𝔄 manhã seguinte chegou com o som dos sinos da igreja ecoando ao longe. Alex despertou lentamente, a luz fraca entrando pelas frestas das cortinas de seu pequeno quarto. Ele ainda sentia o peso dos acontecimentos do dia anterior, mas também uma calma que não sabia nomear.
O colar estava ali, descansando em seu peito. Ele o segurou por um instante, a frieza do metal contrastando com a suavidade de sua pele. O gesto o fez lembrar de Thomas. A maneira como ele colocou o colar, como suas mãos fortes e firmes tinham sido delicadas naquele momento...
Um rubor subiu ao rosto de Alex, e ele sacudiu a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos. “Concentre-se”, murmurou para si mesmo, enquanto se levantava para começar o dia.
No Garrison, Thomas já estava de pé há horas, revisando documentos e lidando com problemas que nunca pareciam ter fim. Arthur estava ao seu lado, os olhos cansados refletindo o peso da noite anterior.
— Precisa de um descanso, Tommy — resmungou Arthur, jogando-se em uma cadeira próxima.
Thomas apenas balançou a cabeça, tragando seu cigarro antes de responder.
— Não há tempo para isso, Arthur. Ainda temos problemas com os fornecedores.
Arthur bufou, mas sabia que era inútil insistir. No entanto, ele percebeu algo diferente em seu irmão. Havia uma leveza sutil em seu olhar, algo que raramente via.
— E o que te deixou tão calmo hoje? — perguntou Arthur, com um sorriso malicioso. — Não me diga que tem a ver com aquele rapaz da floricultura.
Thomas lançou-lhe um olhar cortante, mas não negou.
— Ele tem algo, Arthur. Algo que eu não posso ignorar.
Arthur soltou uma risada baixa, acenando com a cabeça.
— Só não vá deixar isso te distrair.
Thomas apenas assentiu, voltando sua atenção para os papéis à sua frente. Mas ele sabia que já estava distraído. Alex ocupava mais espaço em sua mente do que ele gostaria de admitir.
Alex chegou à floricultura mais cedo do que o habitual, mas mal teve tempo de organizar as flores antes que a porta se abrisse. Ele levantou os olhos, esperando um cliente, mas seu coração disparou ao ver Thomas entrando.
Ele estava impecável, como sempre, com o casaco escuro caindo perfeitamente sobre seus ombros. Seu olhar encontrou o de Alex imediatamente, e ele esboçou um leve sorriso antes de se aproximar do balcão.
— Bom dia, Dupont.
— Thomas? O que você está fazendo aqui tão cedo?
Thomas apoiou as mãos no balcão, seu olhar firme, mas com um toque de suavidade.
— Queria ver como você está.
Alex piscou, surpreso.
— Eu... estou bem. Por que não estaria?
Thomas inclinou a cabeça, analisando-o como se tentasse ler algo além das palavras.
— Porque as ruas podem ser perigosas. E porque eu me preocupo.
O coração de Alex deu um salto. Ele sabia que Thomas era direto, mas ouvir aquilo tão claramente ainda o pegava desprevenido.
— Eu não sou tão frágil quanto pareço, Thomas — respondeu Alex, sua voz baixa, mas firme.
Thomas ergueu uma sobrancelha, como se quisesse testar essa afirmação.
— Não estou dizendo que é. Mas isso não vai me impedir de querer te proteger.
Houve um momento de silêncio entre eles, carregado de algo que Alex não conseguia nomear.
— Você sempre faz isso? — perguntou Alex, quebrando o silêncio. — Sempre cuida das pessoas desse jeito?
Thomas deu uma risada baixa, mas havia algo melancólico nela.
— Não. Nem sempre.
Alex sentiu um aperto no peito ao ouvir aquilo. Ele não sabia exatamente o que significava, mas sentia que havia mais no coração de Thomas Shelby do que ele deixava transparecer.
— Bom... obrigado — disse Alex, finalmente. — Por se preocupar.
Thomas inclinou-se levemente sobre o balcão, seu olhar tão intenso que Alex sentiu como se estivesse sendo desnudado.
— Não precisa me agradecer, Alex. Apenas me deixe fazer isso.
Alex não respondeu. Ele apenas assentiu, sentindo o calor subir por seu rosto novamente.
Thomas ficou mais alguns minutos, conversando casualmente sobre o dia, antes de se despedir e sair. Mas mesmo depois que ele se foi, Alex não conseguia parar de pensar nele.
Horas depois, enquanto fechava a floricultura, Alex ouviu passos na rua escura. Seu coração disparou por um momento, mas ele relaxou ao ver Thomas parado na esquina, fumando um cigarro.
— Está me seguindo agora? — perguntou Alex, sorrindo de leve enquanto se aproximava.
Thomas jogou o cigarro no chão, esmagando-o com o sapato antes de responder.
— Apenas garantindo que você chegue em casa em segurança.
Alex não pôde deixar de sorrir.
— Você é impossível.
Thomas deu de ombros, os dois começando a caminhar lado a lado pelas ruas de Small Heath.
— Talvez. Mas você não parece se importar tanto assim.
Alex riu, balançando a cabeça. E enquanto eles caminhavam juntos, ele começou a perceber que talvez não se importasse mesmo. Talvez, pela primeira vez, ele estivesse disposto a deixar alguém entrar.
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ᶦⁿˢᵗᵃᵍʳᵃᵐ: @me_d0minick
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Entre Flores E Balas - THOMAS SHELBY × OC MASC
Fanfiction𝔈m uma Birmingham marcada pela violência, 𝓐𝓵𝓮𝔁 𝓓𝓾𝓹𝓸𝓷𝓽 é um florista com um coração delicado, oferecendo refúgio e beleza em sua loja no centro da cidade. Quando 𝓣𝓱𝓸𝓶𝓪𝓼 𝓢𝓱𝓮𝓵𝓫𝔂, um homem imerso em um mundo sombrio e violento, c...