10. Empregos

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A fila não estava do lado de fora quando cheguei ao banco, faltava apenas uma pessoa para isso e se eu tivesse demorado mais alguns minutos isso se realizaria, pois a pessoa seguinte acabou ficando embaixo do sol e sorte a dela ter trazido sombrinha e sorte a minha ter ficado aqui dentro, caso contrário o bronze seria garantido hoje.

É extremamente chato resolver coisas no banco, seja aqui ou em Londres. Lembro claramente quando tentei abrir uma lá, conseguir eu consegui, mas após duas incansáveis semanas. Eu precisava provar de alguma forma que tinha descendência britânica, logo precisei ir em busca disso, o que demorou uma semana inteira para os papéis ficarem prontos. Depois de algo com o meu nome no país e diversas cópias de coisas que fazem e não fazem sentido. O fato é que eu nem mesmo pretendia provar minha dupla cidadania um dia, mas por conta disso fui obrigada e mesmo sendo algo que não uso, ter dupla cidadania me causa certos constrangimento quando as autoridades pedem meus documentos. Às vezes querem testar seu inglês comigo, sendo que isso já é um dos meus maiores desafios. Certo, sou fluente, leio coisas em inglês, prático na faculdade com alguns livros e principalmente no antigo estádio, mas minha pronúncia é meio enrolada, logo detesto falar.

Eu só queria estar em casa hoje e se fosse possível teria pagado a alguém para resolver isso em meu lugar, mas precisam da minha assinatura e apesar de saber quem exatamente poderia burlar minha assinatura, iriamos presas por tal coisa.

Perto das duas da tarde, fui liberada desse castigo e com isso veio uma fome de outro mundo. Se estivesse ao menos perto de casa eu poderia chamá-la para almoçar comigo, mas tive que vir à cidade vizinha e com isso só umas duas horas até lá. Mas nada me impede de chamá-la para jantar, sair dessa rotina de só comer em casa e quem sabe fazer algo diferente.

Quando peguei meu celular para lhe mandar uma mensagem, percebi que ela estava ligando e por sorte foi a primeira ligação, que obviamente não seria escutada por meu celular estar silencioso desde quando saí de casa.

— Ei - Falei primeiro.

Oi.

— Eu estava pensando em te ligar, mas pelo visto você fez isso primeiro.

Acho que estávamos lendo os pensamentos uma da outra. Pode falar agora?

— Sim, posso falar.

Depois que terminei as coisas em casa fui fazer o que te disse ontem e adivinha, arrumei um emprego. - Não tinha como estar menos surpresa.

— Um emprego?

Sim, um emprego, é de meio período, mas já conta, falei com o dono sobre a faculdade e ele entendeu completamente, me dando horários acessíveis quando as aulas voltarem. É só durante a semana e vou trabalhar por hora, então vai compensar.

Pude sentir sua euforia em cada uma daquelas palavras, em cada uma delas e então me dei conta que também estava feliz, que havia sido inundada por tudo aquilo e não havia sentimento melhor que esse.

— Isso merece comemoração. - Falei.

Sim, por isso comprei duas garrafas de vinho, não se atrase para o jantar.

— Certo.

Sobre o que você queria falar?

— Eu ia te chamar para jantar fora, mas deixamos para outro dia, comemos hoje em casa e bebemos essas duas garrafas de vinho.

Ela não demorou muito para desligar, contou mais algumas coisas, exceto o que vai fazer e onde vai trabalhar, mas aquilo com toda certeza eu descobriria depois, o importante mesmo era saber que ela tinha saído daquele estado de decepção estava mais do que óbvio que isso havia acontecido.

Por conveniência - Jensoo.Onde histórias criam vida. Descubra agora