ao final da tarde, Gabriel deixou o hospital e foi em direção à sua moto no estacionamento. Vestiu o capacete e acelerou para a rua, sem perceber que estava sendo seguido de perto. Gustavo, à espreita em seu carro, tinha um plano cruel em mente.

Em alta velocidade, Gustavo alcançou Gabriel e, sem hesitar, começou a jogar o carro para cima da moto. O impacto foi inevitável: Gabriel perdeu o controle, a moto derrapou violentamente, e ele foi arremessado contra o asfalto. O som de pneus cantando e metal se arrastando ecoou pela rua. Gustavo fugiu antes que alguém pudesse vê-lo.

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Enquanto isso, em casa, Milla se arrumava, ansiosa para o encontro. Sentia o coração leve, cheia de expectativas. Pegou o celular para ligar para Gabriel, mas ele não atendeu. Tentou de novo e de novo, até que, finalmente, alguém atendeu a chamada.

— Quem está falando? Onde está o Gabriel? — perguntou ela, já sentindo o desespero crescer em sua voz.

— Ele sofreu um acidente de moto. Estão levando ele para o hospital.

Milla ficou paralisada por um segundo, o celular quase caindo de suas mãos. Assim que desligou, correu para o elevador, o coração disparado.

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No hospital, Gabriel já havia sido socorrido, mas seu estado era delicado. Tinha várias fraturas, e os médicos faziam o possível para estabilizá-lo. Seus pais, César e Ângela, estavam devastados.
O pai, que por tanto tempo havia se distanciado do filho com brigas e desentendimentos, agora sentia o peso do arrependimento.
Em silêncio, ele prometeu a si mesmo que, se Gabriel saísse dessa, as coisas seriam diferentes.

Milla chegou ao hospital ofegante e encontrou Letícia, que lhe deu um abraço rápido, mas tenso.

— Como ele está? — perguntou Milla, aflita.

— Ele está fora de risco, mas... o estado ainda é preocupante. Fraturas múltiplas  — explicou Letícia, tentando manter a calma.

Antes que Milla pudesse responder, Yasmin surgiu do nada, tomada pela raiva.

— Isso é culpa sua! — gritou Yasmin, apontando o dedo para Milla. — Se ele não estivesse com você, nada disso teria acontecido!

Milla, tomada pela indignação, não se conteve.

— Você está louca? Eu nunca faria mal a ele! — E, sem pensar duas vezes, deu um tapa estalado no rosto de Yasmin.

Letícia se colocou entre as duas antes que a situação piorasse.

— Yasmin, vá embora! Você está descontrolada — ordenou Letícia, firme.

Com um olhar furioso, Yasmin saiu dali, bufando de raiva.

Pouco depois, um dos médicos apareceu no corredor e se dirigiu ao grupo.

— Ele está estável. Não houve fraturas internas graves, e conseguimos estabilizar as demais. Em breve, ele será transferido para um quarto.

O alívio tomou conta de todos. Milla soltou um suspiro profundo, como se, finalmente, pudesse respirar novamente.

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Algum tempo depois, Gabriel foi levado para um dos quartos. O ambiente ainda cheirava a desinfetante, mas Milla não se importava. Sentou-se ao lado dele, segurou sua mão com carinho e beijou seus dedos.

— Eu não vou te deixar sozinho, Gabriel. — Sua voz saiu como um sussurro, cheia de ternura.

Gabriel abriu os olhos lentamente, piscando para se acostumar à luz do quarto.

Quando viu Milla ali, um sorriso cansado, mas sincero, se formou em seus lábios.

— Pensou que ia se livrar de mim? — brincou ele, a voz fraca, mas cheia de bom humor.

Milla deu um tapinha leve no braço dele, fingindo repreensão.

— Não fale isso nem de brincadeira!

Eles trocaram um olhar cheio de cumplicidade e amor. Apesar de tudo, o mais importante era que estavam juntos.

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