A luz suave do crepúsculo preenchia o quarto com um brilho dourado quando abri os olhos novamente. O diário de Seraphyna ainda estava na escrivaninha, onde eu havia deixado de forma bastante visível, meu semblante antes animado, agora estava sereno e focado, hoje iria fazer 1 mês desde que vim parar nesse mundo, eu estava perdendo tempo, e por mais que a ideia de me aproximar de Kaellius fizesse meu coração de fã disparar, eu sabia que precisava dar um passo de cada vez, o que demandaria bastante tempo, o que me estava claramente em falta. Respirei fundo passando a mão nos meus cabelos. Antes de qualquer aproximação, eu tinha uma vilã para reformar, não posso ficar trancada nem mais um dia nesse quarto. Levantei-me da cama com determinação renovada. Era hora de começar a traçar os próximos passos para reescrever meu destino.
Primeiro, precisaria conquistar a confiança de duas pessoas: o Grão-Duque e Kaellius. O primeiro seria mais fácil, já que ele era completamente devotado à sua filha. O segundo… bem, o príncipe herdeiro era um belo, belo desafio à parte. Passeando pelo quarto, minha mente fervilhava de ideias, uma mais maluca que a outra, eu tentava pensar em tudo que as personagens que reencarnavam em vilãs faziam, descartava as que com certeza me fariam ser presa ou decapitada. Enquanto pensava comecei a observar e avaliar melhor os luxos que antes me pareciam supérfluos, mas que agora seriam ferramentas valiosas. A reputação de Seraphyna ja estava em frangalhos desde o começo mesmo, mas isso também significa que havia muito espaço para reconstrução, mesmo que isso Beire quase ao impossível
— Preciso ser inteligente sobre isso
Caminhei até um dos armários e o abri, meu deus aquilo mais parecia um quarto secreto, havia milhares de roupas, joias, sapatos e entre outras coisas luxuosas relacionadas a moda, depois de alguns minutos boqueaberta com aquele "armário", caminhei para mais perto dos sapatos, e algo me chamou atenção, ao me abaixar encontrei uma caixa de cartas, todas seladas com brasões de diferentes famílias nobres. Seraphyna, ao que parecia, correspondia frequentemente outras damas da alta sociedade. Talvez ali estivessem as primeiras pistas para melhorar sua imagem. Peguei algumas cartas que pareciam recentes e as li rapidamente. A maioria era trivial, cheia de elogios falsos e fofocas. No entanto, uma chamou minha atenção. Era da senhorita Clarye Evenshire, uma jovem dama conhecida por ser uma das poucas que ainda mantinha algum respeito e admiração por Seraphyna, apesar da mesma sempre a menosprezar por sua baixa posição social
"Querida Saphyra,
Rezo para que fique bem e que se recupere rapidamente. Fiquei profundamente preocupada ao ouvir sobre seu acidente. Apesar das opiniões de algumas outras jovens damas descortês, eu sei que sua coragem é inigualável. Quem mais teria a audácia de cavalgar como você fez? Gostaria muito de visitá-la assim que me for permitido. Por favor, me informe se há algo que eu possa fazer por você. Rezo por sua recuperação
Com minha sinceridade e respeito,
Clarye Evenshire"
Coragem? Era a primeira vez que alguém atribuía uma qualidade positiva a Seraphyna em todo o decorrer da novel, sem ser o pai dela. Não pude evitar um sorriso e o brilho nos olhos ao ler aquilo. Lady Clarye poderia ser uma aliada crucial mesmo com seu baixo status.— Certo. Primeira etapa: ganhar aliados.
Minha mente já começava a traçar estratégias. Precisava de aliados jovens e bem relacionados para influenciar positivamente minha reputação. Convites sociais, pequenas alianças, e até atos calculados de generosidade ou boatos positivos seriam essenciais.
Meus pensamentos foram interrompidos por uma batida na porta de meu quarto. Imediatamente coloquei todas as cartas na caixa e a coloquei em seu lugar. Menos a da senhorita Evenshire. Levantei-me depressa e sentei na cadeira da escrivaninha.
— Entre.
Falei meio ofegante pela curta corrida. A mesma criada que antes fofocava junto as outras duas empregadas entrou, curvando-se, pude perceber que seu corpo tremia levemente em minha presença.
— S-Senhorita Seraphyna, perdão, o Grão-Duque pediu que se a senhorita estivesse se sentindo melhor, que eu a acompanhasse ao salão principal. Ele deseja tomar o café da manhã com a senhorita, mas pede que não se esforce tanto.
Meu coração disparou ainda mais com a ansiedade que acompanharam aquelas palavras. Não sabia se por nervosismo ou antecipação, mas sabia que essa era minha chance de reforçar meu relacionamento com o Grão-Duque e mostrar que eu estava bem e apta a voltar a sociedade.
— Estarei pronta em alguns minutos
Respondi levantando da cadeira de forma nervosa e sem saber como deveria me vestir ou o que deveria fazer, por um momento meu cérebro entrou em pânico. Mas assim que a criada saiu, varias outras entraram me ajudando a fazer minha higiene matinal e a me vestir de forma apropriada. Se eu fosse aparecer diante do Grão-Duque, precisava parecer saudável e bela, à altura de evocar a imagem de ser sua "joia mais valiosa". Escolhi um vestido leve e elegante em tons suaves de azul claro, adornado com leves bordados prateados que combinavam com meus cabelos . Era discreto, mas o suficiente para destacar minha beleza. Enquanto descia as escadas, as palavras da senhorita Clarye ecoavam na minha mente. “Coragem.” Seraphyna, ou melhor, eu, não seria mais uma vilã inútil e obcecada pelo Ml. Eu seria forte, esperta e determinada, e próxima do meu gatinho favorito. Ao entrar no salão, os olhos do Grão-Duque se voltaram para mim. Ele parecia cansado e tinha uma expressão preocupada, mas assim que me viu, seus olhos brilharam e sorriso caloroso e cheio de amor me acolheu como uma brisa suave.
— Minha pequena Saphyra, você está deslumbrante, parece estar se recuperando rapidamente.
Essas palavras pareciam mais direcionadas a ele mesmo do que a mim. Ele aos poucos apresentava uma expressão mais aliviada.
— Obrigada, pai — respondi, sentindo o peso da palavra em meus lábios. Ainda era estranho, mas reconfortante.
Sentei-me à mesa enquanto os criados começavam a me servir. Haviam vários doces e frutas que mais pareciam falsos que de verdade, meus olhos brilharam vendo aquela comida toda, eu estava me alimentando por um tipo de soro, ou algo assim, mas de frente aquela comida eu mal conseguia segurar a vontade de enfiar tudo na boca.
— Ja que esta tudo bem você pode comer uma coisa ou outra, mas não exagere querida.
Ele diz notando o brilho nos meus olhos para a comida e cedendo aos instintos de realizar meus desejos. Depois disso a conversa fluiu de forma estranhamente descontraída, mas eu sabia que precisava aproveitar a oportunidade, seria agora ou nunca
— Pai, eu estava pensando… talvez seja hora de eu voltar a sair, estou bem e adoraria voltar a sociedade.
Ele levantou uma sobrancelha, me obcervando enquanto eu tentava disfarçar comendo um pedaço de bolo de morango
— Uh. O que trouxe essa vontade toda de sair ? Seriam as compras? Posso providenciar para que todas as lojas venham e fiquem ao seu dispor
MEU DEUS, ESSE HOMEM FAZIA DA CASA DELE UM SHOPPING SO PELO DESEJO DA FILHA?
— Acho que meu acidente me fez perceber que preciso ser mais gentil com as pessoas ao meu redor. Quero ser alguém que possa ter muitos amigos que se preocupam comigo, ando me sentindo meio solitária....
O Grão-Duque parecia tocado pela fragilidade e solidão da filha. Ele se inclinou ligeiramente, seu olhar brilhando com algo que parecia ser esperança da filha finalmente melhorar seu comportamento e fazer mais amigas
— Se isso é o que deseja, então faremos acontecer minha querida.
Enquanto o grão duque parecia inerte em pura felicidade pela filha, eu comemorava mentalmente, era apenas o começo, mas, naquela manhã, ao sentir o apoio do Grão-Duque e planejar meu próximo movimento, uma coisa era clara: eu não seria mais a vilã destinada ao esquecimento. Eu seria a arquiteta do meu próprio destino.
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A vilã que ganhou o coração do império
FantasyApós sua morte trágica, Hannya reencarna no corpo de Seraphyna de Lys-Montclair, a vilã de uma novel que estava lendo antes de morrer e a filha do Grão-Duque mais poderoso do Império. Seraphyna, na história original, era obcecada pelo segundo prínci...