Doces Óculos; jjk+pjm.

12.

Esse capítulo é pessoal e especial pra mim, dito isso, espero que gostem. Eu chorei para conseguir escrevê-lo.

Perdão pelo atraso de um dia, aliás. Quem me acompanha no mural sabe o porquê.

A capa nova foi feita pela BiscoTinhk, inclusive. Boa leitura.

JM.

Eu me questiono muito o porquê das coisas darem errado comigo, mas agora, me pego questionando a mim mesmo como diabos as coisas estão dando certo.

Tem um homem na minha casa. Um homem gentil, cuidadoso e ridiculamente atraente.

Ele não parece se incomodar com o carro amassado, a janela trincada ou o sangue que caiu como chuva de domingo por sua pele. Seus olhos pretos e vibrantes continuaram me avistando de forma intensiva o tempo todo, do momento em que chegamos em casa até eu subir para preparar o seu banho, e de quando comemos a torta em diante.

Por suas roupas de marca e carro importado, eu sei que o médico é bem afortunado em riquezas, mas quando eu me sentei no carpete para comer, ele não tardou em se posicionar ao meu lado.

Ele disse que sente apreço por mim, que me protegeu porque quis. O quão estranho é isso? Eu estou sendo o alvo do interesse de alguém? Não algo brutal, mas sim... gentil?

Eu não quero que ele vá embora, por isso que olhei para trás antes de subir as escadas. Eu não quero que ele me deixe sozinho de novo, e por isso não o deixei sair de casa até ter comido algo. Até me entristeci ao ver que já havia acabado a pequena refeição.

O quão estúpido eu sou por me apegar ao carinho dócil que ele me oferta? Cada vez que ele acaricia meu cabelo, é como se o arrepio do inferno subisse por minhas entranhas e as cores se tornassem vivas. É isso o que acontece quando eu peço por seu abraço. Sequer sei de onde veio coragem para fazer tal coisa.

Ele me ergue do chão sem problemas, e como se fossemos o encaixe de uma peça perdida no inferno, nos conectamos. O calor e o frio de nossas peles estabilizam um ao outro, e os suspiros que solto não são apenas de prazer, mas sim de saudade. É como se eu encontrasse aquilo que tanto busquei, mas nunca soube o que é.

Algo se revira em mim quando tenho seus olhos nos meus, e com sua pele sugando meu calor, sei que, de alguma forma, seu corpo também chama por mim. É um magnetismo intrínseco que me apavora.

Coisas ruins acontecem comigo. Eu já me acostumei com isso há muito tempo. E agora? Como alguém pode voluntariamente ficar na minha bagunça, quando nem eu consigo me organizar dentro dela? Como eu posso tentar ser bom para alguém se há um monstro dentro de mim que rasteja sob a pele?

Eu não sou um santo, mas se for preciso me tornar um para manter seus olhos em mim, eu posso fazê-lo. Se você não se importa com meu caos, talvez eu possa tentar me manter longe dele por você.

O quão estúpido eu sou por me apegar ao carinho que eu quero te dar?

Nosso contato se finda após um bom período do abraço apertado. Ele está a um passo de mim, mas eu ainda sinto seus dígitos apertando minha derme, como se agora fizessem parte de mim.

- Eu... Am... Te vejo segunda? - pergunto ao passar meus cabelos longos para trás.

Meu corpo, que geralmente é mais quente que o normal, está pelando agora que tomo consciência do que fiz. De tudo o que fiz hoje.