𝔒 silêncio que se formou entre Alex e Thomas enquanto caminhavam pelas ruas de Small Heath não era desconfortável. Pelo contrário, era carregado de uma espécie de cumplicidade que Alex não sabia ao certo de onde vinha.
Thomas parecia sempre saber exatamente onde pisar, como um predador calculando cada movimento, mas ao seu lado, Alex não sentia medo. Era como se aquele homem carregasse o peso do mundo, mas estivesse disposto a dividi-lo - mesmo que apenas um pouco - com ele.
- É estranho - murmurou Alex, finalmente quebrando o silêncio.
Thomas virou o rosto levemente para ele, as sombras da noite dançando em suas feições.
- O que é estranho?
- Você. Isso tudo. - Alex gesticulou de maneira vaga, apontando para Thomas e para a noite ao redor deles. - Não sei por que você se importa tanto.
Thomas parou de caminhar, o que fez Alex dar alguns passos à frente antes de perceber. Ele virou-se para encará-lo, e o olhar de Thomas era tão penetrante quanto sempre.
- Talvez você precise parar de tentar entender tudo, Alex - disse Thomas, sua voz baixa, mas firme. - Algumas coisas não têm explicação. Elas simplesmente são.
Alex ficou em silêncio, mordendo levemente o lábio enquanto processava aquelas palavras. Ele queria entender, queria saber por que Thomas Shelby, o homem mais temido de Birmingham, estava tão investido nele. Mas talvez Thomas tivesse razão.
- Você é... complicado, Shelby - respondeu Alex, finalmente, sua voz contendo uma leve provocação.
Thomas sorriu de canto, aquele sorriso que era mais uma sugestão do que uma expressão completa.
- E você, Alex Dupont, é mais forte do que pensa.
Alex sentiu o calor subir ao rosto novamente e desviou o olhar, continuando a caminhar. Thomas o acompanhou, seus passos silenciosos ao lado de Alex.
Quando chegaram à pensão de Alex, ele parou em frente à porta e virou-se para Thomas.
- Bem, esta é minha parada. Obrigado pela escolta.
Thomas deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles.
- Só faço isso porque quero. Não porque você precisa.
As palavras pairaram no ar entre eles, carregadas de um significado que Alex não sabia como responder. Ele olhou para Thomas, seus olhos procurando algo naquele rosto forte e enigmático.
- Boa noite, Thomas - disse Alex, sua voz mais baixa agora.
Thomas inclinou levemente a cabeça, como se considerasse dizer algo mais, mas apenas respondeu:
- Boa noite, Alex.
E com isso, ele se virou e desapareceu na escuridão das ruas, deixando Alex parado ali, sentindo-se estranhamente vazio sem a presença dele.
A noite foi inquieta para Alex. Ele sonhou com os olhos de Thomas, com a maneira como ele o olhava, como se pudesse ver cada parte dele. Quando acordou, a luz da manhã invadia o quarto, mas o peso dos sonhos ainda estava presente.
Ao chegar à floricultura, Alex encontrou um pequeno envelope deixado na porta. Ele olhou ao redor, mas não havia ninguém por perto. Com curiosidade, abriu o envelope e encontrou uma única mensagem escrita em uma caligrafia firme e elegante:
"ℭ𝔬𝔫𝔣𝔦𝔢 𝔢𝔪 𝔪𝔦𝔪. - 𝔗"
Alex segurou o bilhete, sentindo o coração acelerar. Thomas tinha uma maneira única de entrar em sua vida, de se infiltrar em seus pensamentos sem pedir permissão.
Ele guardou o bilhete no bolso e começou a organizar as flores, mas sua mente estava longe dali.
No escritório dos Shelby, Thomas estava mergulhado em seus papéis, mas sua mente também vagava. Ele se perguntava se Alex tinha encontrado o bilhete, se tinha entendido o que ele queria dizer.
Arthur entrou na sala, trazendo notícias sobre os negócios, mas percebeu o olhar distante do irmão.
- Tommy, está me ouvindo?
Thomas levantou os olhos, piscando lentamente.
- Sim, Arthur. Continue.
Arthur estreitou os olhos, mas não insistiu. Ele sabia que algo - ou alguém - estava distraindo Thomas, mas também sabia que seu irmão não era homem de admitir isso tão facilmente.
À noite, enquanto Alex fechava a floricultura, ele ouviu novamente os passos na rua. Desta vez, não se assustou. Virou-se e viu Thomas parado ali, com as mãos nos bolsos e o olhar fixo nele.
- Boa noite - disse Alex, sorrindo de leve.
- Boa noite.
Thomas deu um passo à frente, a luz fraca iluminando parcialmente seu rosto.
- Posso te acompanhar de novo?
Alex hesitou por um instante, mas acabou assentindo.
- Claro.
E mais uma vez, eles caminharam juntos pelas ruas de Small Heath, o silêncio entre eles dizendo mais do que palavras poderiam.
Enquanto andavam, Alex sentiu uma coragem que não sabia que tinha. Ele parou de repente, virando-se para Thomas.
- Por que está fazendo isso?
Thomas também parou, erguendo uma sobrancelha.
- Fazendo o quê?
- Isso. Cuidando de mim, aparecendo do nada. Por quê?
Thomas ficou em silêncio por um momento, antes de responder.
- Porque você merece, Alex.
Alex ficou sem palavras, sentindo os olhos arderem levemente. Ninguém nunca tinha dito isso a ele antes.
Thomas deu mais um passo à frente, diminuindo a distância entre eles.
- Agora vamos. Não quero que você pegue frio.
Alex riu baixinho, limpando os olhos rapidamente antes de continuar a caminhada. E naquela noite, pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu que talvez não estivesse tão sozinho quanto pensava.
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ᶦⁿˢᵗᵃᵍʳᵃᵐ: @me_d0minick
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Entre Flores E Balas - THOMAS SHELBY × OC MASC
Fanfiction𝔈m uma Birmingham marcada pela violência, 𝓐𝓵𝓮𝔁 𝓓𝓾𝓹𝓸𝓷𝓽 é um florista com um coração delicado, oferecendo refúgio e beleza em sua loja no centro da cidade. Quando 𝓣𝓱𝓸𝓶𝓪𝓼 𝓢𝓱𝓮𝓵𝓫𝔂, um homem imerso em um mundo sombrio e violento, c...