13.

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Quando Valerie deu por si, estava já de volta ao hospital psiquiátrico. Vários suspiros eram expelidos por entre os seus lábios, ela só queria ver-se livre de tudo isto. Os seus pais tinham pensado que a estavam a ajudar ao coloca-la neste lugar, mas eles estavam completamente enganados: o facto de ela estar aqui, só a fazia ficar muito pior do que ela já estava anteriormente. A vontade que ela tinha de acabar com a sua vida, agora era algo que ela queria ainda mais.

A primeira pessoa que ela viu, para além das enfermeiras que a acompanhavam, foi Ashton. O rapaz estava junto à porta do quarto dela, com um ar cansado e uma expressão de preocupação presente no seu rosto. Valerie não achou assim tão estranho vê-lo ali, o rapaz parecia estar sempre onde ela estava e talvez estivesse verdadeiramente preocupado com ela. Afinal, ela era a única pessoa que ele conhecia ali dentro, e vice-versa. Por mais que Valerie quisesse manter todas as pessoas afastadas de si, neste momento ela não queria saber disso para nada. A verdade era que lhe sabia bem ver um rosto conhecido, no meio de todas aquelas pessoas que se limitavam a dizer-lhe o que fazer a seguir.

Uma das enfermeiras olhou para Ashton, como que a adverti-lo para ele ir embora dali, contudo os pés do rapaz não se mexeram, e Valerie deu por si a ter vontade de sorrir.

Os seus pés avançavam de forma lenta pelo pavimento, apesar de ela já se estar a sentir muito melhor. Assim que entrou no seu quarto, deixou de imediato que o seu corpo se sentasse sobre a cama, tentava prestar atenção ao que as enfermeiras lhe diziam, mas era difícil para ela ouvir palavras que não lhe interessavam para nada. Apenas queria que elas se fossem embora.

Assim que, por fim, as duas enfermeiras saíram do seu quarto, Valerie deu por si a suspirar de alívio. Estava cansada de ter sempre alguém à sua volta, sentia até falta da sua privacidade, coisa que era difícil ter ali dentro, contudo, estes momentos em que podia ficar sozinha no quarto eram já muito bons.

A sua solidão não durou muito tempo, visto que uns dois minutos mais tarde, a porta do seu quarto se abriu e os seus olhos foram de encontro a Ashton.

- Estava a ver que elas nunca mais iam embora. - resmungou ele, depois de fechar a porta atrás de si. A sua expressão de irritação, foi substituída por um sorriso que se desenhou nos seus lábios.

- Acho que não era suposto estares aqui. - disse Valerie.

Ashton limitou-se a encolher os ombros ao mesmo tempo que avançava pelo quarto. - Como estás? - ele perguntou, encarando a rapariga que se encontrava à sua frente. Ela parecia estar com bom aspeto, porém, o nosso estado exterior nem sempre mostrava como nós estávamos interiormente. E ele era uma prova viva disso mesmo.

Ela encolheu os ombros, desviando por momentos os seus olhos dos olhos verdes do rapaz. - Estou bem, acho eu.

- De certeza? - ele questionou, como se quisesse confirmar aquilo.

- Sim Ashton. - ela deixou que um pequeno sorriso confirma-se aquilo que dizia.
- Sabes, senti a tua falta por aqui. - disse Ashton logo de seguida. - Estar aqui é tão chato, mas ainda mais quando me sinto completamente sozinho. - ele encolheu os ombros de seguida e sentou-se numa beira daquela cama. Valerie estava igualmente sentada na cama, como os olhos sobre ele e demasiado silenciosa. - Devias mesmo parar com isso de te tentares matar. - ele disse, já a preparar-se para a ouvir protestar, contudo, isso não aconteceu, e a rapariga loira apenas se limitou a baixar o olhar. - Depois quem é que me vai aturar? - ele acrescentou, numa tentativa de aligeirar o ambiente que começava a tornar-se pesado.

- Ashton...

- Não, não digas nada. - ele interrompeu-a. - Já sei o que vais dizer e com certeza é algo que eu não quero ouvir. Mas apenas ouve aquilo que eu te digo Valerie. Entendo que o que estás a passar seja demasiado horrível, mas tens de pensar que há pessoas no mundo que estão numa situação muito pior do que a tua e não é por isso que elas baixam os braços e desistem. Tu estás viva, tens toda uma vida pela frente, apesar de que agora que estás aqui isso não pareça algo assim tão positivo. Mas eu também estou aqui, a lamentar-me mentalmente pela porcaria que é a minha vida, mas não é por isso que vou desistir. Já me aconteceram muitas coisas más, algumas que me fizeram desejar estar morto, mas ainda aqui estou. - ele encolheu os ombros e voltou a sorrir, um sorriso de encorajamento que era destinado a Valerie. Ele aproximou-se um pouco mais dela, e as suas mãos foram parar ao rosto da rapariga. Ele colocou ambas as mãos, uma em cada lado do seu rosto, fazendo-a dessa forma olhar para ele. - Pensa positivo, pensa que as coisas más não duram para sempre.- ele falou, num tom de voz mais baixo do que o normal. - Só precisas de algo que te faça perceber que a vida vale a pena. - algo atravessou os pensamentos de Ashton, porém, ele não teve tempo de os transformar em atos, visto que parecia que Valerie lhe tinha lido os pensamentos. Os lábios dela embateram nos dele de forma repentina, tão repentina e inesperadamente que Ashton nem sequer soube como reagir.

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