O baile foi um sucesso dentro das limitações que eu havia imaginado. Não esperava que a nobreza mais influente do império repentinamente esquecesse os anos de sua antiga reputação Seraphyna, mas pelo menos foi algo significativo para o primeiro passo rumo a mudança. Convidar Clarye e seus amigos jovens de famílias menores, mas decentes tinha sido uma estratégia arriscada, mas frutífera. Eles, ao menos, não carregavam preconceitos, magoa ou ressentimentos em excesso contra a verdadeira Seraphyna e pareciam genuinamente receptivos.
Sentei na penteadeira após a longa noite e dei um suspiro. Minha mente vagava pelos eventos da festa. A música, os risos, os sorrisos falsos dos nobres que tentavam medir minha repentina mudança. As conversas formais que conduzi cuidadosamente, sem tentar tropeçar em palavras ou deixar escapar qualquer fragilidade. Mas o que mais havia me incomodado não eram as interações casuais. Era o olhar do segundo príncipe.
O segundo príncipe, o mesmo que eu fiz questão de cumprimentar brevemente e depois evitar durante toda a noite, parecia desconfiado mas interessado. Ele me observou a noite toda, embora eu não saiba dizer o que se passava na mente dele. Estava intrigado? Cético? Ou simplesmente desconfortável com minha presença, como sempre esteve? De certo era um pensamento ruim, vindo de alguém como ele.
Soltei um suspiro pesado e me joguei na cama com os braços abertos enquanto encarava o teto.
— Estou tão cansada. Mas esse foi só o começo...
Meus olhos estavam começando a ficar pesados
— Eu causei um impacto, mas as coisas não vão mudar de uma hora para outra. Preciso de tempo. Preciso de aliados, e ... preciso de cuidado para... não dar um passo em falso, eu...
Meus olhos começaram a ficar tão pesados, que não resisti de fecha-los. O cansaço finalmente havia vencido, e acabei adormecendo.
No mundo nebuloso do sonho, havia me encontrado de volta a um baile. Mas não era o baile que eu havia organizado naquela noite. Era um dos muitos eventos do passado, uma lembrança enterrada da vida que não era exatamente minha. Depois de um tempo reconheci o salão das memórias de Seraphyna. O grande salão de espelhos do palácio imperial.
E Lá estava ela, vendo a antiga Seraphyna, a original. O vestido vermelho brilhante que a garota usava chamava atenção, assim como o sorriso que parecia faminto por algo, ou alguém. Os olhos dela estavam fixos em alguém... estavam fixos em Hadrien, que esta no centro do salão, rodeado por nobres sorridentes e ansiosos por sua atenção.
Eu a observava do sonho,como se me visse em terceira pessoa, senti uma pontada de vergonha ao perceber a intensidade com que a Seraphyna original olhava para o príncipe. Era uma obsessão sufocante com certeza, e o pior era que a verdadeira Seraphyna daquela época não percebia o quanto o segundo príncipe a desprezava. Mas eu via isso claramente.
Hadrien mantinha sua máscara perfeita, sorrindo e conversando educadamente como um protagonista perfeito. Quando Seraphyna se aproximou dele, segurando seu braço de forma possessiva, ele sutilmente deu um passo para trás, forçando-a a soltar o contato sem parecer rude para os outros ao redor.
— Seraphyna, que prazer tê-la aqui.
Ele fala com polidez ensaiada. Sua voz parecia gentil, mas suas palavras frias eram quase visíveis para mim
A antiga Seraphyna não percebia ou sentia o desprezo. Em vez disso, de alguma forma eu pude me sentir como ela estava se sentindo, seu coração disparou, acreditando que suas palavras eram genuínas.
"Ele está feliz em me ver"
Os pensamentos dela soavam alto em sua cabeça.
"Eu sabia que ele não consegue resistir a mim. Ele só precisa de mais tempo."
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A vilã que ganhou o coração do império
FantasiApós sua morte trágica, Hannya reencarna no corpo de Seraphyna de Lys-Montclair, a vilã de uma novel que estava lendo antes de morrer e a filha do Grão-Duque mais poderoso do Império. Seraphyna, na história original, era obcecada pelo segundo prínci...