O avião pousou em Dallas sob um céu azul claro, típico do Texas. O calor já se fazia sentir mesmo antes de desembarcarmos, e eu me preparei mentalmente para os dias intensos que estavam por vir. Os jogos estudantis eram uma das maiores oportunidades do ano, e eu não podia me dar ao luxo de distrações. Principalmente uma distração chamada Casey Gardner.
Enquanto pegávamos nossas malas, Hayley, Tasha, Rachel e eu já estávamos planejando os treinos e estratégias para os jogos. Hayley, sempre a mais animada do grupo, não parava de falar sobre os olheiros que poderiam estar assistindo.
— Izzie, você tá pronta pra quebrar tudo? UCLA ainda tá de olho, mas quem sabe você não chama a atenção de mais alguma universidade? — ela disse, empolgada, enquanto arrumava a mochila.
— Tô focada, Hayley. Só quero jogar o melhor que puder, e já escolhi UCLA, só preciso impressioná-los de verdade— respondi, tentando manter a calma. Mas, no fundo, a pressão estava lá. UCLA era um sonho, mas eu sabia que precisava manter a cabeça no lugar.
No hotel, os quartos foram divididos em grupos de quatro. Naturalmente, fiquei com Hayley, Tasha e Rachel. Casey, por outro lado, ficou com Sharice, Tania e Lia. Eu sabia que ela estaria por perto, mas estava determinada a evitar qualquer contato desnecessário. Não era o momento para dramas pessoais.
No primeiro dia, os jogos começaram intensos. O ginásio estava cheio de equipes de todo o país, e a energia era eletrizante. Enquanto eu me alongava, senti aquele frio na espinha que sempre vem quando sei que alguém está me observando. Olhei rapidamente para o lado e lá estava ela. Casey, de uniforme de basquete, com a bola debaixo do braço, me encarando de longe. Nossos olhos se encontraram por um segundo, mas eu desviei o olhar imediatamente.
— Izzie, você tá bem? — Rachel perguntou se aproximando, percebendo minha hesitação.
— Tô ótima. Vamos lá, o jogo já vai começar — respondi, tentando parecer mais confiante do que me sentia.
Os dias seguintes foram uma mistura de treinos, jogos e tentativas de manter a distância de Casey. Mas não era fácil. Ela estava em todo lugar. No café da manhã, no corredor do hotel, no ginásio durante os treinos. Parecia que, quanto mais eu tentava evitá-la, mais ela aparecia no meu caminho.
Uma noite, depois de um treino particularmente cansativo, eu estava no quarto com Hayley, Tasha e Rachel, revisando as jogadas para o próximo jogo. De repente, alguém bateu na porta. Hayley foi atender, e eu ouvi a voz de Sharice do lado de fora.
— Ei, pessoal, a gente tá indo pra uma festinha no quarto do Max. Vocês vão?
— Festinha? — Hayley perguntou, animada.
— É, só pra relaxar um pouco antes dos jogos de amanhã. Todo mundo vai — Sharice respondeu.
Eu já sabia onde isso ia dar. Se "todo mundo" estava indo, isso incluía Casey. E eu não estava no clima para festas, muito menos para encarar ela.
— Vocês podem ir, mas eu vou ficar. Preciso descansar — falei, tentando parecer indiferente.
— Ah, vem, Izzie! Você tá se pressionando demais. Um pouco de diversão não vai te matar — Tasha insistiu.
— Não, sério. Prefiro ficar. Mas se divirtam — respondi, firme.
Elas tentaram me convencer por mais alguns minutos, mas no final, Hayley, Tasha e Rachel foram sem mim. Fiquei sozinha no quarto, tentando me concentrar nas jogadas, mas minha mente não parava de vagar. Será que Casey estava na festa? Será que ela estava pensando em mim tanto quanto eu estava tentando não pensar nela?
No dia seguinte, o primeiro jogo oficial começou. O ginásio estava lotado para a partida de volei, e a energia era palpável. Enquanto eu me preparava para entrar em quadra, senti aquele frio na espinha de novo. Dessa vez, não precisei olhar para saber que era Casey. Ela estava nas arquibancadas, assistindo ao jogo. Eu sabia que ela tinha o próprio jogo mais tarde, mas ali estava ela, me observando.
Tentei ignorar, focar no time. E deu certo. Voei como nunca, com levantes precisos e arremessos certeiros. Quando o jogo terminou, estávamos comemorando a vitória, e eu mal podia acreditar no quanto tinha me superado.
Mas, ao sair da quadra, lá estava ela de novo. Casey, com um sorriso tímido, segurando uma garrafa de água.
— Izzie, você foi incrível — ela disse, estendendo a garrafa.
Eu hesitei por um segundo, mas acabei pegando a garrafa.
— Obrigada — respondi, secamente, antes de me virar e seguir para o vestiário.
Ela tentou falar de novo, mas eu já estava me afastando. Não podia deixar que ela me distraísse. Não agora.
À noite, de volta ao hotel, Hayley, Tasha e Rachel estavam animadas com a vitória e com a festa da noite anterior. Eu fingi estar cansada e fui para o quarto mais cedo. Mas, enquanto me preparava para dormir, ouvi uma batida suave na porta.
— Quem é? — perguntei, já suspeitando.
— Sou eu — a voz de Casey veio baixa, quase um sussurro.
Eu respirei fundo, tentando me preparar para o que quer que ela fosse dizer.
— O que você quer, Casey? — perguntei, sem abrir a porta.
— Izzie, por favor. Preciso falar com você. Só por um minuto.
Eu hesitei. Sabia que abrir aquela porta seria um risco. Mas, no fundo, uma parte de mim ainda queria ouvir o que ela tinha a dizer.
— Um minuto — respondi, finalmente abrindo a porta.
Ela entrou no quarto, olhando ao redor como se estivesse tentando encontrar as palavras certas.
— Izzie, eu sei que eu estraguei tudo. Eu sei que fui uma idiota, e eu não mereço sua atenção. Mas eu preciso que você saiba que eu me arrependo. De tudo. Das coisas que eu disse, da forma como eu te tratei. Eu não quero perder você.
Eu olhei para ela, sentindo uma mistura de raiva e tristeza. Ela parecia sincera, mas eu não podia simplesmente esquecer tudo o que aconteceu.
— Casey, você não pode consertar tudo com um pedido de desculpas. Eu preciso focar nos jogos, na minha carreira. Não posso me dar ao luxo de me distrair de novo.
— Eu entendo, Izzie. Eu só... eu só queria que você soubesse que eu ainda me importo com você. E que eu estou aqui, se você precisar.
Eu respirei fundo, tentando manter a compostura.
— Obrigada, Casey. Mas eu preciso do meu momento, de espaço. Por favor.
Ela acenou com a cabeça, os olhos cheios de uma tristeza que eu não queria reconhecer.
— Tudo bem, Izzie. Boa sorte nos jogos.
Ela saiu do quarto, e eu fechei a porta atrás dela, sentindo um peso no peito. Sabia que tinha feito a coisa certa, mas isso não tornava as coisas mais fáceis.
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Até te encontrar - CAZZIE STORY
FanfictionIzzie está se mudando com sua família para Salt Lake City, uma cidade gelada e pouco povoada. Seus pais enfrentam problemas no casamento que Izzie está cansada de lidar. Seu irmão mais velho tem sido o seu melhor amigo pra tudo, desde sempre, e é co...