14. Jantando fora

32 8 2
                                    

Uma das meninas que trabalha com ela precisou trocar de horário, o motivo não entendi muito bem, mas tem relação com a filha de quatro anos. Então ela terá que pegar mais cedo, por volta das oito horas e de certeza chegará mais cedo do que eu, então como tenho mais tempo em casa do que ela coloquei seu almoço enquanto ela terminava de se arrumar.

— Você....

— Seu almoço. - Lhe entreguei - E tem alga extra.

— Obrigada.

Ela ficou parada na minha frente, como se quisesse dizer algo e não soubesse, até que palavras saíram, mas senti que ainda não era o que gostaria de me dizer.

— Tenho que ir.

Se ela quisesse ir já estaria fora de casa, mas não moveu um único dedo para ir trabalhar. Ela queria algo antes de ir e esse algo estava em minha boca, mais precisamente na ponta dos meus lábios e da minha língua.

Era bom beijá-la logo pela manhã quando acordamos, durante o banho e logo depois do café, mas eu amava dois momentos específicos, quando ela chegava em casa e ia correndo me beijar e quando íamos trabalhar, aquele beijinho de despedida e boa sorte.

Hoje eu a beijei com mais gula, a beijei com vontade de prendê-la aqui em nossa casa. Não sei se é uma certa carência ou qualquer outra coisa, mas eu a queria por mais algum tempo. Jennie retribuiu meu beijo, segurando minha blusa com força. De certa forma eu sabia que ela não me largaria, então eu o fiz, a deixando livre e extasiada ali, levando alguns segundos para lidar com algo.

— Tá, agora posso ir.

Eu apenas ri de sua expressão, ela às vezes não sabia lidar com beijos intensos e repentinos, não logo pela manhã, por isso era sempre bom beijá-la nesse horário, quando sua mente não estava por ali.

....

Nossa rotina se resume a acordar, ir trabalhar e ficar de chamego no sofá ou na cama ou as vezes só capotamos, o que aconteceu apenas uma vez nessa semana.

— Porque nunca saímos? - A questionei quase na metade do filme, que já parecia chato.

— Você não gosta de pessoas e eu sou indecisa. - Não é que eu não goste de pessoas, só amo evitá-las. - Mas podemos tentar sair uma vez na semana.

— Porque não uma a cada duas semanas?

— Porque você precisa tomar ar e pegar sol.

Já pegou sol quando vou ao trabalho, então não era bem preciso, mas se ela acha que preciso de mais sol, então deve ter um motivo.

— O que vamos comer? - Perguntei, não tendo coragem alguma de preparar qualquer coisa para comermos.

— Estava pensando em pedir comida, porque aí ficamos mais um tempinho assim.

— Gostei dessa opção.

Ela me ajudou a decidir, entramos em alguns aplicativos e nada nos chamava atenção, nem mesmo a boa e velha pizza que na maioria das vezes recorremos para nos salvar estava parecendo boa.

Foi então que meu celular tocou, o que não costuma fazer em uma sexta a noite às oito horas, mas se a Lisa vê necessidade de ligar algo deve estar acontecendo.

— Oi.

— Já jantou?

— Ainda não.

— Ótimo, fiz comida, traz a Jennie.

Pensei em dizer que ficaremos ali hoje ou inventar uma desculpa esfarrapada de que pretendemos fazer algo, só que mais uma vez ela desligou na minha cara.

Por conveniência - Jensoo.Onde histórias criam vida. Descubra agora