Arquitetando Amor

CAPÍTULO 12

À tarde, Milla vai para a aula. Ela ainda não havia contado a novidade para sua amiga Beatriz, mas estava ansiosa para dividir tudo. As duas se encontram na sala, antes da aula começar, e Milla solta a bomba:

— Amiga, eu terminei com o Gustavo.

Beatriz dá um longo suspiro, como se uma nuvem escura tivesse saído de cima dela.

— Até que enfim! — ela responde, aliviada. — Eu já não aguentava mais ver você se anulando por aquele traste.

Milla sorri, sentindo-se compreendida. Mas sabia que ainda tinha mais para contar:

— Então… tem outra coisa. Agora eu estou com o Gabriel.

Bia arregala os olhos, a boca formando um perfeito "O" de surpresa. Por um segundo, ela não acredita. E, antes de se conter, dá um grito entusiasmado e abraça Milla com força.

— DEUS É MAIS, AMIGA! Que glow up! Se livrou de um embuste e agora tá com um homem de verdade! Que reviravolta!

As duas riem, cúmplices, mas o momento é interrompido. Gustavo, que havia acabado de entrar na sala e ouvira tudo, parado na porta. O rosto dele se contrai de raiva. Sem pensar duas vezes, ele se aproxima, pronto para causar.

— Ah, essa aí mal terminou comigo e já tá com outro? — diz ele, com o tom carregado de sarcasmo e amargura. — Sabe-se lá com quantos mais ela estava, né?

Milla sente o impacto das palavras como um soco no estômago, mas antes que pudesse responder, Beatriz se levanta num pulo, com os olhos faiscando.

— Olha aqui, Gustavo! — começa Beatriz, colocando as mãos na cintura, como quem não vai aceitar desaforo. — Milla não é desse tipo de mulher, não! O problema é que você não sabe perder. Não se conforma que perdeu uma mulher incrível e agora vai ficar jogando seu veneno pra cima dela?

A sala toda começa a prestar atenção na discussão. Alguns colegas trocam olhares cúmplices, outros mexem no celular, esperando uma confusão maior.

Nesse momento, Sara — a professora — entra na sala, e sua expressão muda ao perceber o clima tenso. Ela avança sem hesitar e, antes que Gustavo pudesse responder, se impõe com um olhar severo.

— O que está acontecendo aqui? — pergunta, a voz firme e autoritária.

Gustavo balança a cabeça, se fazendo de vítima.

— Nada, professora... Só estava conversando com essas duas aí.

Sara ergue a mão, pedindo silêncio.

— Gustavo, você lembra que está falando da minha filha, certo? — diz ela, e o ar parece congelar ao redor. — Eu sugiro que tenha um pouco mais de respeito.

Gustavo fica desconcertado. Ele sabia que Sara era a mãe de Milla, mas nunca imaginou que ela o confrontaria assim, na frente de todos. Sem ter mais o que dizer, ele dá um passo para trás, tentando manter alguma dignidade.

— É melhor se comportar — continua Sara, fria. — Agora, todos sentados. A aula vai começar.

Gustavo encara Milla e Beatriz por mais alguns segundos, ainda cheio de raiva, mas acaba se afastando e indo para o seu lugar.

Milla solta o ar que nem sabia que estava prendendo. Beatriz aperta a mão dela de leve, como quem diz: "Tô contigo."

Com a sala em silêncio, Sara começa a aula, mas Milla sabe que a confusão com Gustavo está longe de acabar.