𝔒 som de passos firmes ressoava pelas ruas estreitas de Birmingham enquanto Thomas Shelby avançava em direção a um dos poucos lugares na cidade que ele ainda não tinha reivindicado para os negócios da família. O cheiro metálico do ar, misturado à fuligem das fábricas, era abafado por um aroma inesperado: flores frescas. Thomas franziu a testa. Quem, em pleno coração de Small Heath, teria a ousadia de abrir uma floricultura?
O letreiro da loja, delicadamente pintado à mão, dizia "Fleurs de Lumière". Thomas empurrou a porta de vidro com força suficiente para fazer o sino acima dela tilintar com urgência.
- Bom dia! - uma voz suave, doce e melodiosa ecoou pelo pequeno espaço.
Thomas ergueu os olhos para a figura que emergia de trás do balcão. Alex Dupont era como nada que Thomas já tivesse visto antes. Pequeno, com o corpo bonito esguio, com um rosto delicado emoldurado por cabelos bem arrumados, ele parecia deslocado ali, como uma pintura de um museu parisiense em meio ao caos de Birmingham.
- Você deve ser o senhor Shelby - disse Alex, com um leve sorriso.
Thomas ficou surpreso por ter sido reconhecido pelo jovem, mas não demonstrou. Ele acendeu um cigarro com calma, sem desviar o olhar.
- E você é?
- Alex Dupont. O dono. - Ele gesticulou em volta, indicando a pequena loja que transbordava de cores e fragrâncias suaves. - Bem-vindo. - sorriu.
Thomas soltou uma risada baixa e seca.
- Não esperava ver flores aqui. Isso não parece... um negócio próspero.
Alex inclinou a cabeça, sem se deixar intimidar.
- Nem todos os negócios têm que ser lucrativos imediatamente, senhor Shelby. Alguns são apenas para trazer beleza.
Thomas deu um passo à frente, observando os arranjos ao redor. Eram impecáveis, cada detalhe perfeitamente equilibrado. Ele pegou uma rosa delicadamente, segurando-a entre os dedos calejados.
- Beleza, hein? Não vai durar muito tempo por aqui.
Alex ergueu uma sobrancelha, mas manteve o tom polido.
- Isso depende de quem frequenta o lugar, não?
Thomas inclinou a cabeça, intrigado com a audácia discreta do jovem. Ele não estava acostumado a pessoas que o enfrentassem, ainda mais de maneira tão gentil.
- Por que Birmingham? - perguntou Thomas, mudando de assunto enquanto dava uma última tragada em seu cigarro antes de apagá-lo em um cinzeiro decorado com motivos florais.
Alex hesitou por um momento, suas mãos finas ajustando um arranjo próximo.
- Porque aqui... precisa de cor. De algo que não seja... - ele gesticulou vagamente para fora da janela, onde a fumaça das chaminés manchava o céu. - ...isso.
Thomas riu novamente, mas desta vez havia um tom genuíno. Ele gostava da convicção de Alex, mesmo que achasse ingênua.
- Bem, senhor Dupont, digamos que esse bairro não é muito receptivo a coisas bonitas.
- Talvez eu devesse estar mais preocupado com quem controla o bairro do que com as flores, então.
Thomas deu mais um passo em direção ao balcão, agora de frente para Alex. Havia algo cativante na maneira como ele se mantinha firme, mesmo sendo tão pequeno e aparentemente frágil.
- Talvez devesse mesmo - respondeu Thomas, sua voz baixa, quase um sussurro.
Por um momento, o silêncio pairou entre os dois, interrompido apenas pelo farfalhar das flores na brisa que entrava pela porta aberta.
- E você está aqui para me alertar ou para me expulsar, senhor Shelby? - Alex perguntou, com um leve sorriso nos lábios, como se estivesse desafiando Thomas de propósito.
Thomas inclinou-se ligeiramente, seu rosto próximo o suficiente para ver o leve rubor que subia pelas bochechas de Alex.
- Ainda estou decidindo.
Antes que Alex pudesse responder, o sino da porta tocou novamente, e dois homens mal-encarados entraram. Thomas reconheceu-os de imediato - eram homens de um dos rivais que ele havia desbancado recentemente.
- Olha só, Shelby e... - o homem fez uma pausa, observando Alex com um sorriso cínico. - Uma boneca de porcelana.
Thomas estreitou os olhos, colocando-se de forma instintiva entre Alex e os intrusos.
- Cuidado com a língua - rosnou Thomas, sua voz carregada de ameaça.
Alex, por sua vez, se encolheu levemente, mas não fugiu. Ele observava a cena com o coração acelerado, percebendo que aquele homem perigoso que havia entrado em sua loja para questioná-lo agora o estava protegendo.
Os dois homens não recuaram de imediato, mas a presença imponente de Thomas e o nome Shelby foram suficientes para fazê-los reconsiderar.
- Estamos de saída - disseram, com falsa despreocupação, antes de se retirarem.
Thomas virou-se para Alex, que estava parado com as mãos cruzadas nervosamente em frente ao corpo.
- Bem-vindo a Small Heath - murmurou Thomas, ajeitando o chapéu.
Alex tentou sorrir, mas ainda estava um pouco abalado.
- Suponho que vou precisar de mais do que flores para lidar com isso.
Thomas deu uma última olhada para Alex antes de se dirigir à porta.
- Talvez precise de mim.
E com isso, ele saiu, deixando Alex com o coração acelerado e uma estranha sensação de que aquela não seria a última vez que veria Thomas Shelby em sua loja.
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ᶦⁿˢᵗᵃᵍʳᵃᵐ: @me_d0minick
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Entre Flores E Balas - THOMAS SHELBY × OC MASC
Fanfiction𝔈m uma Birmingham marcada pela violência, 𝓐𝓵𝓮𝔁 𝓓𝓾𝓹𝓸𝓷𝓽 é um florista com um coração delicado, oferecendo refúgio e beleza em sua loja no centro da cidade. Quando 𝓣𝓱𝓸𝓶𝓪𝓼 𝓢𝓱𝓮𝓵𝓫𝔂, um homem imerso em um mundo sombrio e violento, c...