Na terça nossas aulas voltam, então a verei menos do que gostaria, porque além do seu trabalho ela tem as aulas da faculdade e até que eu arrume um novo estágio terei mais tempo livre em casa, o que é meio ruim para quem está acostumada com uma rotina de faculdade e estágio.
Fui buscá-la hoje, eu precisava comprar algumas coisinhas e como ali é o lugar mais perto decidi fazer isso quando estivesse prestes a largar. Esse lugar é aberto vinte e quatro horas, então depois do seu turno tem mais outro até o dia seguinte.
Uma vez lhe perguntei se teria problema ir lá, o que escutei foi que se eu ousasse não pisar lá só porque ela está trabalhando, uma orelha seria arrancada e essa seria a minha.
— Nossa. - Panelas não precisaram ser abertas, só foi abrir a porta aquele cheiro inundou nossas narinas. - Não acredito que você fez.
Hoje mais cedo precisei passar perto do lugar que compro frutos do mar frescos e seria impossível esquecer dos seus abalones. Comprei alguns, o suficiente para ela comer hoje e em duas outras refeições.
Fiz o mingau que ela falou que amaria comer novamente e ver sua empolgação comendo aquilo compensou qualquer trabalho em lembrar da receita. Eu não fazia aquilo a um tempo, mas toda vez era como se fosse a primeira vez.
Não queria ter que assistir alguma coisa hoje, mas mesmo assim fomos para o sofá e a deixei por algo, porque só ficar na companhia dela era suficiente para mandar todo meu tédio para longe dali.
— Jisoo.
— Hum.
Ela pegou o controle que estava ao meu lado, parou o episódio da série e me olhou.
Aquilo parecia sério, sua postura e olhar mostravam isso e ela não tinha o costume de pausar coisas, costumávamos conversar mesmo com a televisão ligada.
Então...
Eu me sentei assim como ela fez, fiquei em sua frente e tentei não me preocupar muito.
— Estamos fazendo isso porque queremos ou por conveniência? - Conveniência?
— Conveniência?
— Sim, dividimos apartamento, em teoria estamos solteiras, apesar de que não nos desgrudamos desde que transamos pela segunda vez. Eu só não quero que isso aconteça porque estamos à mercê das possibilidades.
Ela estava confusa, estava insegura e não era só sua fala que mostrava isso, era seu jeito tenso, a forma com que me olhava e todos os detalhes que consegui captar.
— O que anda te confundindo, Jennie?
— O que tá me deixando confusa é que eu não sei o que fazer. Se devo procurar um lugar e também me inscrever para uma vaga nos dormitórios da universidade ou se devo ficar aqui.
— Por-porque acha que não é legal ficar aqui?
— Eu acho legal ficar aqui, são outros fatores.
— Não vejo problema em você permanecer aqui.
— Jisoo.
— Eu entendi o que quis dizer.
— Não quero que ache que só estou contigo por conta da casa, talvez se eu morar em outro lugar possamos evoluir mais nisso.
A ideia de deixá-la ir me irritava, eu não a quero em outra casa para podermos evoluir. Eu não a quero nem há dois metros ou duas ruas daqui. Preciso de Kim Jennie ao meu lado e só de pensar em perdê-la minha cabeça dói.
— Você vai permanecer aqui e vamos evoluir nossa relação com você morando comigo, nunca achei que você era interesseira, se não desde o início teríamos dormido juntas e hoje eu agradeço aquele bendito vinho por ter feito isso acontecer. E também aos seus pais, porque eu dificilmente teria coragem de falar alguma coisa depois que você voltasse.
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Por conveniência - Jensoo.
RomanceSe apaixonar não estava em seus planos, muito menos morar com ela, se dando de bandeja a alguém que pouco viu e que a única intimidade que tinham se resumia a uma única noite em um quarto, sabendo apenas o nome uma da outra.